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Estado de Minas

Falhas e desrespeito de motoristas de veículos de carga levam perigo a bairros de BH

Belo Horizonte tem 108 ruas com proibição do tráfego de caminhões, a maioria na Regional Oeste


postado em 11/03/2016 06:00 / atualizado em 11/03/2016 07:34

A tragédia na Rua Centauro, no Bairro São Bento, Centro-Sul de Belo Horizonte, deixou os moradores da região apreensivos e revelou a pressão por mudanças no local, iniciada muito antes do acidente. Um comerciante da Praça das Constelações, onde começa a Centauro, acredita que a atual configuração da praça coloca os caminhoneiros em uma espécie de pegadinha. “A placa de proibição deveria estar na esquina da BR-356 com a Rua Medusa. Depois que o caminhão desce, o motorista fica meio encurralado e acaba seguindo”, afirma ele, que prefere não se identificar. Outro comerciante que também pediu anonimato avalia que a solução seria colocar radares para veículos de carga, como os que já existem nas avenidas do Contorno e Nossa Senhora do Carmo. “Semana passada, agentes de trânsito estavam aqui multando, mas como não ficam sempre, não é uma fiscalização que iniba a circulação de caminhões”, afirma.

Dados fornecidos pela Prodabel mostram que a rua por onde o caminhão carregado desceu desgovernado na quarta-feira, matando duas pessoas, tem inclinação de 19,22% e desnível de 79 metros. A cota mais alta está a 1.006 metros de altitude e a mais baixa a 927 metros. Ontem, investigadores da Delegacia Especializada de Acidentes de Veículos (Deav) solicitaram as imagens gravadas pelas câmeras da casa da advogada Elen Fernandes, de 67 anos, que mostram o veículo desgovernado acertando os muros de uma quadra de peteca e de uma casa que serve de garagem para caminhonetes de uma empresa. Morando há 30 anos na Avenida Cônsul Antônio Cadar, ela conta que já viu cinco batidas nos últimos seis meses, e acredita que a tragédia só não foi pior devido ao horário.

“Nossa demanda é para que a Rua Centauro tenha mão só para subir. Quem não conhece o local, às vezes não consegue parar na descida, pela configuração da rua. Se o acidente fosse depois das 18h, a tragédia seria maior, pois o trânsito costuma parar e vários carros ficam retidos onde o caminhão passou”, afirma. Ela acredita que, com o registro das imagens, talvez agora as autoridades tomem providências.

Risco em mais endereços

Belo Horizonte tem hoje 108 ruas com proibição do tráfego de caminhões, a maioria na Regional Oeste (37). Essas vias íngremes, onde a proibição de circulação de veículos de carga nem sempre é respeitada, levam perigos a muitos bairros da cidade. Isso continua ocorrendo mesmo em locais em que já houve registros de acidentes graves, como a Rua Paula Cândido, no Bairro Grajaú, Região Oeste. Em 30 de julho do ano passado, um caminhão perdeu os freios, arrastou três carros e se chocou de frente com o muro de uma escola. Por sorte, como era período de férias, nenhum aluno ou pai foi ferido. Contudo, as professoras da escola contam que ainda é comum descerem caminhões pela via, apesar da placa que proíbe esse tipo de tráfego. “Não respeitam as regras e com isso a gente fica pensando se vai acontecer de novo uma situação perigosa como aquela. Os caminhões que descem por aqui têm muita dificuldade de controlar e o freio pode não segurar. E nossa escola fica bem no fim da descida”, afirma a diretora Maria Célia Luz Dias.

A inclinação da Rua Paula Cândido é de 21,6%, acima, por exemplo, do que é considerado adequado para a coleta de lixo, que é de no máximo 20%. Ainda assim, na via são vistos, mesmo em dias de chuva, veículos de carga cometendo abusos. “Na semana passada, mesmo debaixo de chuva, desceu um caminhão grande por aqui. O motorista teve muita dificuldade para frear. Acho isso um risco para a segurança de moradores, de pessoas em outros carros e dos próprios condutores desses caminhões”, afirma o aposentado João Bosco Fontoura, de 73, que uma vez por semana a esposa na porta de um prédio no alto da via.

A equipe do EM percorreu ainda as ruas Daniel de Carvalho, no Gutierrez, na mesma região, Congonhas, no Bairro São Pedro, Região Centro-Sul, e Professor Anibal de Matos, no Santo Antônio, também na Centro-Sul. Em todas elas, apesar da proibição, motoristas e moradores confirmam o tráfego de veículos de carga e situações de perigo por esse motivo.


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