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Estado de Minas

Outono eleva chances de transmissão do vírus H1N1, que já causou mortes em Minas

Primeiras mortes provocadas pela gripe H1N1 em Minas e surto da doença em SP põem médicos em alerta, enquanto a população ainda enfrenta a dengue, zika e chikungunya


postado em 29/03/2016 06:00 / atualizado em 29/03/2016 14:58

Pacientes aguardam atendimento em centro de saúde de Belo Horizonte, muitos deles com sintomas de dengue ou de doenças respiratórias(foto: Cristina Horta/EM/DA Press)
Pacientes aguardam atendimento em centro de saúde de Belo Horizonte, muitos deles com sintomas de dengue ou de doenças respiratórias (foto: Cristina Horta/EM/DA Press)
Este outono exigirá mais atenção à saúde. Além da tendência de que a fase de maior concentração de casos de dengue –  entre março e maio – se intensifique e se estenda este ano, quando a estação será mais chuvosa, da expectativa de que a epidemia seja a maior da história, da zika e da febre chikungunya, que aparecem como novas doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, a população terá ainda que se precaver contra os males respiratórios comuns para a época e a ameça de gripe H1N1. Só em São Paulo, já são 38 óbitos por complicações do H1N1 neste ano. Em Minas Gerais, são três casos confirmados e dois óbitos, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES). As primeiras mortes provocadas pela gripe ocorreram em Frutal, no Triângulo Mineiro, onde há outros 19 casos suspeitos da doença.



Dor nas pernas, costas, peito, joelho, febre alta e tosse intensa preocupam a costureira Kelly Roberta Gomes, de 34 anos, que procurou o Centro de Saúde Nossa Senhora de Fátima, no Bairro Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, em busca de diagnóstico. “A gente não sabe que tipo de gripe é. Cada dia é um vírus diferente”, afirma. Além da gripe, a costureira teme outras enfermidades. Os sintomas apareceram quando ela estava no trabalho, onde outras duas funcionárias tiveram dengue. “Minha patroa aconselhou que eu viesse para saber o que era.” O medo do H1N1 também levou a empregada doméstica Maria do Rosário Marques, de 61, ao centro de saúde na tarde de ontem. “Estou com febre, tosse e minha boca está ferida por dentro. Tenho muita dor no corpo e chieira no peito.”

No Centro de Saúde São José Operário, no Bairro Boa Vista, na Região Leste, muitos pacientes chegaram, na tarde de ontem, com queixas de sintomas diversos. Na manhã, a dona de casa Janice Gusmão Chaves, de 46, fez o exame de sangue para saber se a dor de cabeça, febre e dor no corpo são sintomas de dengue. À tarde voltou, para fazer o hemograma, exame de sangue que permite a contagem de plaquetas, que são reduzidas em casos de dengue. “Eu faço a minha parte. Retiro a água das plantas, não deixo o lixo se acumular. Mas a dengue está aí. Meu sobrinho e minha filha tiveram”, conta. Ainda sentindo o corpo dolorido, o carpinteiro Jair Pereira da Silva, de 53, se recuperava da dengue que o acometeu por 12 dias. “Peguei no dia 16 e até hoje não estou legal. São 12 dias sem trabalhar. Vômito, febre e dor no corpo. Mal conseguia ficar de pé, nem sentado.”

IMUNIZAÇÃO O surto de H1N1 em São Paulo preocupa a comunidade médica pelo trânsito de pessoas de um estado para outro, que facilitaria a transmissão da doença em Minas, diz o diretor da Sociedade Mineira de Infectologia e Carlos Starling. Outro ponto de alerta para o infectologista é a intercessão de epidemias, como a dengue e a gripe H1N1. “O pronto-atendimento vira ponto de contaminação para doenças por vias aéreas. Uma pessoa com dengue pode acabar contraindo H1N1 ao procurar atendimento”, exemplifica o médico.

Em Frutal, no Triângulo Mineiro, onde há circulação do vírus H1N1 e a investigação de 19 casos, a Secretaria Municipal de Saúde atribui a situação à proximidade com municípios paulistas que vivem a epidemia, como São José do Rio Preto e Catanduva. Com 57,4 mil habitantes Frutal pediu ao governo do estado a antecipação da campanha de vacinação, prevista para começar em 30 de abril, com o Dia D de vacinação, mas ainda não obteve resposta. A dengue é outro problema enfrentado pela cidade, que já tem 700 casos notificados.

Com dores, febre e tosse, Kelly foi ao posto em busca de diagnóstico(foto: Cristina Horta/EM/DA Press)
Com dores, febre e tosse, Kelly foi ao posto em busca de diagnóstico (foto: Cristina Horta/EM/DA Press)
A SES informou que o estado apresenta um quadro dentro do esperado para a sazonalidade da Influenza – com seis casos notificados, sendo três por H1N1, dois por Influenza A não suptipado e um por Influenza B, além de dois óbitos até 22 de março – e que situação não é semelhante à vivenciada em São Paulo. A secretaria afirmou ainda que não há ameaça para o estado, mas que enviou um alerta epidemiológico para as unidades de saúde, com o objetivo de informar e sensibilizar os profissionais da assistência. Ainda segundo a SES, a campanha de vacinação não será antecipada, sendo realizada de 30 de abril a 20 de maio. Entre os grupos prioritários para receber a vacina estão crianças de seis meses a cinco anos, gestantes, mulheres que tiveram filhos há até 45 dias, trabalhadores de saúde, povos indígenas, pessoas com mais de 60 anos ou portadoras de doenças crônicas como diabetes, asma, bronquite e hipertensão.

Guerra ao Aedes pela web


O combate ao Aedes aegypti ganhou novo aliado. Inaugurado há uma semana, o site Foco de Dengue (www.focodedengue.com.br) atua com ferramenta web colaborativa e reúne denúncias de possíveis focos flagrados em BH. As pessoas se cadastram e, para fazer uma denúncia, informam endereço e postam fotos do local onde possam estar os criadouros do mosquito.  Os interessados em colaborar têm a opção de atuar eliminando os focos, chamar um agente de saúde por meio da prefeitura ou entrar em contato com o responsável pelo local. Segundo o idealizador do projeto, Vinícius Fonseca, uma aceleradora já demonstrou interesse no negócio.


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