A Ouvidoria-Geral do Estado (OGE) abriu, nesta quinta-feira, três procedimentos para apurar o desentendimento entre um policial civil e policiais militares na quarta-feira no Centro de Belo Horizonte. Na confusão, dois pedestres acabaram feridos. O ouvidor de Polícia de Minas Gerais, Paulo Alkmim, solicitou que as corregedorias das polícias Civil e Militar, além do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), tomem providências sobre o caso.
Para Alkmim, as cenas filmadas por um celular não pode acontecer novamente. “Foi uma situação lamentável. Colocou em risco a vida dos cidadãos. A polícia está aqui para proteger a população e não para criar este tipo de perigo”, explicou. “As polícias tem um protocolo quando existe este tipo de conflito e pelo visto não foi cumprido, acho que cabe a chefe da Polícia Civil e o comandante da PM sentarem e discutirem esse assunto, pois isso é inadmissível”, completou o ouvidor. Os policiais envolvidos na confusão podem ser, a depender das investigações, advertidos ou até expulsos das corporações.
Cada corporação conta uma versão para o caso. De acordo com a Polícia Militar, policiais do Gepar foram até a Rua 21 de Abril, no Centro, onde o rastreamento de um telefone celular apontou a localização do aparelho. Ainda na versão da PM, no local estavam quatro homens, entre eles o filho de um investigador da Polícia Civil, de 16 anos. O policial civil teria se identificado para tentar impedir a abordagem dos militares. No entanto, os PMs continuaram a ação ao reconhecerem dois receptadores que atuam na região.
Segundo o major Renato Federici, do 1º Batalhão, o policial civil teria agido de forma agressiva e pegou a arma. Dois militares tentaram imobilizá-lo. Durante a confusão a arma disparou. A bala atingiu o chão e depois a barriga de Kemerson Kelly dos Santos, de 23 anos. Vídeo feito pelo filho do policial civil mostra o momento da abordagem e o disparo da arma. Na gravação, é possível ouvir o investigador mandando os PMs tirarem a mão da arma e, após o tiro, criticando a dupla pelo tiro. Outro pedestre, identificado como Carlos Alberto Tertuliano, de 62, foi atingido por estilhaços de uma arma de choque usada pelos militares.
Em depoimento, o investigador disse que foi abordado de forma truculenta e, segundo a Polícia Civil, testemunhas confirmaram a versão dele. “(...) o policial civil contou que esperava pelo filho quando os militares iniciaram a abordagem 'de forma truculenta''. O investigador contou que se apresentou como policial lotado no Denarc e explicou que estava acompanhado do filho adolescente e de um amigo. As testemunhas encaminhadas pelos policiais militares à Central de Flagrante II ratificam as informações do policial civil, versão também confirmada pelas imagens registradas por transeuntes”.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, foram expedidas guias de corpo de delito para o policial civil, um dos militares e duas vítimas. A arma do investigador foi apreendida e encaminhada à perícia. As circunstâncias do disparo também serão investigadas. Por meio de nota, a Polícia Civil lamentou o ocorrido, “quando um investigador da Polícia Civil, lotado no Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc), foi arbitrariamente abordado por policiais militares na região Central de Belo Horizonte”, diz o texto.