Uma quadrilha numerosa e altamente perigosa. É assim que o delegado Rodrigo Bossi, do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), descreve o grupo suspeito de assassinar o advogado Jayme Eulálio de Oliveira, há dois anos e cinco meses com mais de 30 tiros na porta de casa, no Bairro Castelo, Região da Pampulha, em Belo Horizonte. A morte teria sido encomendada pela organização criminosa para cobrar R$ 100 mil pela defesa de ladrões de um posto de gasolina. Segundo as investigações, a vítima pediu o valor, dizendo que atuaria para livrar os criminosos da cadeia, mas não conseguiu evitar as prisões. Dois dos integrantes do bando foram presos e apresentados na manhã desta segunda-feira Outras quatro pessoas envolvidas no crime seguem foragidas. Uma pistola automática .40, de uso restrito das forças de segurança, foi apreendida.
O crime ocorreu em outubro de 2013. Quando Jayme parou seu Ford Fusion na entrada da garagem do prédio onde morava, na Rua Cecília Fonseca Coutinho, foi surpreendido pelos criminosos. Com a conclusão do inquérito, seis pessoas foram indiciadas e tiveram mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça. Dois acusados, Gilmar Miranda Correia, de 24 anos, e Warley Miranda de Oliveira, também conhecido como Bebê, de 30, foram presos. Luiz Henrique Nascimento do Vale, o Totó, Douglas Miranda Martins, o Bula, David Rafael de Oliviera, o Baia, e Elaine Cardoso Silva, são considerados foragidos.
A desavença entre a quadrilha e o advogado teria começado depois de um assalto a um posto de combustível, em outubro de 2013. Douglas Miranda programou o crime com a amante, que trabalhava no local, no Bairro São Januário, em Ribeirão das Neves, na Grande BH. Junto com o primo, Warley de Oliveira, eles invadiram a tesouraria do posto e roubaram R$ 300 mil. Menos de um mês depois, os três envolvidos já estavam identificados e Douglas e a amante dele, Débora Bruna Arcanjo, de 19, presos. Além disso, a mulher dele, Elaine Silva acabou presa por lavagem de dinheiro.
Por causa desse crime, a quadrilha procurou Jayme para livrar o grupo da prisão. O defensor foi indicado por Luiz Henrique, o Totó, que já era cliente dele. Nas negociações, a vítima pediu R$ 100 mil para libertá-los. O valor chegou a ser pago pelos criminosos, mas o advogado não teve sucesso na defesa. Por isso, o grupo teria armado uma emboscada para assassinar o homem.
Segundo a Polícia Civil, Elaine Silva ameaçou o advogado e pediu a devolução do dinheiro. Porém, ainda segundo os investigadores, o defensor disse que não devolveria, acreditando na amizade que tinha com Totó. A vítima foi surpreendida quando chegava em casa no início da noite. Imagens de câmeras de segurança coletadas pelos investigadores na época do crime revelaram dois homens usando capuz e disparando tiros de pistola e fuzil no carro em que estava o advogado. Os atiradores foram identificados como sendo Warley e David.
A pistola usada no crime foi apreendida. Já o fuzil, a polícia acredita que possa ser a arma roubada de uma delegacia de Vespasiano, na Grande BH, dias antes do crime. “Foi uma investigação complexa justamente pelo número de linhas de investigações. Foi enxurrada de denúncias logo depois do assassinato”, explicou o delegado.