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Estado de Minas

Abertura do Sepulcro do Senhor atrai centenas de fiéis em Sabará

Igreja de São Francisco de Assis foi tomada por uma multidão que acompanhou a cerimônia


postado em 25/03/2016 06:00 / atualizado em 25/03/2016 07:32

A cerimônia de abertura do Sepulcro do Senhor faz parte da história sabarense e vem sendo preservada como bem religioso e cultural(foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
A cerimônia de abertura do Sepulcro do Senhor faz parte da história sabarense e vem sendo preservada como bem religioso e cultural (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)

Centenas de fieis foram até a Igreja de São Francisco de Assis, em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para acompanhar a cerimônia de abertura do Sepulcro do Senhor, tradição religiosa realizada durante as celebrações da semana santa. Ao som de uma matraca e, após a apresentação de um coral, padre Rogério Messias abriu a cerimônia e descerrou a enorme cortina negra que impedia as pessoas de verem ao fundo a imagem de Cristo. O cheiro de manjericão, que já podia ser sentido do lado de fora da igreja, se misturava ao de incenso, cuja fumaça dava um tom lúgubre ao cenário.

“É uma cerimônia paralitúrgica, ou seja, fora da liturgia, que pode ser realizada com ou sem o padre e que já se tornou tradição na cidade. Estou em Sabará há cerca de seis anos e tenho observado que o interesse da população  pela cerimônia só cresce. É uma manifestação de fé e esperança para todos, portanto, deve ser preservada, como tantas outras”, esclarece o padre Rogério.

“Há muitos anos temos procurado manter e preservar as tradições da cidade. Sabará é histórica, colonial e, embora seja próxima de Belo Horizonte, conserva ainda muitas tradições, como outras cidades do interior. Várias solenidades são realizadas de uma forma barroca, com muita tradição e fé, por cerca de 200, 300 anos. Uma das coisas que a nossa equipe vem sempre trabalhando é a preservação desses valores, não só religiosos, mas culturais. Hoje, aqui na abertura do Santo Sepulcro, temos também a vigília, que é uma linda tradição e tudo isso faz parte da história do sabarense”, ressalta José Bousas, historiador e presidente da Comissão de Semana Santa.

Cerimônia


Para a engenheira química Nathália Silva, de 25 anos, é uma tradição que deve ser mantida. “Venho aqui desde criança. Naquela época já vinha acompanhando minha vó. “Para mim, significa a realização da fé. “Venho à cerimônia por mais de 15 anos. Não perco uma, pois este é um momento de reflexão, oração e perdão. Acho que todos deveriam comparecer e elevar seu momento de fé e esperança”, diz a babá Sara Frutuoso da Silva. “Venho à cerimônia há mais de 30 anos. É que ela significa muito para mim, procuro manter a tradição. E posso garantir que já alcancei muitas graças. Aqui renovo minha fé, minha religião, minha esperança. Essa cerimônia representa muito para todos nós sabarenses”, ressalta a aposentada Maria Lúcia dos Santos.

O matraqueiro oficial de Sabará, Francisco Dário dos Santos, de 43, participa da cerimônia de abertura do Santo Sepulcro há mais de 40 anos. “Venho à cerimônia desde pequeno. Bater matraca era um projeto do meu pai, que já havia herdado do meu avô. Ambos fizeram isso por muitos anos. Quando era pequeno, eu vinha com uma matraquinha feita por meu pai com latas de óleo. Depois, ele decidiu parar e passou a vez para mim, que continuo mantendo a tradição da família. A cerimônia de abertura sempre me emociona, pois, além de ser linda, nos traz, a cada ano, mais fé, mais religiosidade, mais esperança. É muito importante e gratificante. É uma cerimônia que o próprio povo criou e não a Igreja, dentro do templo de Jesus, perto do corpo de Jesus, numa quinta-feira de muita tristeza e solidão. É quando a gente sente o perfume dos manjericões, que as pessoas trazem para perfumar a igreja e depois  levam de volta os ramos bentos. É uma tradição que não pode acabar nunca.”

Abaixo-assinado


Ao mesmo tempo em que celebravam a abertura do Santo Sepulcro, os fiéis sabarenses pediam a Deus pela permanência do padre Rogério, que deverá ser transferido da cidade, no fim de abril. Insatisfeita, a população até organizou uma abaixo-assinado, já com mais de 1 mil assinaturas. “Há uma vontade muito grande da população de que o padre Rogério permaneça entre nós, pois ele dá muito apoio à tradição religiosa da cidade. Posso garantir que houve um crescimento a partir da chegada dele a Sabará. Agora, em plena semana santa, receber a notícia de que ele será transferido é muito triste. A população está inconformada. Ele é um padre que procura preservar as tradições mineiras”, lamenta o historiador José Bousas. “Vamos rezar para que ele fique entre nós”, salienta a babá Sara Frutuoso. “Estamos muito chateados com isso. Padre Rogério fez com que muita gente voltasse a frequentar as tradições da Igreja”, conta Maria Lúcia dos Santos.


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