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"Cena terrível", diz advogado que viu imagens da morte de universitário na porta de boate

Um dos militares suspeitos do crime já responde por conduta violência e o outro por homicídio no exercício da profissão

Mateus Parreiras
Consternação em enterro: advogado revela cenas de selvageria - Foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press
Um dos policiais militares suspeitos de envolvimento na briga que resultou na morte do universitário Cristiano Guimarães Nascimento, de 22 anos, na última sexta-feira, na saída de uma boate em Contagem, Grande BH, já responde por conduta violenta, que poderia tê-lo excluído do trabalho policial. O soldado Jonas Moreira Martins, de 28 anos, foi flagrado por uma das câmeras de vigilância do Sistema Olho Vivo, em 9 de dezembro de 2009, quando, de acordo com o Ministério Público, “realizou uma abordagem em que praticou violência no exercício de sua função de policial militar, desferindo contra a vítima coronhada, socos e chutes. Logo após, realizou, sem qualquer justificativa, disparo de arma de fogo e, por fim, mediante violência, obrigou a citada vítima a entrar em beco próximo, onde não foi possível capturar mais imagens”.

Jonas e o soldado Jonathas Elvis do Carmo, de 27, estão presos em dois batalhões da Polícia Militar, suspeitos de espancar até a morte o estudante, na última sexta-feira, em frente à boate. O soldado Jonathas também responde por homicídio no exercício da profissão, segundo informou a PM. Um terceiro suspeito foi identificado pela polícia e está solto, mas sua identidade ainda não foi revelada.

No processo por lesão corporal leve, o soldado Jonas acabou condenado em primeira instância a dois anos e três meses de prisão, mas ainda tramitam recursos antes do julgamento em segunda instância. Caso a condenação seja mantida pode culminar na exclusão do militar da corporação.

Na segunda-feira, o pai do jovem assassinado, o corretor de seguros Álvaro Abílio Nascimento Neto, de 57, iniciou uma peregrinação por vários órgãos do poder público, como a Ouvidoria-Geral do Estado, delegacia de Homicídios e Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa para exigir que a morte de seu filho caçula não fique impune.

O advogado do pai da vítima, Walter Neri, disse ter visto as cenas e contou que são pesadas. “O Cristiano sai da boate e um dos suspeitos tenta ir atrás, mas é contido por um segurança, até que pague a conta. Depois, os dois policiais e o outro suspeito pagam e correm atrás do Cristiano e dos amigos dele”, conta o advogado.
Na sequência, segundo o defensor, há uma briga generalizada e correria. “O Cristiano está correndo e é atingido por um dos soldados. Ele cai no chão e o militar chuta o pescoço dele e depois o mata com um pisão na cabeça. É uma cena terrível. O policial é o maior deles e disse em depoimento que luta artes marciais. O Cristiano não teve nenhuma chance”, disse.

Em nota, a boate Clube Havanna informou lamentar o ocorrido. “É inaceitável que ainda tenhamos de nos sujeitar à selvageria e ao desrespeito à vida humana. Repudiamos a violência e temos convicção de não haver qualquer justificativa para atos de tamanha brutalidade. Solidários ao sofrimento da família do jovem Cristiano Guimarães, estamos comprometidos em ajudar nas investigações da Polícia, para a devida punição dos responsáveis”, diz o texto.“Como mostram as imagens das câmeras do nosso circuito interno, Cristiano saiu da boate sozinho e caminhando normalmente.”

O EM tentou ouvir a defesa dos suspeitos, mas não conseguiu contato com os advogados..