O futuro museu vai ocupar as dependências do prédio tombado pelo município e onde se instalou há três anos e meio o Centro de Referência da Moda (CR Moda), também da FMC/Prefeitura de Belo Horizonte, e que chega a receber mensalmente mais de 6 mil visitantes. “Há diferença entre CR e museu. O primeiro é um local de pesquisa sobre um tema específico, enquanto o segundo, num conceito moderno, é dinâmico e tem seu próprio acervo, evidenciando-se como um grande centro cultural”, explica Leônidas. As peças para o Museu da Moda foram doadas e estão temporariamente na reserva técnica do Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB), no Bairro Cidade Jardim, na Região Centro-Sul da cidade.
Entre as providências tomadas para receber as coleções no futuro museu, o arquiteto cita a aquisição de estantes deslizantes, armários, cabideiros, além da climatização de todo o ambiente.
O acervo guardado no MHAB é uma festa para os olhos, um deleite para a sensibilidade e um painel da vida em Belo Horizonte durante quase um século. Na tarde de ontem, a gestora do CR Moda, Marta Guerra, explicava que o acervo se compõe de legítimas peças históricas, que revelam modos de vida, estilos de uma época, enfim, um recorte da capital. “Moda e tecnologia são divisores de águas, pontos que marcam bem as gerações”, disse Marta, enquanto mostrava chapéus de homens e mulheres de outros tempos. Na mostra permanente, os visitantes poderão admirar ainda roupas do reinado de Nossa Senhora do Rosário.
DIA SEGUINTE Atualmente, no MHAB, uma equipe se debruça sobre a descrição, catalogação e inventário das indumentárias recebidas em doação e preparadas para o tombamento. Num cabideiro, chama a atenção o robe de jour, roupa branca, com cauda, confeccionada em puro algodão e com muitas rendas. Responsável pelo serviço, estilista e professora de pós-graduação em moda, Carolina Bicalho conta uma curiosidade sobre a peça: trata-se “da roupa do dia seguinte”, que as noivas usavam, no século 19, para tomar café com o marido na manhã após o casamento. A peça pertenceu a Leopoldina Tavares Portocarrero, avó da cantora lírica Lia Salgado e da atriz Tônia Carrero. A consultora cultural Marília Salgado, bisneta de Leopoldina e uma das idealizadoras do CR Moda de BH, informa que o modelo data de 1870 e nunca foi usado por nenhuma descendente.
PEÇAS PARA ACERVO
Quem tiver peças dignas de figurar no Museu da Moda – de importância histórica, portanto – poderá doá-las ao acervo. Antes, conforme explica a gestora do CR Moda, Marta Guerra, o traje masculino, o vestido ou acessório será avaliado por um comitê especialmente formado para essa finalidade. Contatos pelo telefone (031)3277-8657.