Templo neogótico com 146 torres, casa da padroeira de Belo Horizonte e ponto importante de peregrinação de moradores e romeiros de outras cidades. A Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem e Santuário Arquidiocesano de Adoração Perpétua, na Rua Sergipe, na Região Centro-Sul, estará fechada para reforma nos próximos quatro meses, fato inédito em décadas de presença na vida dos católicos. Enquanto são concluídos os serviços na cobertura, o que livrou a construção das infiltrações de água de chuva, começa a segunda etapa do restauro comandado pelo padre Marcelo Carlos da Silva, titular da paróquia e reitor do santuário. “Cuidamos agora de toda a parte elétrica, que vai trocar e embutir toda a fiação aparente, numa preparação para receber os projetos de sonorização, luminotécnico e de segurança”, explica.
Nas laterais internas do templo, o reitor e a administradora da paróquia, Graça Malveira acompanham a cuidadosa tarefa de retirada dos tacos de madeira, para perfuração da base que receberá o novo cabeamento. “É preciso muita atenção, pois esse revestimento vai voltar ao local de origem. Está sendo retirado com talhadeira, para não estragar nada”, afirma Graça. O padre informa que toda a etapa vai custar cerca de R$ 450 mil, já estando garantidos R$ 100 mil de uma emenda parlamentar e mais R$ 100 mil da comunidade, dentro da campanha Juntos pelo restauro, responsável também pela recuperação do telhado. O restante, segundo o padre, será obtido também com colaboração dos devotos.
Novo som
No lugar dos cânticos, dos salmos e das orações, o que ouve agora é o barulho do maquinário perfurando o piso da igreja. “Aqui tem mais de 300 anos de história, foi o marco zero de Curral del Rey, o arraial onde a capital foi construída. Nos primórdios, havia na região uma ermida, depois a matriz e finalmente a catedral em caráter provisório. “Vamos acabar com as gambiarras e os fios aéreos hoje existentes”, conta o padre Marcelo. Encantado com a arquitetura, a qual considera “belíssima”, ele mostra, de uma janela interna, parte da cobertura no estilo neogótico. “Parecem estalagmites, aquelas formações que brotam do chão nas grutas. Temos de quatro tamanhos, da principal aos pináculos (mini-torres), que são mais de 100. Mais dois dias e termina o trabalho no telhado”, explica.
Com tombamento municipal e estadual, além de elementos sob proteção federal e que pertenceram ao templo primitivo, a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem terá ainda uma terceira etapa, mas isso ainda não entra, por enquanto, no rol de preocupação do reitor e pároco. Ele adianta que a fachada voltará à cor original – ouro colonial – semelhante à dos prédios históricos da Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul, como o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).
Atentos ao desenvolvimento do projeto, os fiéis aplaudem a iniciativa. “Obra sempre causa transtorno, mas toda essa movimentação é necessária, pois esta igreja é muito frequentada”, afirma a aposentada Inês Barbosa, moradora do Bairro Funcionários. A professora aposentada Maria da Conceição Aramuni, moradora do Bairro Serra, diz que está tudo “no capricho”. Para ela, a Igreja “já foi catedral e precisa ser preservada”.
HISTÓRIA A história da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem teve início no século 18. Em 1709, o português Francisco Homem del Rey conseguiu autorização da Coroa, por meio de Cartas de Sesmarias, e se estabeleceu na região onde hoje se encontra BH. Segundo as pesquisas, ele trouxe uma imagem da padroeira dos navegantes portugueses, Nossa Senhora da Boa Viagem, que o acompanhou na travessia do Oceano Atlântico. Para proteger e homenagear a santa, Francisco ergueu em suas terras uma pequena capela de pau-a-pique. Como estava na rota dos tropeiros que passavam pela região transportando as riquezas do interior do país, a igrejinha recebeu o nome de Nossa Senhora da Boa Viagem e passou a ser conhecida, também, como a padroeira dos viajantes.
Com o passar dos anos e a enorme devoção dos fiéis, a capelinha ficou pequena para receber tanta gente e em seu lugar foi construída uma igreja maior. Mas com a construção da capital, foi necessário erguer uma nova igreja – o atual Santuário Arquidiocesano de Adoração Perpétua Nossa Senhora da Boa Viagem, inaugurado em 1923, data em que a cidade de Belo Horizonte foi oficializada como arcebispado.
NOVA LOGÍSTICA
Para receber os fiéis, o pároco da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, padre Marcelo Carlos da Silva, fez adequações nos espaços que compõem o templo. Veja as mudanças:
Missas
De segunda a sexta-feira, no Salão Paroquial (espaço para 250 pessoas)
Horários: 7h, 8h e 18h15
Quinta e sexta-feira, no Salão Paroquial
Horários: 7h, 8h, 12h15 e 18h15
Sábado, na Igreja
Horários: 7h,8h e 18h15
Domingo, na Igreja
Horários: 7, 8h30, 11h,18h, 19h30 e 21h
Casamentos
lSextas e sábados, também na Igreja
Adoração Perpétua do Santíssimo Sacramento
Durante 24 horas, na Capela de São Pedro Julião Eymard