Antes de reunir milhares de fiéis e todo o clero celebrando amanhã, às 9h, a missa da unidade no Ginásio do Mineirinho, o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, abriu ontem a semana santa entre os moradores de rua da capital. “Vim rezar a via-sacra junto dos que mais precisam, para que possamos refletir de que nada somos por nós mesmos e que temos de cuidar uns dos outros”, pregou.
Entre os estreitos corredores do Abrigo Primeiro de Maio, mantido pela Sociedade São Vicente de Paulo e pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), dom Walmor fez uma verdadeira via-sacra em cada passo do sofrimento de Cristo. Era acompanhado, de perto, pelos moradores de rua, que ajudaram a pintar os quadros. “Já passei dificuldades na vida, mas nenhuma igual a esta crise. Dou graças por ter encontrado um lugar para me acolher”, agradecia o instrutor de auto-escola Arionaldo Souza. Aos 59 anos, ele foi obrigado a conseguir vaga no albergue, pela primeira vez.
Na mesma situação, estava o ajudante de pedreiro Luan de Melo Silva, de 23, visivelmente incomodado por se mudar para o abrigo, levando mulher e duas filhas, uma ainda de colo e outra de apenas 2 anos. “Fiquei sem acreditar, sabe? Na sexta-feira ou no máximo na segunda-feira, alugo um quartinho e saio daqui”, diz o jovem, que pegou bicos vendendo garrafas de água nos sinais de trânsito. Segundo ele, que trabalha desde os 16 anos, a falta de registros na Carteira de Trabalho prejudica arranjar nova ocupação. Entretanto, não vai deixar de comemorar com as crianças a ressurreição de Cristo, no calendário católico. “Minha Páscoa vai ser de muita alegria, pois estou reunido com minha família”, afirma.
Muito além dos ovos de chocolate e coelhos de pelúcia, a programação da semana santa em Minas é intensa, movida por muito fervor e distribuída, principalmente, nas cidades históricas. Na Quinta-feira Santa, uma atração é a abertura do Santo Sepulcro em Sabará, na Grande BH, único lugar do país onde “Jesus ressuscita antes de morrer”. A tradição, que vem desde os tempos dos escravos, era feita por leigos e, agora, tem à frente um padre católico.
Na Sexta-feira da Paixão, também em Sabará, ocorre de madrugada, a partir das 4h, a tradicional via-sacra, saindo da Igreja São Francisco até a Capela do Senhor Bom Jesus, no Morro da Cruz. Outra via-sacra tradicional é a da Serra da Piedade, em Caeté, a partir das 7h. Os fiéis cumprem o percurso de 5,5 quilômetros do sopé da montanha até onde fica a ermida de Nossa Senhora da Piedade, que está em restauração. Ouro Preto também oferece a caminhada da penitência, de longo trajeto, a partir das 6 horas.
Uma das mais tradicionais cerimônias do descendimento da cruz ocorre a partir das 20h30, na escadaria da Igreja de Nossa Senhora das Mercês, em São João del-Rei, na Região de Campo das Vertentes. Em Mariana, na Região Central, cidade que ficou marcada pela tragédia do derramamento da lama da Barragem de Fundão, no distrito de Bento Rodrigues, em novembro de 2015, a cerimônia do Lava-pés não vai ser na Catedral da Sé, que está fechada para reparos, mas sim na Praça Minas Gerais. À meia-noite, após o sermão da Sexta-feira da Paixão, ocorre a costumeira Procissão das Almas (saindo da igreja das Mercês).
TAPETES E ANJOS Um dos eventos mais aguardados da semana santa é a confecção dos tapetes de serragem ao longo das ruas seculares das cidades históricas, como Ouro Preto (Região Central) e Diamantina (Vale do Jequitinhonha), que ocorre desde a madrugada do dia anterior. Em Ouro Preto, a procissão da ressurreição sairá da Matriz de Nossa Senhora do Pilar, às 8h30. Além da decoração nas ruas, a cerimônia é acompanhada por crianças vestidas de anjos. Os moradores da cidade, caracterizados com vestes de figuras do antigo e do novo testamento, caminham solenemente sobre os 4,5 quilômetros de tapetes de figuras coloridas, representando cenas religiosas. Em Diamantina, a procissão que vai celebrar a Páscoa será às 10h, saindo da Catedral Metropolitana em direção à Basílica do Sagrado Coração, no Centro Histórico.
