O estudante Roney Soares Borges, de 17 anos, conta que no fim do trajeto todos acabam com mal-estar. “A gente chega bem exausto em casa e na escola, depois de 40 minutos sacudindo e pulando. É bem cansativo”, disse. Quando chove, estudantes nem sequer se arriscam a usar o transporte. “Muitos deixam de ir à escola por isso.
CARONA Mesmo que não seja sua função, o ônibus de transporte escolar acaba se tornando meio de transporte para os lavradores que não contam mais com o transporte intermunicipal e não podem pagar pelos clandestinos. “Pego esse ônibus todos os dias. Quando chove, às vezes não atravessamos (alguns pontos da BR). Quando é calor, fica essa poeirada. Hoje estou voltando do médico, que fica na cidade. Para mim, que tenho problema de saúde, preciso fazer exames e tratamento, fica difícil demais aguentar esse ritmo, mas não temos outra opção”, recama a lavradora Rosa Vaz da Costa, de 42 anos.
BR-367 é uma das piores do Brasil: confira o vídeo
Ponte queimada em protesto por asfalto
Outros municípios sem ligações asfálticas como Jacinto e Salto da Divisa, também na BR-367, São João das Missões e Montalvânia, na BR-135, no Norte de Minas, sofrem da mesma forma com esse tipo de condições. Em Salto da Divisa, no ano passado, moradores revoltados com a situação chegaram a incendiar uma das pontes de madeira da BR-367, exigindo asfaltamento. O município, na divisa com a Bahia, é o destino mais longo de ônibus intermunicipal a partir da rodoviária de Belo Horizonte, submetendo os passageiros a 865 quilômetros feitos em longas 16 horas, sendo 100 quilômetros entre solavancos e paradas longas em pista interrompida por chuva e buracos.
A situação é tão crítica que na rodoviária de Almenara os passageiros precisam sair do ônibus de viagem confortável e embarcar num veículo mais velho, de suspensão de molas em vez de a ar, motor dianteiro como o de caminhões e sem ar-condicionado para aplacar o calor intenso, restando abrir as janelas e enfrentar a poeira.
Segundo o Dnit, os projetos para asfaltamento da BR-367 estão em fase final de elaboração e a expectativa é de que a licitação para a obra saia ainda neste ano. No caso de Montalvânia, o trecho de 18 quilômetros da BR-135 que faz a ligação com Monterrei teve as obras paralisadas, pois necessita de adequações do projeto. Já o segmento de 38 quilômetros entre Manga e Itacarambi ainda está em “fase de elaboração dos projetos”..