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Estado de Minas

Vacina contra a gripe é apenas uma das que estão em falta para crianças na rede particular de BH

Enquanto a capital registra os primeiros pacientes infectados, encontrar vacinas para crianças tem sido desafio, não só para a influenza, mas também contra outras doenças


postado em 15/04/2016 06:00 / atualizado em 15/04/2016 08:09

 Vacinação em clínica particular de BH: médicos recomendam aos pais recorrer ao SUS quando possível(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press )
Vacinação em clínica particular de BH: médicos recomendam aos pais recorrer ao SUS quando possível (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press )
Quatro casos de influenza A foram confirmados em Belo Horizonte pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), dois deles do subtipo H1N1, os primeiros registros do ano na capital. Ao todo, são 224 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nos primeiros quatro meses de 2016, quadro em que os pacientes têm sintomas de gripe e precisam ser hospitalizados. Ao longo do mesmo período do ano passado foram 248 diagnósticos de SRAG e três casos de H1N1 confirmados na capital. A prefeitura informou que começou nesta semana o cadastramento de pessoas acamadas, para que recebam em casa a vacina contra a gripe. O cadastro deve ser feito até 13 de maio pelos telefones 3277-7722, exclusivamente para quem não tem condições de ir a um centro de saúde. A vacinação para os demais públicos começa dia 30, indo até 20 de maio. Enquanto isso, quem procura imunização contra os vírus da gripe na rede particular enfrenta dificuldades, que se estendem aos pais que buscam proteção também contra outras doenças para seus filhos.


Com as dificuldades, aumenta a expectativa para o início da vacinação contra a gripe na rede pública, mesmo que ela não atinja todas as faixas etárias. “A vacina estará disponível nos 148 centros de saúde da capital. Para recebê-la, é necessário apresentar cartão de vacinação e documento de identidade”, informa a prefeitura. O público-alvo definido pelo Ministério da Saúde é formado por pessoas com mais de 60 anos, crianças de 6 meses até 5 anos, trabalhadores da área de saúde, gestantes, mulheres até 45 dias após o parto, portadores de doença crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, além de indígenas, detentos, funcionários de instituições prisionais, assim como adolescentes e jovens de 12 a 21 anos que cumpram medida socioeducativa. A previsão é vacinar 665.627 pessoas na capital.

Em Minas, segundo a Secretaria de Estado de Saúde, já foram 34 casos confirmados de síndrome respiratória aguda grave por influenza este ano. Destes, 10 pacientes morreram. Dos 10 óbitos por influenza, quatro foram pelo subtipo H1N1 – em Frutal, no Triângulo Mineiro (dois), em Andradas e Lavras, ambas no Sul de Minas. Os demais quadros fatais ocorreram por influenza B e quatro por influenza A sem subtipo especificado.

Dificuldade Apesar da ansiedade para conseguir proteção contra a gripe, diante do avanço da doença e de surtos em estados como São Paulo, a batalha para se proteger contra o vírus H1N1 é só um dos desafios para quem precisa imunizar os filhos. Desde o segundo semestre do ano passado, pais de recém-nascidos e crianças pequenas já enfrentam dificuldade para encontrar doses também da pentavalente acelular, hexavalente acelular e meningocócica B na rede particular, em Belo Horizonte. Em nenhuma das cinco clínicas de imunização e laboratórios consultados pelo Estado de Minas foi possível encontrar sequer uma dose de qualquer um dos imunizantes, que são indicados pelos pediatras.

A pentavalente (acelular) oferecida na rede particular, segundo a diretora médica da Vacsim Prevenção e Saúde, Paula Fernandes Távora, protege contra a difteria, o tétano, coqueluche acelular, meningite por hemófilos e a poliomielite e está em falta desde o ano passado. Já a vacina oferecida na rede pública, a pentavalente de células inteiras, protege contra as mesmas doenças, exceto contra a poliomielite. A principal diferença entre os dois tipos de vacinas é que as doses acelulares provocam menos reações adversas, como febre, dor local e choro prolongado.

