Das mais de 132 mil infrações anotadas pelos guardas municipais em 2014, o desrespeito ao rotativo foi responsável por 30,1 mil, ocupando o primeiro lugar no ranking daquele ano. A liderança foi mantida ano passado, subindo para 39 mil multas em um total 115 mil autuações. Além do aumento no número absoluto de registros, esse tipo de infração também cresceu percentualmente. Em 2014, as multas relativas ao descumprimento das normas do estacionamento rotativo respondiam por 22% do total de infrações registradas pela Guarda Municipal.
No trabalho de fiscalização dos militares do BPTran, das 127,5 mil infrações anotadas pelos policiais de trânsito, 26,5 mil foram lavradas por conta do desrespeito ao tempo de permanência no faixa azul. Nesse caso, o uso de celular aparece apenas na terceira posição, com pouco mais de 13 mil flagrantes. Como a unidade não informou dados de 2014, não foi possível fazer comparação.
Enquanto a punição para quem descumpre as regras do faixa azul cresce, nas ruas e avenidas da cidade, os flagrantes de desrespeito às leis de trânsito são vistos a todo momento, aumentando o o risco para motoristas e pedestres. Na Avenida Antônio Carlos, bastou o semáforo de acesso à Estação Américo Vespúcio do Move, Bairro Aparecida, Noroeste de BH, fechar para que três carros passassem no vermelho. O local ainda não conta com fiscalização eletrônica e, por isso, a desobediência impera no local. Quando o assunto é uso do celular ao volante, a situação é ainda pior. O EM flagrou pessoas segurando o aparelho para mandar mensagens de voz, escrevendo mensagens e também falando com o equipamento no ouvido. Dois registros seguidos foram feitos na Avenida José Cândido da Silveira, Bairro Cidade Nova, Nordeste de BH.
“Temos estudos, mas ainda não há nada certo nesse sentido”, afirma. Pessoa também diz que o fato de o desrespeito ao rotativo liderar as infrações registradas pelos agentes da Guarda Municipal e do BPTran não significa que o foco esteja longe das condutas mais perigosas. “No rotativo, o índice de irregularidade é alto. Se você pega um quarteirão onde há 50 carros estacionados, em cinco minutos o agente que passa nesse quarteirão pode aplicar 50 multas. O resto das infrações está espalhado pela cidade. Você pega uma em um quarteirão, outra em outro, o agente tem que andar”, afirma. O superintendente destaca ainda que não adianta só pensar em aumento de fiscalização se as pessoas não respeitarem as leis de trânsito. “Nossa expectativa maior é que a população comece a entender que trânsito não é responsabilidade só do órgão de trânsito. As pessoas têm que compreender que, se todo mundo agir da forma correta, é melhor para todos”, completa.
PALAVRA DE ESPECIALISTA
Márcio Aguiar, coordenador do Departamento de Transportes da Fumec
OMS destaca trabalho do EM
O trabalho que o EM desenvolve na cobertura dos problemas de trânsito de Belo Horizonte e de Minas Gerais foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O órgão internacional entrevistou jornalistas e destacou trabalhos importantes para mostrar que os eventos ligados ao tráfego não podem ser vistos de forma isolada e desconectada. O importante é tentar entender as razões e ligações que fazem acidentes e mortes nas rodovias e vias urbanas das cidades parte de uma epidemia que não pode ser tratada como fatalidade. Entre os trabalhos valorizados pela OMS, estão matérias de veículos como a BBC e o jornal inglês The Guardian, e uma reportagem do Estado de Minas que levantou todas as mortes no trânsito do estado em 2013 e fez uma estimativa de quantas pessoas poderiam morrer até o fim do ano se o ritmo de acidentes fosse mantido. Além da matéria destacada, a publicação traz um relato do repórter Guilherme Paranaiba sobre a importância de cobrir trânsito com um olhar atento às questões que tornam o assunto tão decisivo para a nossa sociedade, já que as mortes não param. A versão em inglês Reporting on road safety – A guide for journalists (foto), já está sendo distribuída para as redações. Uma versão em português também será lançada..