O temor quanto à doença surge depois do anúncio da SES-MG, que, na semana passada, mostrou o avanço dos óbitos provocados pela doença no estado. Em Minas, segundo confirmou a pasta, são sete mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave por influenza, incluindo o H1N1. Entre os municípios mineiros com registro de mortes pelo vírus influenza A, estão Santa Luzia e Ribeirão das Neves, na Grande BH, que registraram uma morte cada; e Guaxupé, no Sul, também com uma. Um óbito por influenza B também foi registrado em Astolfo Dutra, na Zona da Mata; e uma morte teria sido descrita como sendo de outro estado, sem mais detalhes informados. Em Frutal, duas mortes por H1N1 já haviam sido confirmadas.
Em Lavras, onde duas mortes são investigadas pela Fundação Ezequiel Dias (Funed) e há a confirmação de uma pessoa infectada pelo H1N1, o secretário municipal de Saúde, José Mourão Lasmar, garantiu que o objetivo da antecipação da campanha é imunizar prioritariamente os grupos de risco, conforme determinação do Ministério da Saúde. “Sabemos que inúmeras pessoas não têm condições financeiras de arcar com a compra dessas vacinas”, diz.
Enquanto a rede pública se movimenta para adiantar a vacinação, na rede particular há grande espera por uma dose. Ontem, em um laboratório no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, o tempo de espera entre pegar uma senha e ser vacinado chegou a duas horas. De cinco clínicas e laboratórios procurados pelo Estado de Minas, apenas uma disponibilizava doses da vacina trivalente ontem. No Hermes Pardini, que permanece com a vacinação, o preço cobrado pela trivalente é R$ 90. Já a quadrivalente não estava disponível, assim como nos demais locais consultados. A dose trivalente, segundo o laboratório, protege contra dois tipos de Influenza A e um tipo de Influenza B.
EFICÁCIA Diante de um cenário de grande procura pela vacina quadrivalente, Andrea Lucchesi, presidente do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Mineira de Pediatria, alerta quanto a eficácia da vacina trivalente, que será oferecida na rede pública. Ela garante que, embora a quadrivalente atenda mais um subtipo do influenza B, a trivalente cobre os subtipos que causam mais complicações, como o H1N1 e o H3N2, e é indicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Ainda de acordo com a especialista, o momento pede parcimônia, já que a vacina, neste momento, é indicada principalmente para crianças de 6 meses a 2 anos, com comorbidades como doenças respiratórias e neurológicas, ou para aquelas que serão levadas a áreas de risco, como São Paulo. “A correria que vemos em Belo Horizonte não é justificável neste momento. É preciso avaliar cada caso e a indicação para os demais casos é de cuidados que sempre devemos ter, como deixar as crianças em ambiente ventilado e lavar as mãos”, diz.
Procurada quanto à antecipação da campanha de vacinação em outros municípios mineiros, a SES-MG confirmou o envio de 1.319.600 milhão de doses, o equivalente a 25% do total às Regionais de Saúde e informou que a antecipação fica a critério do município caso identifique a necessidade.
O número de mortes no país provocadas pelo H1N1 subiu de 71 para 102, em uma semana, aumento de 43%. Boletim do Ministério da Saúde, com dados coletados até o dia 2 deste mês, mostra que a maioria dos óbitos ocorreu em cidades do estado de São Paulo, 70 ao todo.
A ocorrência de casos da doença também aumentou de forma significativa no período. Em uma semana, o total registros no Brasil da Síndrome Respiratória Aguda Grave, uma complicação da gripe, ligada ao H1N1, passou de 444 para 686 – um salto de 54%. Dos casos identificados da síndrome neste ano, 78% estão concentrados em São Paulo.
No Sudeste, foram identificados 553 pacientes com complicações provocadas pelo vírus.
Além de São Paulo, outros 13 estados registram mortes provocadas pelo vírus. Em nota, o Ministério da Saúde afirmou monitorar os casos de H1N1, que vacinas estão sendo distribuídas em todo o país e que os estados estão abastecidos com oseltamivir, medicamento indicado para as primeiras 72 horas de infecção e que poderia reduzir o risco de complicações provocadas pela doença.
No comunicado, o ministério afirma que, além da vacinação, a população deve adotar medidas de prevenção, como lavar sempre as mãos e evitar locais de aglomeração.
SÃO PAULO Ontem, no primeiro dia da campanha antecipada contra a gripe H1N1 na capital paulistana, o secretário municipal da Saúde, Alexandre Padilha, pediu calma à população e assegurou que não faltarão vacinas. “A vacina vai estar presente. Temos um estoque absolutamente garantido”, afirmou Padilha. Na rede municipal, as filas foram formadas antes mesmo de os centros de saúde abrirem. Padilha voltou a pedir que as pessoas tenham calma e não procurem o tamiflu após qualquer sintoma de resfriado, que pode não desenvolver para a gripe H1N1.
Já o prefeito de Quintana, no interior de São Paulo, Fernando Itapuã (PSC), entrou com ação na Justiça Federal, ontem, para obrigar o Ministério da Saúde a fornecer vacina à população da cidade contra o H1N1. Segundo ele, duas mortes causadas pelo vírus nos últimos dias deixaram em pânico os 6.437 habitantes da cidade.