A notícia é triste, mas proporcionou um certo alívio a uma família de Morro da Água Quente, distrito da cidade colonial de Catas Altas, a 120 quilômetros de Belo Horizonte. É lá que morava Aílton Martins dos Santos, morto na tarde de 5 de novembro de 2015, quando a Barragem do Fundão se rompeu, na área rural de Mariana, no maior desastre socioambiental do Brasil.
Os parentes aguardaram quatro meses para sepultar, dignamente, o homem que ganhava a vida como motorista de caminhão-pipa no complexo de minas da Samarco, na área rural de Mariana. O corpo de Aílton foi o 18º localizado. Ainda falta encontrar os restos mortais de Edmirson José Pessoa, que tinha 48 anos. Ele também trabalhava na represa de Fundão e morava no município histórico de Santa Bárbara.
A equipe de resgate se deparou com o corpo de Aílton no início da tarde de ontem, numa área conhecida como Tomada d’Água, a 800 metros de Fundão e dentro do complexo de minas da mineradora. Os restos mortais estavam na boleia do caminhão que ele dirigia. A cabine, retorcida e soterrada por grande quantidade de rejeitos de minério de ferro, foi retirada de lá por uma máquina pesada.
“Agora vamos poder sepultá-lo”, disse, vagarosamente, a secretária escolar Dayane Pereira Magalhães, nora da vítima. A família soube que o corpo havia sido encontrado no início da tarde e fez o reconhecimento à noite, por meio de sinais como uma cicatriz, cabelo e roupas. Antes, por volta das 18h, os parentes foram comunicados pelo Corpo de Bombeiros de que os documentos do motorista estavam junto aos restos mortais.
Foi naquele momento que as lembranças do desastre voltaram com maior intensidade à memória dos parentes. Aílton era funcionário da Integral Engenharia, prestadora de serviço da Samarco, controlada pela brasileira Vale e a anglo-australiana BHP Billiton. Havia sido contratado em 8 de outubro. Encontrou a morte menos de um mês depois de comemorar a carteira de trabalho assinada.
O motorista era casado com dona Mirtes havia 34 anos. Querido no povoado em que morava, a 40 quilômetros de Mariana, deixou dois filhos e uma filha. Um dos rapazes é casado com Dayane, a secretária escolar: “É triste, mas, ao mesmo tempo, o sofrimento (à procura dos restos mortais) acabou”.
Nos primeiros dias depois do rompimento da barragem, a família teve esperança de encontrá-lo vivo. À época, Emerson, um dos filhos, não descartou a possibilidade de localizar o pai perdido na mata próxima à barragem, apesar de testemunhas que escaparam da tragédia terem dito que viram o caminhão-pipa ser arrastado pela avalanche de lama.
HOMICÍDIOS Agora, o desafio da equipe de resgate é encontrar o último corpo, de Edmirson José Pessoa. Era o único funcionário da Samarco. Das outras 18 vítimas identificadas, 13 trabalhavam em empresas que prestam serviço à mineradora e cinco moravam em Bento Rodrigues, o primeiro povoado destruído pelo estouro de Fundão. Desses, dois eram crianças: Emanuelle, de 5, e Thiago, de 7.
A Polícia Civil ainda apura a informação de que uma grávida teria sido vítima de um aborto durante a fuga de Bento Rodrigues. A maioria dos moradores deixou o local, às pressas, apenas com as roupas do corpo. Até agora, o delegado Rodrigo Bustamante, responsável pelo caso, indiciou sete pessoas por 19 homicídios qualificados.
Uma delas é Ricardo Vescovi, presidente licenciado da Samarco. Os demais são diretores, gerentes ou coordenadores da mineradora ou da VogBR, que fez a declaração de estabilidade da barragem.
O inquérito, que tem 13 volumes e mais de 2,3 mil páginas, está em análise na força-tarefa criada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e Ministério Público Federal (MPF).
OS MORTOS NO DESASTRE
» Aílton Martins dos Santos, de 55 anos, (foto) funcionário da Integral Engenharia cujo corpo foi encontrado ontem
» Emanuelle Vitória Fernandes Izabel, de 5 anos, moradora de Bento Rodrigues
» Thiago Damasceno Santos, de 7 anos, morador de Bento Rodrigues
» Maria das Graças Celestino da Silva, de 64 anos, moradora de Bento Rodrigues
» Maria Eliza Lucas, de 60 anos, moradora de Bento Rodrigues
» Antônio Prisco de Souza, de 74 anos, morador de Bento Rodrigues
» Vando Maurílio dos Santos, de 37 anos, funcionário da Integral Engenharia
» Mateus Márcio Fernandes, de 29 anos, funcionário da Manserv Montagem e Manutenção
» Marcos Roberto Xavier, de 32 anos, funcionário da Vix Logística
» Edinaldo Oliveira de Assis, de 40 anos, funcionário da Integral Engenharia
» Marcos Aurélio Pereira de Moura, de 34 anos, funcionário da Produquímica
» Claudemir Elias dos Santos, de 41 anos, funcionário da Integral Engenheria
» Pedro Paulino Lopes, 56 anos, funcionário da Manserv Montagem e Manutenção
» Daniel Altamiro de Carvalho, de 53 anos, funcionário da Integral Engenharia
» Cláudio Fiúza da Silva, de 41 anos, funcionário da Integral Engenharia
» Waldemir Aparecido Leandro, de 48 anos, funcionário da Geocontrole BR Sondagens
» Sileno Narkievicius de Lima, de 46 anos, funcionário da Integral Engenharia
» Samuel Vieira Albino, de 34 anos, funcionário da Geocontrole BR Sondagens
DESAPARECIDO
» Edmirson José Pessoa, de 48 anos, funcionário da Samarco
Os parentes aguardaram quatro meses para sepultar, dignamente, o homem que ganhava a vida como motorista de caminhão-pipa no complexo de minas da Samarco, na área rural de Mariana. O corpo de Aílton foi o 18º localizado. Ainda falta encontrar os restos mortais de Edmirson José Pessoa, que tinha 48 anos. Ele também trabalhava na represa de Fundão e morava no município histórico de Santa Bárbara.
