As dificuldades em se transitar na rodovia BR-367, entre Minas Novas e Berilo, no Vale do Jequitinhonha, trouxeram um enorme prejuízo aos moradores e prestadores de serviços da região. Devido à precariedade da estrada, uma das empresas que faziam o trajeto desistiu de continuar, alegando à Prefeitura de Chapada do Norte que as condições da estrada a impediam de cumprir o quadro de horários, o que por contrato levaria a multas, além de sujeitar seus veículos à revolta de usuários.
Aproveitando-se disso, várias empresas clandestinas resolveram colocar ônibus para rodar no trajeto, cobrando os preços que lhes convêm, sem respeitar horários regulamentados pelo DER-MG e deixando de rodar quando a estrada está ruim, do mesmo jeito que as empresas com concessão formalizada. Uma passagem de Minas Novas a Berilo pela BR-367 custava R$ 15 numa linha formal, enquanto os genéricos, como costumam ser chamados, cobram até R$ 30. Um desses motoristas foi encontrado pela reportagem quando descarregava mercadorias e desembarcava passageiros no povoado de Morro Branco, em Chapada do Norte.
Segundo o DER-MG, o homem de 34 anos não tem autorização para esse tipo de transporte, mas o condutor não tem qualquer pudor em dizer que cumpre o trajeto irregularmente, inclusive preferindo não dirigir quando julga não haver condições. “Essa estrada é complicada demais. Quando chove, é uma tristeza, mas é ruim na seca também. Tem vez que é preferível nem passar aqui. Tem lugar com ponte, lugar sem ponte. As empresas de ônibus até pararam de passar por causa disso mesmo. Não tem ônibus que resista. Não sobra um embuchamento (das molas e sistemas de amortecimento) de tanto bater lata na estrada”, disse.
Segundo o especialista e consultor técnico em manutenção de veículos pesados Alberto Vidal Guimarães, os pneus são os componentes que mais sofrem numa estrada não pavimentada em más condições. “Ocorrem cortes nos pneus com frequência, quebra de peças da suspensão em função dos impactos.
Para evitar esses prejuízos, o especialista recomenda reduzir a velocidade. “Cair no buraco freando provoca um tipo de dano muitas vezes pior. Causa um efeito de alavanca sobre as peças da suspensão”. No barro, os pneus precisam estar em bom estado e ser adequados para não atolar. “A calibragem também é importante: pneus muito cheios não têm aderência correta e por isso também atolam”, afirma. Por outro lado, Guimarães aponta a poeira como um grande problema para quem trafega diariamente sob essas condições. “A poeira exige mais manutenção dos filtros de ar, filtro de cabine, aumenta o consumo excessivamente e diminui a vida útil do motor.”
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