O ex-delegado Geraldo do Amaral Toledo Neto, condenado pela morte da ex-namorada Amanda Linhares Santos, de 17 anos, é investigado por mais um crime pela Corregedoria da Polícia Civil. A apuração visa a confirmar se Toledo levou a jovem a uma clínica de aborto comandada por uma quadrilha desmantelada na última semana. Pelo menos 120 abortos realizados na capital podem ter sido feitos por Ilizabete Alves Menezes, de 69 anos, presa em 9 de março, suspeita de integrar a organização criminosa.
A quadrilha especializada em abortos começou a ser investigada quando a Corregedoria da Polícia Civil apurava o caso de um ex-policial que teria procurado Ilizabete para interromper a gravidez de uma companheira. A suspeita é que o policial seja o ex-delegado. De acordo com a assessoria de imprensa da corporação, o inquérito foi aberto para saber se a jovem foi mesmo a uma clínica de aborto, se realizou o procedimento e se Geraldo Toledo participou ou estava junto de Amanda na clínica. O em.com.br tentou contato com o advogado do ex-delegado, mas o celular do defensor estava desligado.
A operação que fechou a clínica clandestina ocorreu na última semana. De posse de um mandado de busca, equipes da Polícia Civil foram até o imóvel, localizado no Bairro Caiçara, Região Noroeste de Belo Horizonte. No local foram encontrados vários equipamentos usados por uma médica para realizar os procedimentos. Entre os medicamentos que também foram apreendidos estava o Cytotec, proibido no país.
Foram indiciados pelo crime de formação de quadrilha Jaqueline Alves Menezes e Marcelo Alves Menezes Ferreira, filhos de Ilizabete, além de Jaildo Souza dos Santos. Todos foram denunciados pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Marcelo e Jaildo são considerados foragidos, pois têm mandados de prisão contra eles.
No local foi encontrado também um caderno com anotações que datam de março de 2012 e contém informações de todos os abortos realizados. Nele estavam nomes de pessoas, quem as indicava, médicos que consultaram, exames feitos pela paciente e tempo de gravidez. Segundo as investigações, foram contabilizados 120 abortos.
Condenação do ex-delegado
O assassinato de Amanda Santos ocorreu em 14 de abril de 2013. Segundo as investigações, a jovem e Toledo brigaram e a menina foi baleada na cabeça. Testemunhas disseram que o casal estava no carro do policial, na estrada entre Ouro Preto e o distrito de Lavras Novas, na Região Central de Minas. O delegado nega que tenha atirado na adolescente, com quem mantinha um relacionamento marcado por desavenças, que geraram ocorrências policiais. A Justiça chegou a determinar que o policial não poderia se aproximar de Amanda. Porém, a defesa do réu informou que ele não chegou a ser notificado da decisão.
Em dezembro do ano passado, o ex-delegado foi condenado a 18 anos e nove meses de prisão por homicídio duplamente qualificado e fraude processual. Por causa da morte, Geraldo Toledo foi preso e ficou sete meses na Casa de Custódia da Polícia Civil, no Bairro Horto, Região Leste de BH. Depois, foi transferido para a Penitenciária Jason Soares Albergaria, no Bairro Primavera, em São Joaquim de Bicas, na Grande BH.