Com as dificuldades, aumenta a expectativa para o início da vacinação contra a gripe na rede pública, mesmo que ela não atinja todas as faixas etárias. “A vacina estará disponível nos 148 centros de saúde da capital.
Em Minas, segundo a Secretaria de Estado de Saúde, já foram 34 casos confirmados de síndrome respiratória aguda grave por influenza este ano. Destes, 10 pacientes morreram. Dos 10 óbitos por influenza, quatro foram pelo subtipo H1N1 – em Frutal, no Triângulo Mineiro (dois), em Andradas e Lavras, ambas no Sul de Minas. Os demais quadros fatais ocorreram por influenza B e quatro por influenza A sem subtipo especificado.
Dificuldade Apesar da ansiedade para conseguir proteção contra a gripe, diante do avanço da doença e de surtos em estados como São Paulo, a batalha para se proteger contra o vírus H1N1 é só um dos desafios para quem precisa imunizar os filhos. Desde o segundo semestre do ano passado, pais de recém-nascidos e crianças pequenas já enfrentam dificuldade para encontrar doses também da pentavalente acelular, hexavalente acelular e meningocócica B na rede particular, em Belo Horizonte. Em nenhuma das cinco clínicas de imunização e laboratórios consultados pelo Estado de Minas foi possível encontrar sequer uma dose de qualquer um dos imunizantes, que são indicados pelos pediatras.
A pentavalente (acelular) oferecida na rede particular, segundo a diretora médica da Vacsim Prevenção e Saúde, Paula Fernandes Távora, protege contra a difteria, o tétano, coqueluche acelular, meningite por hemófilos e a poliomielite e está em falta desde o ano passado. Já a vacina oferecida na rede pública, a pentavalente de células inteiras, protege contra as mesmas doenças, exceto contra a poliomielite. A principal diferença entre os dois tipos de vacinas é que as doses acelulares provocam menos reações adversas, como febre, dor local e choro prolongado.
A falta da hexavalente no mercado – que completa um ano em maio – também desponta como problema para os pais. A vacina que tem praticamente a mesma proteção da pentavalente acelular e inclui a hepatite B, possibilita a imunização com apenas uma aplicação, o que garante mais conforto às crianças. Já a vacina meningocócica B, que foi introduzida no mercado com problemas sistêmicos de abastecimento e também não pode ser encontrada na rede particular, é indicada contra a meningite meningocócica tipo B, que é uma doença silenciosa e contagiosa.
A normalização da oferta da pentavalente acelular e da meningocócica na clínica Vacsim é esperada, de acordo a médica Paula Távora, para os próximos dias, já que ambas poderão ser faturadas a partir do dia 18. “O fornecedor dessas vacinas formalizou a disponibilidade de faturar o produto nos próximos dias”, contou.
O problema se deve ao fato de as vacinas estarem sendo entregues pelos fornecedores em menor escala (quantidade e período) desde o segundo semestre do ano passado, explicou a médica responsável pela área de vacinas do laboratório Hermes Pardini, doutora Marilene Lucinda. A situação, de acordo com ela, é geral e atinge todas as clínicas particulares de vacinação em Belo Horizonte. Outra vacina que também está em falta no laboratório, segundo a médica, é a de febre amarela. Na clínica Itabayana, uma das funcionárias confirmou que a maior dificuldade é para encontrar a meningocócica B, que chega em pequenas remessas e são distribuídas prioritariamente entre os pacientes que estão à espera da segunda dose da vacina.
Fique atento
Veja as características de vacinas oferecidas nas redes pública e particular
Pentavalente
(oferecida na rede pública)
Difteria, tétano, coqueluche de células inteiras, meningite por hemófilos e hepatite B. A vacina contra a poliomielite precisa ser tomada separadamente.
Pentavalente acelular
(oferecida na rede particular)
Difteria, tétano, coqueluche (acelular), meningite por hemófilos e poliomielite.
Hexavalente acelular
(oferecida na rede particular)
Difteria, tétano, coqueluche (acelular), meningite por hemófilos, hepatite B e poliomielite.
Meningocócica B
(oferecida na rede particular)
Protege contra a meningite meningocócica tipo B
Busca de proteção na rede pública
A presidente do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Mineira de Pediatria, Andrea Lucchesi, reforça a importância de garantir a imunização e diz que, diante da falta de vacinas na rede particular, os pais podem procurar o SUS. “Os pais não podem atrasar a vacina. A dose da vacina de coqueluche (pentavalente) na rede pública tem boa eficácia e a diferença está nos efeitos colaterais, como febre e dor local, que podem ser maiores.” Já a vacina meningocócica B, de acordo com a médica, é nova e não está no calendário do Ministério da Saúde. “Não há surto da doença que justifique a corrida às clínicas. Se não tem a meningocócica B, a criança pode tomar a C e depois tomar a B quando houver disponibilidade”, diz.
As vacinas hexavalente acelular e pentavalente acelular não fazem parte do Programa Nacional de Imunizações do Sistema Único de Saúde.
Como neste ano o influenza chegou mais cedo, as campanhas de vacinação contra H1N1 também foram antecipadas. Em alguns municípios as doses já são distribuídas antes mesmo do Dia D, marcado para ocorrer entre 25 e 30 de abril. Em Frutal, onde duas mortes foram registradas, segundo balanço da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG), as doses já começaram a ser distribuídas. No sábado, o município recebe o Dia D, assim como Araxá, no Triângulo Mineiro. São João del-Rei, Lavras e Uberaba estão entre as cidades que anteciparam a campanha para o dia 18 de abril. Nos grupos prioritários para receber a vacina, estão crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes, idosos, povos indígenas, pessoas portadoras de doenças crônicas e funcionários da saúde. Na rede particular, o laboratório Vacsim, oferece a partir de hoje 8 mil doses da vacina quadrivalente (que inclui uma cepa do vírus B)..