Bebê de seis meses aguarda transplante de US$ 1 milhão

A pequena Gabi luta pela vida enquanto aguarda cirurgia para resolver a síndrome do intestino curto. Procedimento precisa ser realizado nos Estados Unidos e família tenta arrecadar fundos para viabilizar única forma de salvar a vida da criança

Sandra Kiefer
Família de Gabrielle Vitória se esforça para conseguir recursos. Cirurgia para transplante de intestino custa US$ 1 milhão - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A PRESS
“Está ouvindo os gritinhos? Gabi é alegre demais. Se você a vir brincando, parece que não tem nada na saúde. Só se percebe a sondinha no nariz”, comenta Nayara Alves Silva Rodrigues, de 28 anos, mãe de Gabrielle, que seria rebatizada como Gabrielle Vitória. O segundo nome veio em função da esperança de conseguir fazer um transplante multivisceral no Hospital Jackson Memorial, em Miami, Estados Unidos, calculado em US$ 1 milhão. É a única forma de salvar a vida da bebê, que nasceu com a síndrome do intestino curto, descoberta na primeira (e única vez) em que a pequena amamentou.


Na prática, mãe e filha permanecem “internadas” desde o segundo dia de vida da criança no Hospital São Camilo, em Belo Horizonte, quando o intestino de Gabrielle precisou ser parcialmente removido. Desde essa data, a luta é para que a pequena atinja o peso mínimo de 7,2 quilos, o que a tornaria apta a receber o transplante de órgãos. Cada grama a mais foi comemorada pela família. Amanhã, Gabi completa o sexto mês de aniversário sem autorização para sair do hospital, ir a uma pracinha ou conhecer outras crianças.

Precisa ser mantida isolada, sob o risco de contrair bactérias. “No nosso centro já fizemos em torno de 400 transplantes de intestino e multivisceral. A sobrevida do transplante pediátrico é de 90% em um ano aqui em Miami”, informou, por telefone, Rodrigo Vianna, médico mineiro referência do Jackson Memorial.

Mesmo se alimentando com dificuldade por meio de um acesso, impedida de amamentar ou de ingerir papinhas pela boca, Gabrielle conseguiu crescer mais rápido do que o cumprimento da decisão na Justiça. Quando a ação parecia prestes a resolver, na última segunda-feira, uma juíza federal substituta da 3ª Vara deu novo despacho, que deve atrasar o processo em mais um ou dois meses. “É revoltante ter de esperar mais. Não sei até quando o organismo dela vai aguentar”, lamenta Nayara, que largou a ocupação como recreadora infantil e decidiu se tornar exclusivamente mãe. O pai, mecânico de automóveis, está afastado da empresa por depressão.

Prevendo a lentidão do processo, o advogado José Antônio Guimarães Fraga requisitou ao médico Rodrigo Vianna para que aceitasse o caso, antes mesmo de Gabi atingir o peso mínimo. O pedido foi aceito, mas a precaução adiantou pouco. Com a exigência da tradução juramentada dos documentos, novo empecilho surge no processo. “A campanha de Gabi é mais modesta e ainda não arrecadou valor suficiente (perto de R$ 1,5 mil), mas vamos dar um jeito”, afirma o advogado, autor dos pedidos de liminares favoráveis das campanhas mineiras Salve o Pedrinho e Salve a Lalá. Essas crianças infelizmente perderam a vida antes de conseguir embarcar para Miami, devido à morosidade da Justiça e à falta de recursos.

BAGUNCEIRA
“Criamos a página na internet Movidos pela Gabi e já contamos com mais de 1 mil curtidas por dia. Se Deus quiser, nós vamos conseguir. Estamos vivendo para ela”, afirma Nayara, que visita a filha diariamente na enfermaria.
As avós, tias e outros parentes se revezam no turno da noite. Segundo a mamãe, a menina já está tão à vontade no ambiente do hospital que já começa a fazer bagunça. Perto das vovós, Gabi arranca a sonda e joga longe. “Sabe como são as vovós, não é? Mas comigo não. Ela respeita mais”, sorri.

Como ajudar

Caixa Econômica Federal
Agência 4964OP: 013
CP: 00004404-5


Gabrielle Vitória
CPF: 151.585.506-62

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