Na parte da manhã, fizeram vistoria na igrejinha a arquiteta da Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Municipal de Cultura (FMC)/PBH, Luciana de Carvalho Teixeira, e as técnicas da Gerência de Ação preventiva do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG) Andréa Sasbili Leite Praça e Flávia Alcântara. As três preferiram não fazer comentários sobre a pichação. Mas quem passava pelas imediações não se furtava a gritar em voz alta palavras como “vergonha” e “absurdo”. Construído entre 1943 e 1945 e com visitas mensais de 3 mil pessoas, o templo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Iepha e Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural Municipal.
Na caminhada matinal ao lado da mulher Cláudia Oliveira, o empresário Geraldo César de Sá, morador do Bairro Castelo, ficou impressionado com o que viu. “Isso só pode ser um caso patológico”, afirmou Geraldo, ciente da gravidade que é sujar uma obra projetada por Niemeyer e candidata a patrimônio da humanidade – o título com a chancela da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) será anunciado em junho, em Istambul, na Turquia. Ao olhar bem de perto as pichações, Cláudia se mostrou “estarrecida”.
Na sua bicicleta, o educador ambiental Marcelo José Cândido, também morador do Bairro Castelo, considerou a pichação um ato de vandalismo e culpou o poder público pela falta de segurança na Região da Pampulha.
RESTAURAÇÃO ADIADA Prevista inicialmente para este mês e depois adiada para agosto, a restauração da Igreja de São Francisco de Assis só começará em janeiro. A situação de degradação é urgente, conforme especialistas. Em 23 de janeiro de 2014, o Estado de Minas mostrou a situação da edificação considerada joia da arquitetura brasileira e atrativo para visitantes que, todos os dias, se enfileiram na calçada para tirar fotos e admirar o cartão-postal de BH. Com jardins de Burle Marx e painéis de Cândido Portinari e Paulo Werneck, o monumento traz as marcas de infiltrações, queda de reboco na marquise e muita sujeira nas pastilhas externas. E mais: falhas na calçada de pedras portuguesas e desprendimento, perto da torre, de parte da pintura..