Entre os estreitos corredores do Abrigo Primeiro de Maio, mantido pela Sociedade São Vicente de Paulo e pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), dom Walmor fez uma verdadeira via-sacra em cada passo do sofrimento de Cristo. Era acompanhado, de perto, pelos moradores de rua, que ajudaram a pintar os quadros. “Já passei dificuldades na vida, mas nenhuma igual a esta crise. Dou graças por ter encontrado um lugar para me acolher”, agradecia o instrutor de auto-escola Arionaldo Souza. Aos 59 anos, ele foi obrigado a conseguir vaga no albergue, pela primeira vez.
Na mesma situação, estava o ajudante de pedreiro Luan de Melo Silva, de 23, visivelmente incomodado por se mudar para o abrigo, levando mulher e duas filhas, uma ainda de colo e outra de apenas 2 anos. “Fiquei sem acreditar, sabe? Na sexta-feira ou no máximo na segunda-feira, alugo um quartinho e saio daqui”, diz o jovem, que pegou bicos vendendo garrafas de água nos sinais de trânsito. Segundo ele, que trabalha desde os 16 anos, a falta de registros na Carteira de Trabalho prejudica arranjar nova ocupação. Entretanto, não vai deixar de comemorar com as crianças a ressurreição de Cristo, no calendário católico. “Minha Páscoa vai ser de muita alegria, pois estou reunido com minha família”, afirma.
Muito além dos ovos de chocolate e coelhos de pelúcia, a programação da semana santa em Minas é intensa, movida por muito fervor e distribuída, principalmente, nas cidades históricas. Na Quinta-feira Santa, uma atração é a abertura do Santo Sepulcro em Sabará, na Grande BH, único lugar do país onde “Jesus ressuscita antes de morrer”. A tradição, que vem desde os tempos dos escravos, era feita por leigos e, agora, tem à frente um padre católico.
Na Sexta-feira da Paixão, também em Sabará, ocorre de madrugada, a partir das 4h, a tradicional via-sacra, saindo da Igreja São Francisco até a Capela do Senhor Bom Jesus, no Morro da Cruz. Outra via-sacra tradicional é a da Serra da Piedade, em Caeté, a partir das 7h. Os fiéis cumprem o percurso de 5,5 quilômetros do sopé da montanha até onde fica a ermida de Nossa Senhora da Piedade, que está em restauração. Ouro Preto também oferece a caminhada da penitência, de longo trajeto, a partir das 6 horas.
Uma das mais tradicionais cerimônias do descendimento da cruz ocorre a partir das 20h30, na escadaria da Igreja de Nossa Senhora das Mercês, em São João del-Rei, na Região de Campo das Vertentes. Em Mariana, na Região Central, cidade que ficou marcada pela tragédia do derramamento da lama da Barragem de Fundão, no distrito de Bento Rodrigues, em novembro de 2015, a cerimônia do Lava-pés não vai ser na Catedral da Sé, que está fechada para reparos, mas sim na Praça Minas Gerais. À meia-noite, após o sermão da Sexta-feira da Paixão, ocorre a costumeira Procissão das Almas (saindo da igreja das Mercês).
TAPETES E ANJOS Um dos eventos mais aguardados da semana santa é a confecção dos tapetes de serragem ao longo das ruas seculares das cidades históricas, como Ouro Preto (Região Central) e Diamantina (Vale do Jequitinhonha), que ocorre desde a madrugada do dia anterior. Em Ouro Preto, a procissão da ressurreição sairá da Matriz de Nossa Senhora do Pilar, às 8h30. Além da decoração nas ruas, a cerimônia é acompanhada por crianças vestidas de anjos. Os moradores da cidade, caracterizados com vestes de figuras do antigo e do novo testamento, caminham solenemente sobre os 4,5 quilômetros de tapetes de figuras coloridas, representando cenas religiosas. Em Diamantina, a procissão que vai celebrar a Páscoa será às 10h, saindo da Catedral Metropolitana em direção à Basílica do Sagrado Coração, no Centro Histórico.