“É uma dor que não para. É um sentimento de culpa, um sentimento de raiva. Eu queria só minha filha de volta!” Sentada em um banco no pátio do Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte, Silvana Maria Cavalcanti chorava. Encolhida, era amparada por uma amiga, que também buscava forças para se manter firme. “Ele acabou com a minha vida”, sentenciou a auxiliar de serviços gerais, após providenciar a liberação do corpo da filha mais velha, a manicure Melrilene Cavalcanti da Silva, de 23 anos. A jovem estava no Bairro São Bento, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, onde tinha uma cliente marcada, quando foi atingida por um caminhão sem controle na tarde de quarta-feira. O motorista, Jorge Ricardo Ferreira da Cunha, de 52, também morreu. O ajudante dele, Rodrigo Barbosa, de 36, foi internado em estado grave.
A quarta-feira seria uma data especial para a família, que mora no Bairro Santa Lúcia. A filha mais nova de Melrilene completou 1 ano e a festa seria naquele dia. Casada, a jovem também deixou um menino, de 5. O drama de Silvana e dos parentes começou quando ela chegou do trabalho, por volta das 17h15, e foi procurada pelo genro, que não conseguia contato com a manicure. Eles ligaram, deixaram mensagens no celular, mas sem nenhuma resposta.
“Quando eram umas 23h30, ele chegou falando assim: ‘Ô Silvana, a Mel tava pro lado do São Bento e teve um acidente. Será que não foi ela?’. Eu falei: ‘Por que você não me falou mais cedo? Mas não é a minha filha, não, não pode ser!’”. A mãe da jovem chegou ao local acompanhada de outras pessoas e encontrou os bombeiros recolhendo destroços do veículo, além de um carro da polícia. “O bombeiro falou que não tinha certeza. Mas um policial perguntou se eu tinha uma foto dela. Eu mostrei e ele falou que, pela aparência que ele viu, por causa do aparelho e de uma fita que ela tinha na perna, ele falou que era a minha filha, que tava toda acabada. Aí ele falou: ‘Não tenho certeza, mas posso levar a senhora no IML para fazer o reconhecimento’.”
A família inicialmente não acreditou na possibilidade da perda da filha. Silvana conta que o pai da jovem chegou ao local e disse ter ouvido falar que a vítima do acidente tinha 35 anos. Cogitou-se que o celular dela estivesse estragado, mas eles foram ao instituto, onde tiveram a confirmação. “Ele viu a fita na perna dela e as tatuagens. Quando eu cheguei aqui, vi minha filha toda acabada. A minha filha quebrou os braços, o rosto inchado, corte na cabeça. Por que fizeram isso? Por quê? Como eu vou falar para o meu neto que a mãe dele morreu por um irresponsável? Como eu vou falar pra minha neta que ela não tem mais a mãe dela, pra chamar ela de Luluzinha, de gordinha? Como?”.
Os parentes de Melrilene estiveram no IML durante a madrugada e voltaram por volta das 11h para providenciar a liberação do corpo e acertar com a funerária detalhes do sepultamento. A cerimônia está marcada para as 17h de hoje, no Cemitério da Saudade, Região Leste de Belo Horizonte.
Melrilene tem três irmãos, duas jovens de 16 e 22 anos e um rapaz de 18. Ela e o marido não estavam vivendo juntos. “Eles iam comemorar o aniversário da menina juntos, e acontece isso. Será que esse homem não tinha coração, meu Deus? Será que ele não sabia que podia fazer um estrago em outras pessoas? Ele só olhou o lado dele, do serviço dele, ele não olhou o lado dos outros seres humanos não.”
O acidente aconteceu exatamente às 16h57, como mostram as imagens das câmeras de segurança de imóveis próximos. Segundo a Polícia Militar, o caminhão placa LCE 2467, de São Gonçalo (RJ), desceu um trecho íngreme da Rua Centauro, invadiu a contramão da Avenida Cônsul Antônio Cadar, bateu na mureta de uma quadra de peteca e tombou na calçada. Melrilene caminhava pelo passeio quando foi atingida pelo veículo, que transportava carga de cimento.
