Enterro do corpo do estudante de direito Cristiano Guimarães Nascimento, no Cemitério do Bonfim, em BH - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A/PressAmigos de infância e familiares se despediram de Cristiano Guimarães do Nascimento, jovem de 22 anos, que foi brutalmente assassinado, na madrugada de quinta. O assassinato teria sido cometido por dois soldados do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam) em uma boate em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O corpo do jovem chegou ao cemitério do Bonfim, no bairro de mesmo nome na Região Noroeste, por volta das 10h30, depois de ter sido velado no Funeral House, no Bairro Funcionários, Região Centro-sul. Dezenas de amigos deram adeus a Cristiano, lembrado como um jovem brincalhão e pacífico. “Quantos Cristianos terão que vir para alguma coisa mudar? Ele foi só mais um. Não foi o primeiro e não será o último a ser assassinado por policiais. Isso ocorre nas favelas”, desabafou Ana Clara Palmeira, de 22, que passou a conviver como irmã desde que sua mãe iniciou relacionamento com o pai do jovem.
O caixão não foi aberto numa cerimônia de muita emoção e revolta com a maneira com que foi tirada a vida de Cristiano. Bastante emocionado o pai Álvaro Nascimento e o irmão Fabiano Nascimento Guimarães, de 26, acompanharam o descendimento, enquanto amigos cantavam numa última homenagem.
“É revoltante. Você está com a pessoa todos os dias, nunca imaginaria que meu irmão seria assassinado por quem deveria dar segurança a gente. Meu irmão era uma pessoa bem quista por todos. Não tinha uma reclamação contra ele”, afirmou.
Cruzeirense, Cristiano cursava o 5º período de direito na Fumec e se preparava para viajar à Austrália - Foto: Reprodução de FacebookEm clima de indignação, familiares e amigos clamaram pela punição dos autores do homicídio. “Dessa vez a Justiça não vai falhar. Quem fez isso vai pagar. Não só com a Justiça dos homens, mas também com a Justiça divina”, desabafou o irmão único. O primo do jovem Marcelo Moura informou que o caso será acompanhado pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Segundo ele, está marcado um encontro para segunda-feira de manhã entre os familiares e os integrantes da comissão. “Onde está o comando da PM para nos explicar os fatos e nos dizer o que acontece? Não há justificativa para uma morte tão brutal. Não deram a ele qualquer direito de defesa, o agrediram covardemente”, afirmou o primo. Na sexta-feira, os militares, identificados como Jonathas Elvis do Carmo, de 27 anos, e Jonas Moreira Matias, de 28, prestaram depoimento na Delegacia de Investigação de Contagem.
Muitos amigos vestiram a camisa celeste para homenagear o amigo que era torcedor do Cruzeiro. Foi o caso da família de Aloísio Visacro, de 67, que foi com os dois filhos despedir de Cristiano com quem conviviam no Bairro Serra desde a infância.
“Ele estudou com meu filho. O grupo de amigo deles sempre saía lá de casa para ir aos jogos”, disse. O administrador Fabrício Visacro, de 33, rebateu a versão de que o amigo poderia ter se envolvido em uma briga. “Ele era da paz”, disse. Os amigos lembraram que a morte brutal colocou ponto final nos planos do jovem que estava no 7º período do curso de direito e pretendia fazer intercâmbio na Austrália para melhorar a fluência no inglês. .