Segundo amigos, Cristiano estava no quinto período de direito da Fumec e trancaria a matrícula até junho para fazer um curso de aperfeiçoamento em inglês na Austrália, para onde viajaria no fim deste mês. Cruzeirense, gostava de jogar futebol com amigos, mas não integrava nenhum tipo de torcida organizada.
A confusão que o levou à morte ocorreu pouco depois das 4h30, em um estabelecimento no Bairro Novo Eldorado. De acordo com a Polícia Militar (PM), uma testemunha, que estava junto a Cristiano, informou que os dois saíam do imóvel, quando a vítima disse que algumas pessoas queriam agredi-lo. Os suspeitos cercaram os dois e começaram as agressões.
O amigo de Cristiano contou que teria tentado separar a briga, mas também acabou agredido. Um outro homem, de 41, foi socorrido e levado para o Hospital Municipal de Contagem. A PM foi acionada, mas quando chegou ao local do crime, o jovem já estava morto. Os suspeitos fugiram antes da chegada dos militares. O corpo da vítima foi levado para o Instituto Médico Legal (IML).
Os militares, identificados como Jonathas Elvis do Carmo, de 27 anos, e Jonas Moreira Matias, de 28, prestaram depoimento na Delegacia de Investigação de Contagem na tarde desta sexta-feira. Segundo o capitão Flávio Santiago, chefe da Sala de Imprensa da Polícia Militar (PM), militares faziam operações próximas à boate nesta manhã quando um morador alertou sobre uma arma. "Por volta das 8h30, aconteceu a instrução rotineira na Rotam quando o comandante foi acionado por militares do 13º Batalhão sobre o encontro da pistola de um policial militar da unidade. O comandante pediu a um oficial, diante das características colocadas no boletim de ocorrência, das filmagens e por causa da arma do policial encontrada no local, que conduzisse os dois militares a um delegado", afirmou.
Os soldados, que atuam na intendência da Rotam, ou seja, fazem trabalhos internos na unidade, afirmaram que estavam na boate quando se envolveram em uma briga. “Segundo os militares, houve uma discussão por pagamento de bebidas alcoólicas, e, durante a briga, a arma de um dos policiais desapareceu”, disse o capitão Santiago.
O soldado que perdeu a arma afirmou que não reportou o sumiço porque não houve tempo por causa da confusão da briga. A corregedoria acompanha o caso desde a confecção do boletim de ocorrência e também está junto aos militares no depoimento à Polícia Civil. No decorrer da apuração, eles podem até ser expulsos pela corporação. Jonathas trabalha como soldado há 5 anos e Jonas há 9.
Os dois prestaram depoimento em uma delegacia de Contagem. O delegado Alexandre Oliveira contestou a versão apresentada por eles. Em depoimento, disseram que o tumulto começou fora da boate por causa de um balde de cerveja. “As imagens das câmeras de segurança comprovam que a briga teve início dentro do estabelecimento”, afirmou Oliveira. Segundo ele, um terceiro homem, amigo dos policiais, já foi identificado. Será feito um pedido de prisão preventiva contra ele nos próximos dias. Segundo a Polícia Civil, o soldado Jonas já tem passagem por homicídio. Porém, não informou se foi durante o trabalho ou cometido fora de serviço.
A morte do jovem revoltou amigos e familiares, que utilizaram as redes sociais para demonstrar o carinho que têm por Cristiano e pedir por justiça. “Impossível entender essa brutalidade e falta de amor ao próximo. Existem pessoas neste mundo que nem de animais merecem ser chamadas. Vá na paz meu caro Cristiano Guimarães, olhe por todos aí de cima! Em orações por você e todos da sua família”, disse um amigo. “Meu Deus, até quando? Até onde vai essa violência??? Que tristeza... Vá em paz Cristiano Guimarães, que Deus o receba de braços abertos e dê conforto pra sua família”, comentou outro.
Centenas de pessoas lotam uma casa de velórios na Avenida Afonso Pena, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, para se despedir do jovem. O enterro está marcado para as 10h, no Cemitério do Bonfim.(Com informações de Lauro Lopes, da TV Alterosa)