A equipe de resgate se deparou com o corpo de Aílton no início da tarde de ontem, numa área conhecida como Tomada d’Água, a 800 metros de Fundão e dentro do complexo de minas da mineradora. Os restos mortais estavam na boleia do caminhão que ele dirigia. A cabine, retorcida e soterrada por grande quantidade de rejeitos de minério de ferro, foi retirada de lá por uma máquina pesada.
“Agora vamos poder sepultá-lo”, disse, vagarosamente, a secretária escolar Dayane Pereira Magalhães, nora da vítima. A família soube que o corpo havia sido encontrado no início da tarde e fez o reconhecimento à noite, por meio de sinais como uma cicatriz, cabelo e roupas. Antes, por volta das 18h, os parentes foram comunicados pelo Corpo de Bombeiros de que os documentos do motorista estavam junto aos restos mortais.
Foi naquele momento que as lembranças do desastre voltaram com maior intensidade à memória dos parentes. Aílton era funcionário da Integral Engenharia, prestadora de serviço da Samarco, controlada pela brasileira Vale e a anglo-australiana BHP Billiton. Havia sido contratado em 8 de outubro. Encontrou a morte menos de um mês depois de comemorar a carteira de trabalho assinada.
O motorista era casado com dona Mirtes havia 34 anos. Querido no povoado em que morava, a 40 quilômetros de Mariana, deixou dois filhos e uma filha. Um dos rapazes é casado com Dayane, a secretária escolar: “É triste, mas, ao mesmo tempo, o sofrimento (à procura dos restos mortais) acabou”.
Nos primeiros dias depois do rompimento da barragem, a família teve esperança de encontrá-lo vivo. À época, Emerson, um dos filhos, não descartou a possibilidade de localizar o pai perdido na mata próxima à barragem, apesar de testemunhas que escaparam da tragédia terem dito que viram o caminhão-pipa ser arrastado pela avalanche de lama.
HOMICÍDIOS Agora, o desafio da equipe de resgate é encontrar o último corpo, de Edmirson José Pessoa. Era o único funcionário da Samarco. Das outras 18 vítimas identificadas, 13 trabalhavam em empresas que prestam serviço à mineradora e cinco moravam em Bento Rodrigues, o primeiro povoado destruído pelo estouro de Fundão. Desses, dois eram crianças: Emanuelle, de 5, e Thiago, de 7.
A Polícia Civil ainda apura a informação de que uma grávida teria sido vítima de um aborto durante a fuga de Bento Rodrigues. A maioria dos moradores deixou o local, às pressas, apenas com as roupas do corpo. Até agora, o delegado Rodrigo Bustamante, responsável pelo caso, indiciou sete pessoas por 19 homicídios qualificados.
Uma delas é Ricardo Vescovi, presidente licenciado da Samarco. Os demais são diretores, gerentes ou coordenadores da mineradora ou da VogBR, que fez a declaração de estabilidade da barragem.
O inquérito, que tem 13 volumes e mais de 2,3 mil páginas, está em análise na força-tarefa criada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e Ministério Público Federal (MPF).
OS MORTOS NO DESASTRE
» Aílton Martins dos Santos, de 55 anos, (foto) funcionário da Integral Engenharia cujo corpo foi encontrado ontem
» Emanuelle Vitória Fernandes Izabel, de 5 anos, moradora de Bento Rodrigues
» Thiago Damasceno Santos, de 7 anos, morador de Bento Rodrigues
» Maria das Graças Celestino da Silva, de 64 anos, moradora de Bento Rodrigues
» Maria Eliza Lucas, de 60 anos, moradora de Bento Rodrigues
» Antônio Prisco de Souza, de 74 anos, morador de Bento Rodrigues
» Vando Maurílio dos Santos, de 37 anos, funcionário da Integral Engenharia
» Mateus Márcio Fernandes, de 29 anos, funcionário da Manserv Montagem e Manutenção
» Marcos Roberto Xavier, de 32 anos, funcionário da Vix Logística
» Edinaldo Oliveira de Assis, de 40 anos, funcionário da Integral Engenharia
» Marcos Aurélio Pereira de Moura, de 34 anos, funcionário da Produquímica
» Claudemir Elias dos Santos, de 41 anos, funcionário da Integral Engenheria
» Pedro Paulino Lopes, 56 anos, funcionário da Manserv Montagem e Manutenção
» Daniel Altamiro de Carvalho, de 53 anos, funcionário da Integral Engenharia
» Cláudio Fiúza da Silva, de 41 anos, funcionário da Integral Engenharia
» Waldemir Aparecido Leandro, de 48 anos, funcionário da Geocontrole BR Sondagens
» Sileno Narkievicius de Lima, de 46 anos, funcionário da Integral Engenharia
» Samuel Vieira Albino, de 34 anos, funcionário da Geocontrole BR Sondagens
DESAPARECIDO
» Edmirson José Pessoa, de 48 anos, funcionário da Samarco