A falta da hexavalente no mercado – que completa um ano em maio – também desponta como problema para os pais. A vacina que tem praticamente a mesma proteção da pentavalente acelular e inclui a hepatite B, possibilita a imunização com apenas uma aplicação, o que garante mais conforto às crianças. Já a vacina meningocócica B, que foi introduzida no mercado com problemas sistêmicos de abastecimento e também não pode ser encontrada na rede particular, é indicada contra a meningite meningocócica tipo B, que é uma doença silenciosa e contagiosa.

A normalização da oferta da pentavalente acelular e da meningocócica na clínica Vacsim é esperada, de acordo a médica Paula Távora, para os próximos dias, já que ambas poderão ser faturadas a partir do dia 18. “O fornecedor dessas vacinas formalizou a disponibilidade de faturar o produto nos próximos dias”, contou. Já a oferta de hexavalente acelular tem previsão de ser normalizada em maio, mas não tem a data confirmada. “Teremos alternativa ao fornecimento da pentavalente acelular e meningocócica B já neste mês, porém não existe confirmação de grandes lotes”, ponderou a médica.

O problema se deve ao fato de as vacinas estarem sendo entregues pelos fornecedores em menor escala (quantidade e período) desde o segundo semestre do ano passado, explicou a médica responsável pela área de vacinas do laboratório Hermes Pardini, doutora Marilene Lucinda. A situação, de acordo com ela, é geral e atinge todas as clínicas particulares de vacinação em Belo Horizonte. Outra vacina que também está em falta no laboratório, segundo a médica, é a de febre amarela. Na clínica Itabayana, uma das funcionárias confirmou que a maior dificuldade é para encontrar a meningocócica B, que chega em pequenas remessas e são distribuídas prioritariamente entre os pacientes que estão à espera da segunda dose da vacina.

Fique atento

Veja as características de  vacinas oferecidas nas redes pública e particular

Pentavalente
(oferecida na rede pública)

Difteria, tétano, coqueluche de células inteiras, meningite por hemófilos e hepatite B. A vacina contra a poliomielite precisa ser tomada separadamente.

Pentavalente acelular

(oferecida na rede particular)

Difteria, tétano, coqueluche (acelular), meningite por hemófilos e poliomielite.

Hexavalente acelular
(oferecida na rede particular)

Difteria, tétano, coqueluche (acelular), meningite por hemófilos, hepatite B e poliomielite.

Meningocócica B
(oferecida na rede particular)

Protege contra a meningite meningocócica tipo B

Busca de proteção na rede pública

A presidente do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Mineira de Pediatria, Andrea Lucchesi, reforça a importância de garantir a imunização e diz que, diante da falta de vacinas na rede particular, os pais podem procurar o SUS. “Os pais não podem atrasar a vacina. A dose da vacina de coqueluche (pentavalente) na rede pública tem boa eficácia e a diferença está nos efeitos colaterais, como febre e dor local, que podem ser maiores.” Já a vacina meningocócica B, de acordo com a médica, é nova e não está no calendário do Ministério da Saúde. “Não há surto da doença que justifique a corrida às clínicas. Se não tem a meningocócica B, a criança pode tomar a C e depois tomar a B quando houver disponibilidade”, diz.

As vacinas hexavalente acelular e pentavalente acelular não fazem parte do Programa Nacional de Imunizações do Sistema Único de Saúde. São oferecidas pela rede municipal de saúde as vacinas pentavalente celular e meningocócica C. Em três centros de saúde consultados na tarde de ontem, havia a disponibilidade das doses.

Como neste ano o influenza chegou mais cedo, as campanhas de vacinação contra H1N1 também foram antecipadas. Em alguns municípios as doses já são distribuídas antes mesmo do Dia D, marcado para ocorrer entre 25 e 30 de abril. Em Frutal, onde duas mortes foram registradas, segundo balanço da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG), as doses já começaram a ser distribuídas. No sábado, o município recebe o Dia D, assim como Araxá, no Triângulo Mineiro. São João del-Rei, Lavras e Uberaba estão entre as cidades que anteciparam a campanha para o dia 18 de abril. Nos grupos prioritários para receber a vacina, estão crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes, idosos, povos indígenas, pessoas portadoras de doenças crônicas e funcionários da saúde. Na rede particular, o laboratório Vacsim, oferece a partir de hoje 8 mil doses da vacina quadrivalente (que inclui uma cepa do vírus B).


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