O lixo acumulado nas residências persiste como um dos obstáculos para o combate ao Aedes aegypti em Belo Horizonte. Somente neste ano, 3.257 toneladas de materiais que poderiam se tornar criadouro de dengue foram recolhidos nas nove regionais da capital, durante os mutirões intersetoriais coordenados pela Secretaria Municipal de Saúde, Defesa Civil e secretariais regionais, com apoio da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). A maior quantidade, um total de 658 toneladas, foi retirada durante 10 visitas realizadas à Regional Pampulha, onde há 1.820 diagnósticos confirmados de dengue.
Já a Regional Oeste, que já recebeu nove mutirões este ano, aparece com a segunda maior quantidade de inservíveis recolhidos: um total de 538 toneladas de materiais. Na Região Barreiro foram (227 toneladas), na Centro Sul, 140 toneladas, na Leste, 385 toneladas, Nordeste, 226 toneladas, Norte, 361 toneladas, Noroeste, 341 toneladas e Venda Nova, 381 toneladas. Até o momento, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, já foram realizados 81 mutirões intersetoriais, com a vistoria em mais de 180 mil imóveis, além de 370 mil visitas de rotina feitas por agentes de endemia e de comunitários de saúde.
Na quarta-feira, 23, durante o mutirão na Regional Venda Nova, a prefeitura retirou um caminhão de lixo em um único imóvel. A situação registrada no imóvel de um senhor de 75 anos chama a atenção para o hábito de acumular materiais em casa, facilitando a proliferação do vetor da dengue, zika e chikungunya. Daniele Oliveira Abrão Leal, gerente de Controle de Zoonoses da Regional Venda Nova, lembra a atenção que moradores devem dar para materiais aparentemente inofensivos. “O problema é que o próprio morador ainda acumula muito lixo, e, em alguns casos, quando chegamos a um imóvel está tudo aparentemente limpo, mas quando começamos a vistoria, observamos que há o que ser recolhido”, afirma.
Ainda de acordo com a gerente, a cada mutirão são retiradas 40 toneladas de materiais de casa e realizadas pelo menos 25 viagens de caminhão para a retirada do material, apenas em Venda Nova.
Embora muitos moradores participem dos mutirões permitindo o recolhimento desses materiais na porta de suas casas, alguns ainda mantêm lixo nas residências. Moradores de um edifício na Rua Francisco Bicalho, no Padre Eustáquio, denunciam uma cobertura abandonada, que oferece riscos a quem vive no local. “Eu tive dengue, meu filho, que tem paralisia cerebral, também teve, além de um vizinho do prédio e um vizinho do prédio ao lado”, conta o morador Marcelo Morais, que já denunciou a situação. O problema, segundo ele, começou há três anos, quando a obra realizada no apartamento foi embargada pela prefeitura. Desde então moradores tentam, sem sucesso, contato com o proprietário. “Nosso pedido é para que faça ao menos uma limpeza”, pondera.
A Regional Noroeste informou através da Gerência de Fiscalização, que existe uma ação em andamento para o imóvel e que os proprietários já apresentaram projeto para a regularização da edificação. O processo estaria em tramitação na Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Com relação à limpeza, a Gerência de Zoonoses disse que encaminhou uma equipe ao local na tarde de ontem para realizar uma vistoria e verificar possíveis focos de dengue e tomar as providências necessárias. O local, segundo vídeo feito pelos moradores, tem tijolos, latas de tinta, baldes e outros entulhos que, quando chove, acumulam água.
Casos de dengue
Belo Horizonte já soma 16.635 pessoas infectadas pela dengue este ano, conforme balanço divulgado ontem pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). Os casos confirmados representam 25% do total de notificações, e os descartados, 5.163, 7%. O restante, 44.456 , está sob investigação.