Dados fornecidos pela Prodabel mostram que a rua por onde o caminhão carregado desceu desgovernado na quarta-feira, matando duas pessoas, tem inclinação de 19,22% e desnível de 79 metros. A cota mais alta está a 1.006 metros de altitude e a mais baixa a 927 metros. Ontem, investigadores da Delegacia Especializada de Acidentes de Veículos (Deav) solicitaram as imagens gravadas pelas câmeras da casa da advogada Elen Fernandes, de 67 anos, que mostram o veículo desgovernado acertando os muros de uma quadra de peteca e de uma casa que serve de garagem para caminhonetes de uma empresa.
“Nossa demanda é para que a Rua Centauro tenha mão só para subir. Quem não conhece o local, às vezes não consegue parar na descida, pela configuração da rua. Se o acidente fosse depois das 18h, a tragédia seria maior, pois o trânsito costuma parar e vários carros ficam retidos onde o caminhão passou”, afirma. Ela acredita que, com o registro das imagens, talvez agora as autoridades tomem providências.
Risco em mais endereços
Belo Horizonte tem hoje 108 ruas com proibição do tráfego de caminhões, a maioria na Regional Oeste (37). Essas vias íngremes, onde a proibição de circulação de veículos de carga nem sempre é respeitada, levam perigos a muitos bairros da cidade. Isso continua ocorrendo mesmo em locais em que já houve registros de acidentes graves, como a Rua Paula Cândido, no Bairro Grajaú, Região Oeste. Em 30 de julho do ano passado, um caminhão perdeu os freios, arrastou três carros e se chocou de frente com o muro de uma escola. Por sorte, como era período de férias, nenhum aluno ou pai foi ferido. Contudo, as professoras da escola contam que ainda é comum descerem caminhões pela via, apesar da placa que proíbe esse tipo de tráfego. “Não respeitam as regras e com isso a gente fica pensando se vai acontecer de novo uma situação perigosa como aquela. Os caminhões que descem por aqui têm muita dificuldade de controlar e o freio pode não segurar. E nossa escola fica bem no fim da descida”, afirma a diretora Maria Célia Luz Dias.
A inclinação da Rua Paula Cândido é de 21,6%, acima, por exemplo, do que é considerado adequado para a coleta de lixo, que é de no máximo 20%. Ainda assim, na via são vistos, mesmo em dias de chuva, veículos de carga cometendo abusos.
A equipe do EM percorreu ainda as ruas Daniel de Carvalho, no Gutierrez, na mesma região, Congonhas, no Bairro São Pedro, Região Centro-Sul, e Professor Anibal de Matos, no Santo Antônio, também na Centro-Sul. Em todas elas, apesar da proibição, motoristas e moradores confirmam o tráfego de veículos de carga e situações de perigo por esse motivo..