(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Castelinho do Bairro Floresta é reformado após décadas de abandono

Imóvel construído em 1918 passa por obras de R$ 1,2 milhão para abrigar a sede do programa especializado em crianças e adolescentes de rua da capital mineira


postado em 11/03/2016 06:00 / atualizado em 11/03/2016 07:47

Iniciada em janeiro, a obra de recuperação do castelinho está sendo custeada pelo Instituto MRV e é realizada em parceria com a PBH, com previsão de durar 10 meses(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Iniciada em janeiro, a obra de recuperação do castelinho está sendo custeada pelo Instituto MRV e é realizada em parceria com a PBH, com previsão de durar 10 meses (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
O patrimônio de Belo Horizonte vai ganhar um duplo presente. Depois de duas décadas de abandono e degradação e prestes a alcançar o centenário, o prédio histórico conhecido como “castelinho” vai voltar a embelezar a Rua Varginha, no Bairro Floresta, onde está localizado. O imóvel, construído em 1918 no estilo eclético com inspiração art nouveau, está sendo revitalizado para se transformar na sede do Programa Miguilim, serviço especializado para crianças e adolescentes em situação de rua na capital mineira. Benefício em dobro para a cidade, que vê uma peça de sua história sendo preservada ao mesmo tempo em que um programa social passa a ter “casa própria”. O programa, inaugurado em 1994, chegou a ser interrompido em 2014, durante oito meses, por problemas de segurança e infraestrutura em um imóvel antigo.

A reforma do castelinho – que teve início em 20 de janeiro – será custeada pelo Instituto MRV, organização sem fins lucrativos da MRV Engenharia, em pareceria com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH). A obra terá custo de R$ 1,2 milhão, com previsão de durar durar 10 meses. Gestora executiva da Área de Relacionamento com Clientes e Comunicação, além de voluntária do Instituto MRV, Bianca Vargas conta que o prédio, adquirido em 2013 do então proprietário, foi doado no ano passado à PBH, já com a intenção de ser transformado na sede do Miguilim.

Segundo ela, entre as intervenções previstas estão o reforço da fundação, da estrutura de paredes, troca do assoalho e pintura geral, inclusive da fachada, que será restaurada mantendo as características originais. Peças de madeira, como portas, janelas e marcos estão sendo desenvolvidas por uma marcenaria especializada em Mariana, para garantir fidelidade ao projeto original.

No prédio principal serão prestadas as atividades educativas e de assistência social, além dos serviços administrativos. Uma construção anexa, na parte de trás do imóvel, erguida nos anos 1960, vai sediar o refeitório, vestiário, salão de jogos, entre outros serviços. O imóvel receberá ainda um elevador para garantir acesso de usuários com necessidades especiais a todos os níveis da edificação. A obra está sendo acompanhada pela Fundação Municipal de Cultura, que garante que todas as características do edifício tombado serão preservadas.

“É uma obra que está sendo feita de forma muito delicada, com muito cuidado. Entendemos que esse projeto é muito positivo para a cidade, pelos benefícios que vai trazer. Para o Instituto, é gratificante poder contribuir com a cidadania de crianças e adolescentes e ao mesmo tempo ajudar na preservação do patrimônio da cidade”, destaca Bianca.

A revitalização do imóvel vai ainda ajudar a manter viva a obra do arquiteto, desenhista, escultor e pintor italiano Luiz Olivieri, que no início da construção de Belo Horizonte projetou diversos prédios públicos e residências. O imóvel já foi casa do artista e sede do Hotel Palladium, entre as décadas de 1960 a 1980. O trabalho de marcenaria também tem peso na assinatura e foi feito pelo arquiteto e marceneiro Manoel Ferreira Tunes, que também desenvolveu peças na matriz da Igreja da Boa Viagem, no Bairro Funcionários, em BH.

Técnica de Patrimônio Cultural da Fundação Municipal de Cultura, Mariana Brandão lembra as várias tentativas de restauração do prédio, todas sem sucesso. Segundo ela, a Diretoria de Patrimônio do órgão chegou a desenvolver, em 2002, um projeto de reforma, que foi entregue ao antigo proprietário. Mas a obra não saiu do papel. “Ao longo desses anos, a Fundação vinha tentando viabilizar a revitalização. Vê-la se tornar realidade é muito importante, já que o imóvel é uma referência arquitetônica na paisagem da Floresta e também da cidade”, afirma Mariana. A técnica lembra a sequência de problemas já registrados no local. “O antigo proprietário era contrário ao tombamento e o prédio foi se degradando ao longo do tempo. Já pegou fogo, ficou sem telhado e sofre com a ação do tempo. Por meio de uma ação no Ministério Público, conseguimos que o dono fizesse a recuperação do telhado para evitar a destruição total. Mas precisava de uma intervenção geral”, contou. O castelinho foi tombado em outubro de 1996, dentro do Conjunto Arquitetônico da Floresta.

Na avaliação do secretário municipal adjunto de Assistência Social, Marcelo Mourão, a nova sede será um avanço para o serviço, tendo em vista que, além de melhorar o atendimento, ter uma sede própria fortalece a garantia de sua continuidade. “Por ser uma construção tombada, as crianças e os adolescentes que frequentam o Miguilim terão uma maior proximidade e conhecimento sobre o patrimônio histórico de Belo Horizonte, o que nos dá mais ferramentas para fazer um trabalho de construção de vínculos comunitários, melhorar a relação dos usuários com a cidade e incitar o gosto pela cultura”, afirma.

Saiba mais

Ressocialização

Além de trabalhar na ressocialização de crianças e adolescentes que vivem nas ruas, o programa tem como objetivo de promover o retorno deles às suas famílias. Com atividades educativas como circo, arte visual, dança, teatro, carpintaria e música, o programa, que hoje atende cerca de 20 meninos e meninas, será ampliado para beneficiar mais em sua nova sede. As obras contam também com a instalação de um elevador para propiciar o acesso de usuários com problemas de locomoção e/ou necessidades especiais. A Secretaria Municipal de Assistência Social (SMSA) informou que o período em que o Miguilim foi interrompido foi resultado de uma série de assaltos ocorridos no equipamento, depredações e queda de um muro do prédio onde funcionava, ocasionada por uma obra na construção ao lado. Durante esse período, a equipe do serviço foi alocada na sede da secretaria, atuando na avaliação da oferta e melhoria do serviço.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)