Os testes da fase 3 já começaram em apenas um centro de pesquisas do país. Em 22 de fevereiro, os estudos se iniciaram com 1,2 mil participantes no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo também foi credenciada no estado, único a ter duas unidades cadastradas nessa etapa.
Um dos pesquisadores envolvidos nos estudos em BH, o professor Mauro Martins Teixeira, do Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, informou que o início dos testes na capital ainda depende da chegada de insumos, de recursos financeiros e do treinamento das equipes. Ele afirmou ainda que a decisão de começar no prazo de aproximadamente dois meses leva em consideração o elevado número de atendimentos para casos de dengue nas unidades de saúde. “Estamos no meio de uma epidemia de dengue muito grave, uma das maiores que a cidade já teve. É arriscado começar a vacinação no meio da epidemia. É melhor esperar, até por uma questão de infraestrutura, já que os postos de saúde estão muito cheios para dar conta de um novo protocolo”, disse.
O pesquisador é enfático ao esclarecer que as cidades escolhidas pelo Butantan “não terão uma campanha de vacinação”. “Os voluntários vão participar do chamado ‘teste de candidato vacinal’ para avaliação da eficácia da vacina. Então, não adianta superlotar o centro de saúde em busca da vacina. Se ela funcionar, será acrescentada à rotina da rede pública. Mas ainda são testes que fazem parte de qualquer processo normal de desenvolvimento de produtos na área biológica”, disse.
No caso de São Paulo, os voluntários do Hospital das Clínicas entraram em contato diretamente com a unidade ou deixaram seus dados no Serviço de Atendimento ao Cidadão do Butantan. Eles têm entre 2 e 59 anos de idade, que é a faixa etária indicada para os testes.
O Instituto Butantan não confirmou o início dos testes em Belo Horizonte. Apenas informou que o cronograma da vacinação nos demais 12 centros deverá ser divulgado em breve. A pesquisa também será conduzida em Manaus (AM), Porto Velho (RO), Boa Vista (RR), Aracaju (SE), Recife (PE), Fortaleza (CE), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS), São José do Rio Preto (SP) e Porto Alegre (RS), além de São Paulo. De acordo com o pesquisador Mauro Teixeira, o cronograma geral de testes está dentro de um prazo esperado. A Secretaria de Saúde de BH informou que não foi comunicada oficialmente sobre o início dos testes.
METODOLOGIA Nesta última etapa da pesquisa, os estudos visam a comprovar a eficácia da vacina. Do total de voluntários, dois terços receberão a vacina e um terço receberá placebo, uma substância sem os vírus, ou seja, sem efeito. Nem a equipe médica nem o participante saberá se foi aplicada a vacina ou o placebo. O objetivo é descobrir, mais à frente, a partir de exames coletados dos voluntários, se quem tomou a vacina ficou mais protegido do que os que tomaram o placebo. A estimativa do instituto é que todos os participantes estejam vacinados dentro de um ano.
Serviço
Interessados em participar dos testes em todo o país podem procurar o SAC do Instituto Butantan pelo e-mail sac@butantan.gov.br.
Na ponta da agulha
Números e características da vacina contra a dengue
14 - centros de pesquisas biomédicas foram credenciados pelo Butantan para a realização dos testes da vacina de dengue
17 mil - voluntários de todo o Brasil vão participar da terceira fase dos testes clínicos, que teve início em 22 de fevereiro, com 1,2 mil voluntários recrutados pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
2 a 59 anos - é a faixa etária das pessoas que podem se candidatar para participar dos testes
900 - pessoas, ao todo, já foram vacinadas nas duas primeiras fases de testes clínicos: 600 na primeira etapa, realizada nos EUA, e 300 na segunda, realizada na cidade de São Paulo pela Faculdade de Medicina da USP, parceira do Butantan.
A VACINA - O imunizante (foto) tem potencial para proteger contra os quatro vírus da dengue com uma única dose e é produzido com vírus vivos, geneticamente enfraquecidos.
Fonte: Instituto Butantan
.