Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti têm explosão em novo balanço da Saúde

De janeiro a março, casos da doença no estado chegam a 251,3 mil e número ultrapassa os registros do mesmo período de 2013, quando epidemia teve 245,3 mil ocorrências

Márcia Maria Cruz
Funcionários da PBH combatem focos do Aedes aegypti em imóveis da capital. No estado, das 7,2 milhões de residências, apenas 45,98% foram vistoriadas, segundo o Ministério da Saúde - Foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press - 17/2/16
O número de casos de dengue em Minas Gerais, nos três primeiros meses deste ano, superam o mesmo período de 2013, quando ocorreu a pior epidemia já registrada da doença no estado. Enquanto de janeiro a março daquele ano foram 245.304 ocorrências, em igual período de 2016 já são 251.315 registros, de acordo com o Boletim Epidemiológico de Monitoramento dos Casos de Dengue, Chikungunya e Zika Vírus, divulgado ontem pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG). Foram confirmadas 30 mortes causadas pela doença no estado, uma a mais que no último balanço.

O boletim também aponta uma explosão nos casos de zika, atribuída à mudança no critério de diagnóstico. De 10 casos, conforme boletim divulgado na semana passada, o número saltou para 789. De acordo com critérios do Ministério da Saúde, quando há confirmação da circulação do vírus nos municípios, não é mais necessária a realização de exames laboratoriais, passando a ser considerados para a confirmação do diagnóstico apenas os exames clínicos. O documento também demonstrou que foram confirmados oito casos da febre chikungunya em Belo Horizonte, Santa Vitória, Limeira do Oeste, Nanuque e Água Comprida. A secretaria informa que todos os casos foram importados, uma vez que a infecção ocorreu em estados do Nordeste brasileiro.

O aumento dos casos contrasta com o número de vistoria em residências em Minas. As visitas domiciliares, que estão entre as principais ações para o combate ao Aedes aegypti, está longe de alcançar a totalidade de imóveis.
Dos 7,2 milhões residências no estado, apenas 45,98% foram vistoriadas, de acordo com dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde. O percentual coloca Minas em sétimo lugar no ranking nacional, liderado por Rondônia, onde 62,37% dos imóveis foram vistoriados. Entre as federações do Sudeste, Minas é o melhor colocado ficando à frente de Espírito Santo (40,69%), Rio de Janeiro (37,91%) e São Paulo (33,68%). Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, até fevereiro, dos 886 mil imóveis da capital, foram vistoriados 370 mil.

Para tentar reduzir as pendências de casas em que o acesso foi vedado, a Defesa Civil de Belo Horizonte adotou estratégia ostensiva para localizar os proprietários. Como muitos não são encontrados durante o dia, técnicos visitarão as residências, no período noturno, para tentar agendar a visita dos agentes de combate a endemias (ACE). “Estamos fazendo um piloto no Barreiro para identificarmos as dificuldades. O nosso objetivo é diminuir ao máximo o número de pendências”, afirma o coordenador da Defesa Civil de BH, coronel Alexandre Lucas. Cerca de 20% não receberam a visita de agentes ou porque os moradores não estão em casa ou não permitiram a entrada.

Desde que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) decretou estado de emergência em razão da infestação do Aedes aegypti, já foram realizadas 75 ações de entrada forçada em imóveis. De acordo com o município, a partir do Decreto 16.182, de dezembro de 2015, o poder público pôde intensificar as ações intersetoriais no combate ao mosquito.

Além das visitas dos ACEs e agentes comunitários de saúde (ACS), também são realizados mutirões nas regionais. A gerente de Vigilância em Saúde e Informação da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Maria Tereza da Costa, pontuou que este tem sido um ano atípico. Ela lembra que o número de casos começou a aumentar em janeiro. Diante desse quadro de proliferação do vetor, a especialista destaca que uma das principais ações são os mutirões. Até o momento, foram feitos 85 e retiradas 3 mil toneladas de lixo.
“Toda semana, são realizados mutirões com visita de uma média de 3 mil residências em cada uma das regionais”, informa.

RECURSOS
O Ministério da Saúde informou que houve redução nos casos de dengue grave (73%), passando de 262 no ano passado para 69 este ano. O órgão ainda informou que o Brasil tem um programa permanente de prevenção e controle do mosquito, com ações compartilhadas entre União, estados e municípios durante todo o ano. Disse ainda que os recursos federais destinados ao combate cresceram 39% entre 2010 e 2015, passando de R$ 924,1 milhões para R$ 1,29 bilhão. A promessa para 2016 é de incremento de R$ 580 milhões, uma vez que o valor chegará a R$ 1,87 bilhão.

PICADA INIMIGA

30


Óbitos causados pela dengue confirmados em Minas

789

Casos de zika no estado após mudança no critério de diagnóstico pelo Ministério da Saúde

8

Ocorrências de febre chikungunya em território mineiro. Todos os casos foram importados

Fonte: SES-MG.