A quarta-feira seria uma data especial para a família, que mora no Bairro Santa Lúcia.
“Quando eram umas 23h30, ele chegou falando assim: ‘Ô Silvana, a Mel tava pro lado do São Bento e teve um acidente. Será que não foi ela?’. Eu falei: ‘Por que você não me falou mais cedo? Mas não é a minha filha, não, não pode ser!’”. A mãe da jovem chegou ao local acompanhada de outras pessoas e encontrou os bombeiros recolhendo destroços do veículo, além de um carro da polícia. “O bombeiro falou que não tinha certeza. Mas um policial perguntou se eu tinha uma foto dela. Eu mostrei e ele falou que, pela aparência que ele viu, por causa do aparelho e de uma fita que ela tinha na perna, ele falou que era a minha filha, que tava toda acabada. Aí ele falou: ‘Não tenho certeza, mas posso levar a senhora no IML para fazer o reconhecimento’.”
A família inicialmente não acreditou na possibilidade da perda da filha. Silvana conta que o pai da jovem chegou ao local e disse ter ouvido falar que a vítima do acidente tinha 35 anos. Cogitou-se que o celular dela estivesse estragado, mas eles foram ao instituto, onde tiveram a confirmação.
Os parentes de Melrilene estiveram no IML durante a madrugada e voltaram por volta das 11h para providenciar a liberação do corpo e acertar com a funerária detalhes do sepultamento. A cerimônia está marcada para as 17h de hoje, no Cemitério da Saudade, Região Leste de Belo Horizonte.
Melrilene tem três irmãos, duas jovens de 16 e 22 anos e um rapaz de 18. Ela e o marido não estavam vivendo juntos. “Eles iam comemorar o aniversário da menina juntos, e acontece isso. Será que esse homem não tinha coração, meu Deus? Será que ele não sabia que podia fazer um estrago em outras pessoas? Ele só olhou o lado dele, do serviço dele, ele não olhou o lado dos outros seres humanos não.”
O acidente aconteceu exatamente às 16h57, como mostram as imagens das câmeras de segurança de imóveis próximos. Segundo a Polícia Militar, o caminhão placa LCE 2467, de São Gonçalo (RJ), desceu um trecho íngreme da Rua Centauro, invadiu a contramão da Avenida Cônsul Antônio Cadar, bateu na mureta de uma quadra de peteca e tombou na calçada. Melrilene caminhava pelo passeio quando foi atingida pelo veículo, que transportava carga de cimento.
Silvana está inconsolável, em um misto de dor e revolta.