Terapeuta trabalha com criança com problema motor usando equipamentos que tornam a sessão divertida - Foto: Leandro Couri/EM/DA Press Débora Ester de Jesus das Dores, de 13 anos, treina para amarrar o cadarço sozinha. A menina, que recebe acompanhamento com fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais desde um ano de vida, comemora cada tarefa do dia a dia realizada sem contar com ajuda, e o primeiro laço do tênis ainda é um obstáculo. Durante sessão de fisioterapia na Associação Mineira de Reabilitação (AMR), ela ouve atenta as dicas da amiga Raquel Vitória Assis, de 16, que também busca desenvolver as capacidades motoras. Raquel sugere que a amiga faça “duas orelhas de coelho” para depois atar as partes. Débora tenta algumas vezes mas, embora suas funções motoras tenham se desenvolvido muito desde que passou a ser atendida na entidade, ainda é uma tarefa difícil. As meninas formam com uma terceira amiga o “trio parada dura”, como brinca Débora ao denominar o grupo.
A entidade aderiu à estratégia colaborativa para comprar brinquedos para elas e outros 500 pacientes com deficiência física atendidos lá. Trata-se de uma vaquinha eletrônica, que recebe o nome de crowdfunding – que quer dizer financiamento coletivo. A meta é arrecadar R$ 11,5 mil, que serão investidos na compra de jogos, brinquedos e equipamentos para os atendimentos de reabilitação física realizados por equipe multidisciplinar.
A campanha recebeu o nome “Brincar faz parte do processo” e até sexta-feira havia arrecadado R$ 3.995. “O crowdfunding é uma forma de financiamento que está começando no Brasil. As pessoas ainda não estão tão familiarizadas, mas vamos conseguir”, aposta a superintendente da entidade, Márcia Castro Fernandes. O atendimento muda a vida de pacientes como Débora, Raquel, Vinícius Dias da Silva, de 9, e Ana Clara Rezende Nhimi, de 7. A campanha segue até 18 de abril.
Com os jogos, a interação com os pequenos pacientes é maior e o treinamento se torna mais eficaz - Foto: Leandro Couri/EM/DA PressAs limitações motoras não mudam os dilemas e anseios das meninas. Duas vezes por semana, Débora e Raquel se encontram com a fisioterapeuta Silvana Viana, que comemora cada progresso. “Vocês sabem o que é autonomia?”, pergunta ela às meninas, que ficam pensativas. “Autonomia é você ter atitude, Raquel”, fala Débora para a amiga. Para que tenham autonomia, as meninas precisam superar as limitações motoras. A musculação é um dos exercícios que precisam fazer para consegui-lo.
O pequeno Vinícius, além de ampliar a capacidade motora, que ficou restrita em decorrência de uma paralisia cerebral, está se alfabetizando. “A paralisa ataca a parte motora e a fala. Agora ele já fala tudo, conhece as letras, mas tem dificuldade para escrever”, diz a mãe, Míriam Cristina Dias Silva, de 36. O atendimento terapêutico com o uso de brinquedos faz com que os exercícios sejam realizados de forma mais leve pelas crianças.
“Ele entrou aqui e melhorou 100%. Antes, ele só ficava na cama, deitado. Era muito quieto, não sentava, nem rolar conseguia”, diz. Cinco anos depois dos primeiros atendimentos, a realidade de Vinícius é outra. Com as sessões de fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e esporte, ele consegue andar pequenas distâncias. “Ele já dá passos devagar.”
Mãe de Ana, Josiane de Paula já percebe a melhora da filha: "Os brinquedos auxiliam no movimento" - Foto: Leandro Couri/EM/DA PressUm problema de malformação compromete o desenvolvimento ósseo da pequena Ana, diagnosticada com osteogênese imperfeita, enfermidade que causa fragilidade óssea e afeta o crescimento. Desde 1 ano e 10 meses, a menina frequenta sessões de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e musicoterapia. “Os brinquedos são muito importantes. Ela tem dificuldade de mexer as mãozinhas, mas os brinquedos auxiliam no movimento”, disse a mãe Josiane Rezende de Paula, de 29.
A coordenadora clínica da instituição, Patrícia Crepaldi, destaca que a aquisição desses materiais possibilitará reabilitação mais divertida, interativa, criativa e eficaz. “Os brinquedos que demandamos, nesta campanha, são de extrema importância para trabalhar conteúdos posturais e estruturais, agregando também no desenvolvimento de práticas lúdicas, as quais são essenciais ao universo pediátrico”, explica.
Míriam Silva comemora o progresso do filho: "Ele só ficava na cama, deitado. Agora, já dá passos" - Foto: Leandro Couri/EM/DA Press
SAIBA MAIS
Doação na internetPara doar recursos para a AMR para a compra de brinquedos basta acessar o endereço amar.amr.org.br e contribuir com valores a partir de R$ 10.
O pagamento pode ser feito por meio de boleto bancário ou cartão de crédito. A entidade conta com o apoio de um grupo de 220 voluntárias, que, além de ajudar na busca de recursos, fazem trabalhos manuais de bordado e crochê para serem vendidos na loja própria da AMR. “A maior emoção é ver uma criança que entrou aqui bem comprometida desenvolver independência”, afirma a administradora Adriana Belisário, de 50, presidente do corpo de voluntários da entidade. As voluntárias desenvolvem oficinas criativas com as crianças e também com as mães..