Peças roubadas da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, em um dos crimes considerados mais graves em relação ao patrimônio cultural sacro do estado, devem entrar na base de dados de bens desaparecidos da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) entregou à corporação a descrição de sete peças furtadas. A suspeita é de que elas estejam em outros países.
O crime ocorreu há mais de 40 anos, porém não há detalhes de como os ladrões agiram. Isso se deve ao pedido de sigilo feito em 1978 pela censura federal. Os 15 objetos levados são do início do século XVIII, considerados de grande valor artístico e econômico. Recentemente, a Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais descobriu indícios de envio das peças para Lisboa, Portugal. Como elas não estavam inseridas no cadastro internacional, chamado de lista de difusão branca, foi solicitada a inclusão por parte da Interpol.
A solicitação foi feita na quarta-feira pelo coordenador da promotoria, promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda. Ele entregou à delegada federal Fátima Zulmira Rodrigues Bassalo fotografias, descrição detalhada e dimensões de uma urna de metal dourado da Irmandade do Santíssimo Sacramento, de um cálice custódia, de três cálices tradicionais e de duas coroas. As imagens devem ser disponibilizadas para consulta e busca pelos 190 países-membros da Interpol dentro de 15 dias.
A estimativa feito pela Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais é de que 60% dos bens sacros do estado foram perdidos em furtos, roubos e apropriações indevidas. A subtração, segundo o MPMG, movimenta um comércio ilegal e altamente rentável, mas que provoca prejuízo ao patrimônio cultural. As peças são levadas, normalmente, para antiquários, residências particulares, colocadas à venda em leilões e até pela internet.
Em busca do patrimônio perdido
Os visitantes da Matriz do Pilar de Ouro Preto podem conferir, até julho, a exposição com 22 painéis e totens informativos com fotos de bens sacros que foram desviados de comunidades mineiras e que ainda não foram encontrados. A mostra tem como título "Em busca do patrimônio perdido".