Um desses equipamentos está no sentido Vitória, altura do Bairro Vila Oeste, Região Oeste de BH, pouco antes do viaduto sobre a Via Expressa. O trecho faz parte de uma grande reta em que os motoristas saem de um ponto de estrangulamento, que é o entroncamento com a Avenida Amazonas, e aceleram até diminuir novamente antes do trevo que vai para Sete Lagoas e Brasília. É comum ver carros, motos, ônibus e caminhões aproveitando a reta com leve declive, seguido de uma pequena subida, acelerando sem a preocupação com a velocidade máxima de 70Km/h. “O ideal é colocar essa estrutura já funcionando, que aí você não cria problema e obriga os motoristas a diminuírem, contribuindo para reduzir a quantidade de acidentes”, afirma o caminhoneiro Cleidson Oliveira, de 30 anos, que é de Sergipe, mas passa pelo Anel de 15 em 15 dias.
Segundo o tenente Pedro Barreiros, comandante do policiamento no Anel Rodoviário, todos os radares estão colocados em locais estratégicos, onde a incidência de acidentes é maior, o que aumenta a necessidade do seu funcionamento o mais rápido possível. Apesar de muitas pessoas já diminuírem pelo simples fato de observar o poste onde está o aparelho, ele diz que o equipamento desligado cria um problema. Os motoristas que sabem que o radar está desligado aceleram, enquanto aqueles que desconhecem diminuem, aumentando o risco de colisões traseiras. “Ano passado, conseguimos uma redução brusca de acidentes no Anel. Mas a diminuição poderia ser ainda maior se esses aparelhos estivessem ligados”, afirma o tenente. Em 2014, foram 2.553 batidas em toda a rodovia, número que caiu 35% ano passado, parando em 1.646 colisões.
PREOCUPAÇÃO Além dos 10 radares do Anel, a Via-040 também tem seis equipamentos em Minas – em BH e Contagem – e outros quatro em Goiás instalados na BR-040 que estão desligados desde abril do ano passado. Outros seis equipamentos de responsabilidade da Triunfo Concebra em Minas estão na mesma situação, porém, nas BRs 262 e 153. A empresa também tem oito parados aguardando a assinatura do convênio em Goiás e no Distrito Federal. A Triunfo manifestou, em nota, a preocupação com a situação. “Uma vez que a concessionária tem o compromisso assumido com a ANTT de reduzir o índice de acidentes no trecho de concessão, os radares são um instrumento fundamental para inibir infrações como excesso de velocidade”, diz o texto.
A Via 040 diz que cumpriu o que estava previsto no contrato de concessão, instalando os 20 equipamentos em toda a área de sua responsabilidade da BR-040. Agora, a empresa espera a autorização para ligá-los. Segundo a ANTT, os estudos relativos aos radares ainda não foram aprovados pela PRF, que é uma das condicionantes para que seja possível a operação dos controladores de velocidade. A PRF não retornou os contatos feitos pela reportagem do EM até o fechamento desta edição.
O POVO FALA
Os radares sem operar no Anel criam problemas para a circulação?
Gilmar de Albuquerque, 57 anos, motorista
“Na prática, o radar tem que funcionar sempre. Só assim o motorista obedece às regras e diminui a velocidade. Ainda mais no Anel Rodoviário, que tem muitos acidentes e tráfego de carretas e carros em alta velocidade.”
Sérgio Xavier, 32 anos,
motorista de ônibus
“Essa situação prejudica demais a segurança no Anel, principalmente de madrugada, quando vejo veículos em altíssima velocidade. Quem conhece a via e vê a lona preta nos radares sabe que não está funcionando e acelera.”
Washington Tolentino, 36 anos,
gerente-geral de varejo
“Os radares deveriam estar funcionando. Já aconteceu comigo de estar atrás de algum carro que diminuiu bruscamente assustado com o radar e eu ter que frear de repente, quase causando um acidente.”