Silvana está inconsolável, em um misto de dor e revolta. “Ele (o motorista) tirou duas vidas. Além dele tirar a dele, tirou a da minha filha e ainda corre risco de tirar a do ajudante, fora a minha. Ele acabou com a minha vida!” Assim como outras jovens de sua idade, Melrilene tinha muitos planos. Queria viajar, tirar carteira de motorista e estudar para conquistar uma vida melhor. “Ela falou: ‘Mãe, eu vou estudar, vou fazer curso para mudar de profissão’. Aí, chega um inconsequente e faz isso; um desalmado. Agora eu tenho que cuidar dos meus netos, e não sei por onde começar”, lamenta a mãe da moça.
A quarta-feira seria uma data especial para a família, que mora no Bairro Santa Lúcia. A filha mais nova de Melrilene completou 1 ano e a festa seria naquele dia. Casada, a jovem também deixou um menino, de 5. O drama de Silvana e dos parentes começou quando ela chegou do trabalho, por volta das 17h15, e foi procurada pelo genro, que não conseguia contato com a manicure. Eles ligaram, deixaram mensagens no celular, mas sem nenhuma resposta.
“Quando eram umas 23h30, ele chegou falando assim: ‘Ô Silvana, a Mel tava pro lado do São Bento e teve um acidente. Será que não foi ela?’. Eu falei: ‘Por que você não me falou mais cedo? Mas não é a minha filha, não, não pode ser!’”. A mãe da jovem chegou ao local acompanhada de outras pessoas e encontrou os bombeiros recolhendo destroços do veículo, além de um carro da polícia. “O bombeiro falou que não tinha certeza. Mas um policial perguntou se eu tinha uma foto dela. Eu mostrei e ele falou que, pela aparência que ele viu, por causa do aparelho e de uma fita que ela tinha na perna, ele falou que era a minha filha, que tava toda acabada. Aí ele falou: ‘Não tenho certeza, mas posso levar a senhora no IML para fazer o reconhecimento’.”
A família inicialmente não acreditou na possibilidade da perda da filha. Silvana conta que o pai da jovem chegou ao local e disse ter ouvido falar que a vítima do acidente tinha 35 anos. Cogitou-se que o celular dela estivesse estragado, mas eles foram ao instituto, onde tiveram a confirmação. “Ele viu a fita na perna dela e as tatuagens. Quando eu cheguei aqui, vi minha filha toda acabada. A minha filha quebrou os braços, o rosto inchado, corte na cabeça. Por que fizeram isso? Por quê? Como eu vou falar para o meu neto que a mãe dele morreu por um irresponsável? Como eu vou falar pra minha neta que ela não tem mais a mãe dela, pra chamar ela de Luluzinha, de gordinha? Como?”.
Os parentes de Melrilene estiveram no IML durante a madrugada e voltaram por volta das 11h para providenciar a liberação do corpo e acertar com a funerária detalhes do sepultamento. A cerimônia está marcada para as 17h de hoje, no Cemitério da Saudade, Região Leste de Belo Horizonte.
Melrilene tem três irmãos, duas jovens de 16 e 22 anos e um rapaz de 18. Ela e o marido não estavam vivendo juntos. “Eles iam comemorar o aniversário da menina juntos, e acontece isso. Será que esse homem não tinha coração, meu Deus? Será que ele não sabia que podia fazer um estrago em outras pessoas? Ele só olhou o lado dele, do serviço dele, ele não olhou o lado dos outros seres humanos não.”
O acidente aconteceu exatamente às 16h57, como mostram as imagens das câmeras de segurança de imóveis próximos. Segundo a Polícia Militar, o caminhão placa LCE 2467, de São Gonçalo (RJ), desceu um trecho íngreme da Rua Centauro, invadiu a contramão da Avenida Cônsul Antônio Cadar, bateu na mureta de uma quadra de peteca e tombou na calçada. Melrilene caminhava pelo passeio quando foi atingida pelo veículo, que transportava carga de cimento.
Silvana está inconsolável, em um misto de dor e revolta. “Ele (o motorista) tirou duas vidas. Além dele tirar a dele, tirou a da minha filha e ainda corre risco de tirar a do ajudante, fora a minha. Ele acabou com a minha vida!” Assim como outras jovens de sua idade, Melrilene tinha muitos planos. Queria viajar, tirar carteira de motorista e estudar para conquistar uma vida melhor. “Ela falou: ‘Mãe, eu vou estudar, vou fazer curso para mudar de profissão’. Aí, chega um inconsequente e faz isso; um desalmado. Agora eu tenho que cuidar dos meus netos, e não sei por onde começar”, lamenta a mãe da moça.