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Estado de Minas

Escolas de Santa Luzia registram quatro casos de violência em dois dias

Em três deles, educadores se feriram com as ações de pais e alunos


postado em 14/04/2016 06:00 / atualizado em 14/04/2016 07:21

Da sala para a polícia: na delegacia, pais e professora envolvidos em ocorrência deram versões diferentes(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Da sala para a polícia: na delegacia, pais e professora envolvidos em ocorrência deram versões diferentes (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Em apenas dois dias, escolas localizadas em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, registraram pelo menos quatro casos de agressão envolvendo alunos, professores e pais de estudante. Depois que uma jovem de 17 anos esfaqueou uma colega de 15 em uma unidade educacional do município, na terça-feira, aparentemente por ciúmes, ontem mais três episódios demandaram intervenção da Polícia Militar na cidade. Em um deles, a mãe de um aluno de 7 anos e uma professora apresentaram versões diferentes para o que foi registrado pela PM como lesão corporal. Testemunhas disseram que a cuidadora de idosos Iuny Dutra, de 28, partiu para cima de uma professora aos socos e empurrões. As agressões só não foram mais sérias porque outras educadoras interviram e evitaram o pior. O motivo seriam maus-tratos praticados pela profissional contra o filho de Iuny, o que é negado pela professora. Em outros dois casos, estudantes brigaram dentro de sala e professores se machucaram ao tentar separá-los.

Segundo a PM, o primeiro caso de ontem ocorreu na Escola Municipal Maria das Graças Teixeira Braga, no Bairro São Benedito. A professora agredida, de 48 anos, que preferiu não se identificar, disse lecionar desde 1993, sendo que os últimos 13 anos foram trabalhados na unidade. Com 23 anos de experiência, ela conta que se surpreendeu com o que chamou de agressões gratuitas. “O filho dela é uma criança que tem dado alguns problemas, pois não respeita o ambiente da sala, levanta-se a toda hora do lugar e faz coisas que não deveria”, conta a educadora. Uma dessas atitudes teria sido repreendida por ela com uma advertência oral, mas não foi o que a mãe disse ter escutado do filho. “Ele contou que a professora passou uma atividade para os colegas irem entregando de mão em mão. Um deles não quis passar o papel e meu filho se levantou. Aí, ela puxou o braço dele e torceu para trás, mostrando como deveria passar a atividade para o de trás”, sustenta Iuny Dutra. A mãe diz ainda que o episódio foi seguido por gritos no ouvido da criança.

Iuny chegou à escola na manhã de ontem com o marido e, de acordo com a professora, partiu logo para a agressão. “Ela já veio me dando socos e empurrando. Quando o marido dela ameaçou me bater também, outras professoras chegaram e intervieram”, afirma a vítima. Já a mãe alega que apenas esbravejou e quis saber o motivo da agressão ao filho, mas três testemunhas atestam que ela bateu na educadora e que o marido esmurrou uma mesa e também ameaçou partir para a agressão. “Um sargento da Polícia Militar também dava aulas na escola no momento do fato, pelo Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), e ajudou a conter os envolvidos até a nossa chegada”, disse o cabo Matheus Romano. O militar contou ainda que, com os empurrões, a professora caiu e sofreu um corte, por ter batido em objetos que estavam na sala da Diretoria. Ela foi atendida na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do São Benedito e passa bem.

Visivelmente abalada, a educadora disse ter ficado surpresa com o fato. “Em 23 anos de profissão, nunca passei por isso. Como educar uma criança se os pais não são educados? Fiquei extremamente incomodada, em estado de choque. Não dá para admitir uma situação dessas”, desabafa. A Prefeitura de Santa Luzia emitiu nota endossando a versão da professora e dizendo que a família do garoto de 7 anos é ausente, pois não participa do acompanhamento escolar da criança nem compareceu às reuniões já realizadas este ano. A mãe promete procurar a Secretaria Municipal de Educação para apurar as supostas agressões que a criança sofreu.

ENFRENTAMENTO Os outros dois casos de violência foram registrados pela PM ainda na manhã de ontem. Um deles aconteceu na Escola Estadual Lafaiete Gonçalves, no Bairro Palmital. Um dos jovens, de 13 anos, brincava com um livro em uma das mãos, quando o objeto acertou o rosto de outro adolescente da mesma idade. A situação gerou uma briga repentina, com socos e chutes. Quando o professor de história da turma do 8º ano do ensino fundamental tentou intervir, acabou levando um soco no rosto. “Eu estava explicando a matéria e percebi uma discussão. Acabei tomando um soco. Nunca tinha presenciado alguma coisa desse tipo”, afirma o educador, que também pediu anonimato. Ele foi medicado na Unidade de Pronto-Atendimento do São Benedito e passa bem. O segundo episódio semelhante ocorreu na Escola Estadual Raul Teixeira da Costa, no Bairro Cristina. Uma professora também foi encaminhada à UPA depois de se ferir na tentativa de evitar uma briga entre dois alunos.


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