Morte de jovem com 28 anos chama atenção para complicações da dengue

A designer gráfico Anelise Dias Giordani morreu na quarta-feira em função de choque refratário e virose exantemática, como constava no atestado de óbito do Hospital Santa Rita

Carolina Cotta
As irmãs de Anelise (abaixo), Cíntia (E) e Mariana, com a mãe, Rúbia, que também tem sintomas da dengue. Família faz alerta e tenta se recuperar da morte menos de 24 horas após primeiro atendimento - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
A morte de uma jovem de 28 anos vítima de dengue chama a atenção para as chances de complicações da doença e, principalmente, para a importância de se estar atento aos sintomas. A designer gráfico Anelise Dias Giordani morreu na quarta-feira em função de “choque refratário e virose exantemática”, como constava no atestado de óbito do Hospital Santa Rita, de Contagem, na Grande BH. Ainda durante o velório, a família recebeu um telefonema do médico que acompanhou o caso, confirmado que o exame dera positivo para dengue. Anelise é mais uma vítima da doença que comprovadamente já matou 14 pessoas este ano em Minas Gerais. Outras 38 mortes que podem estar associadas ao vírus seguem sob investigação.

“As pessoas precisam entender que dengue mata. Nunca imaginei que uma moça jovem, saudável, pudesse ser vítima da doença. Foi tudo muito rápido. Todo mundo tem que fazer a sua parte, porque o mosquito está matando”, alerta a advogada Cíntia Dias Giordani, de 31 anos, irmã da vítima.
Anelise tinha planos de morar com o namorado, com quem estava havia quatro anos. Apaixonada por animais, será lembrada pela família como uma menina que cuidava de todo mundo. “Das três irmãs, era a mais forte. Era muito inteligente, dedicada, apaixonada por design”, conta Cíntia.

Anelise começou a sentir dores no corpo e febre há uma semana. Um tio do namorado, que é médico, chegou a avaliar a jovem e dizer que provavelmente era um quadro de dengue, porque ela também tinha manchas pelo corpo. “Ele orientou que ela tomasse muito líquido e usasse dipirona para baixar a febre. Minha irmã passou o fim de semana de repouso, se hidratando, assim como minha mãe, que também está com dengue. Na terça-feira, de uma hora para a outra, Anelise começou a vomitar”, lembra Cíntia. Ela foi ao pronto-atendimento do Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, onde fez exames que confirmaram baixa de plaquetas.

- Foto: ReproduçãoDepois de tomar soro, foi liberada, durante a madrugada, mas logo na saída do hospital voltou a passar mal, novamente com vômitos, e retornou para a observação, sendo liberada novamente às 7h. Por volta das 11h, já em casa, os vômitos voltaram e com eles uma forte dor abdominal, seguida de desmaio. Depois de a família acionar o Samu, sem sucesso, Anelise foi levada por ambulância de seu plano de saúde para o Hospital Santa Rita, em Contagem. “Ela chegou e foi direto para a UTI, onde sofreu uma parada cardíaca. Os médicos disseram que tentaram reanimá-la por 20 minutos, mas ela não resistiu.
Morreu às 22h, menos de 24 horas depois do primeiro atendimento.”

Em nota, o Hospital Madre Teresa esclareceu que aplica o protocolo de dengue preconizado pelo Ministério da Saúde e salientou que não é autorizado a repassar informações sobre o estado de saúde de seus pacientes. De acordo com Boletim Epidemiológico divulgado ontem pela Secretaria Municipal de Saúde de Contagem, não há ainda morte confirmada por dengue na cidade, mas sete óbitos estão em investigação. Para confirmação, é necessário aguardar o resultado dos exames encaminhados à Funed. De acordo com o boletim, já são 10.138 casos sob investigação e 1.426 confirmados por exames.

ALERTA A família de Anelise quer alertar as pessoas para o risco da dengue. Ontem, a mãe da jovem, Rúbia Maria Oliveira Dias Costa, de 52, e as irmãs Cíntia e Mariana, esta de 24, ainda tentavam entender a velocidade com a qual perderam a jovem, enquanto arrumavam o quarto dela, no Bairro Alvorada, em Contagem. “Não imaginávamos que a dengue afetasse tanta gente. Só tivemos essa noção no hospital. Também tínhamos a impressão de que a doença podia ser fatal para idosos e crianças, não para uma jovem saudável como minha irmã. Sequer sabíamos que o vômito é um sinal de complicação. Por isso, queremos que outras pessoas saibam”, afirma Cíntia..