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Estado de Minas

Número de radares mais que dobra em pouco menos de um ano em BH

Total de equipamentos já supera efetivo da Guarda Municipal voltado para o trânsito. Resultado aparece na multiplicação de multas geradas por equipamentos e na redução do efetivo humano na fiscalização


postado em 13/03/2016 06:00 / atualizado em 13/03/2016 07:45

Enquanto Guarda tem 190 agentes para o tráfego, já há 303 'vigias' automatizados nas ruas, que fizeram multas aumentarem 21% em 2015(foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Enquanto Guarda tem 190 agentes para o tráfego, já há 303 'vigias' automatizados nas ruas, que fizeram multas aumentarem 21% em 2015 (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Entre os diferentes batalhões que têm atribuições de fiscalizar, organizar e orientar o trânsito de Belo Horizonte, os fiscais eletrônicos que trabalham 24 horas tem se destacado na capital mineira. Com as licitações lançadas pela BHTrans para fiscalizar a área de abrangência dos ônibus do Move, o número de radares mais que dobrou na cidade, colocando nas ruas e avenidas um verdadeiro batalhão tecnológico. Em maio, quando começou a expansão dos radares, eram 136 equipamentos. Hoje, esse número saltou para 303. A proliferação dos vigias automatizados na capital já deixou o número de guardas municipais exclusivos de trânsito (190) para trás e promete encostar no efetivo de agentes da própria BHTrans (400) e do Batalhão de Polícia de Trânsito (400) até o fim do ano, quando chegará a 382 equipamentos de patrulha dia e noite.

O cenário traz impacto direto para o rendimento do "batalhão eletrônico", que em 2014 multou mais de 567 mil condutores na capital. No ano passado, já com o reforço de novos vigias automatizados, houve aumento de 21,61% nesse total, que atingiu pouco mais de 690 mil condutores punidos. Enquanto isso, o trabalho da Guarda Municipal, por exemplo, teve redução. Se em 2014 os guardas foram responsáveis por emitir 132,5 mil multas para infrações diversas, em 2015 a “produtividade” caiu 13%, parando em 115,4 mil notificações. Em dezembro de 2013, quando o Estado de Minas mostrou que a fiscalização física não acompanhava o aumento da frota de veículos em BH, a Guarda Municipal informou que mantinha 251 agentes com atuação voltada para o tráfego, mais do que os 190 atuais, mesmo diante do cenário de infrações que se espalha no dia a dia pelo trânsito de BH.

Dos cerca de 400 militares lotados no Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), 7% ficam no setor administrativo, segundo o tenente-coronel Glaucio Porto Alves, comandante da unidade. Isso significa que são 372 militares efetivamente trabalhando nas ruas, o que indica que até mesmo o BPTran, principal força para multar na cidade, ficará com efetivo menor do que o conjunto dos radares ao final da gestão Marcio Lacerda. O batalhão não informou dados de 2014 para comparação, mas, ano passado, com praticamente o dobro de militares em relação aos fiscais da Guarda, foram 127,5 mil infrações, apenas 10% a mais do que a corporação municipal.

FALTAM AGENTES O professor Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Logística da Fundação Dom Cabral, acredita que a redução das multas emitidas por agentes está longe de refletir um melhor comportamento dos motoristas. Ele defende que a tecnologia é importante no controle de trânsito e é uma tendência mundial, mas critica a ausência dos mesmos investimentos na fiscalização humana ostensiva na rua, política que seria capaz de disseminar a sensação de que as pessoas podem ser punidas se cometerem algum tipo de infração e mudar o quadro de desrespeito que se espalha pelas esquinas de BH.

“Parece-me que essa crise tem afetado de maneira drástica os recursos dos diversos órgãos para a fiscalização. Hoje, temos a sensação de uma completa impunidade, como se o motorista pudesse fazer o que ele quisesse”, diz Resende. O especialista afirma ainda que, após passar por um radar de velocidade, por exemplo, o motorista acelera de novo, como se não houvesse nenhuma consequência. “A intensividade na fiscalização, com agentes de trânsito, entra justamente nesse ponto, porque ela passa uma sensação de que existe chance de punição”, completa.

O superintendente de Operações da BHTrans, Fernando de Oliveira Pessoa, garante que o investimento em radares é importantíssimo e que os equipamentos contribuíram significativamente para redução de mortes no trânsito de BH. Segundo ele, em 1991 a capital mineira tinha 18,51 mortes no trânsito para cada grupo de 100 mil pessoas, parâmetro que caiu para 7,11 em 2014. Seguindo a tendência, afirma, enquanto em 1991 morriam 7,79 pessoas para cada 10 mil veículos, em 2014 esse número caiu para 1,08. “Ao ampliar o controle eletrônico, a tendência é não aumentar o contingente de agentes na rua. O sistema eletrônico otimiza nosso trabalho. Quanto mais olhos eletrônicos houver na cidade, maior a possibilidade de direcionar o contingente humano para os pontos onde realmente precisamos”, afirma.

O tenente-coronel Glaucio Porto Alves, que comanda o BPTran desde fevereiro, diz que o comportamento tanto de motoristas quando de pedestres e ciclistas passa por uma questão cultural, já que as pessoas não temem sanções administrativas e criminais relacionadas ao trânsito. “A educação é a chave para mitigar os problemas relativos ao trânsito em nossa cidade”, afirma o militar. Já o comandante da Guarda Municipal, Rodrigo Sérgio Prates, diz que o trabalho constante de preparação dos servidores, em parceria com a BHTrans, permite o planejamento de ações pontuais que vão além da rotina normal do trânsito. “O foco da atuação da Guarda Municipal sempre foi a preocupação com o fluxo e dinamismo do trânsito. A fiscalização permanece como uma consequência de maus condutores e não será objeto prioritário da atuação institucional”, afirma.


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