"O que fica do meu irmão é a alegria e o sorriso no rosto.” As palavras de Fabiano Guimarães Nascimento, irmão do estudante Cristiano Guimarães Nascimento, de 22, assassinado há uma semana na porta de uma boate em Contagem, na Grande BH, exprimem o sentimento que divide espaço com o clamor por justiça entre familiares e amigos do jovem, durante manifestação na tarde desta sexta-feira.
Os soldados Jonas Moreira Martins, de 28, e Jonathas Elvis do Carmo, de 27 anos, estão presos em dois batalhões da Polícia Militar por participação na morte do jovem. Ambos já têm antecedentes de envolvimento com violência. Um terceiro homem, o corretor de seguros Célio Gomes da Silva, de 30, deve se apresentar à polícia nos próximos dias, mas nega envolvimento com o caso. O grupo é investigado por suspeita de espancar Cristiano em frente à boate na última sexta-feira.
Familiares e amigos de Cristiano se concentraram por volta das 16h na Praça ABC. Com camisas brancas estampadas com o rosto do estudante, gritaram por justiça e cobraram a exoneração dos policiais envolvidos no assassinato.
Amigo da vítima desde 2004, André Bambirra, de 22, também lamentou a morte. "Conheço o Cris desde a quarta série. Fazemos parte de um grupo de amigos e sempre saíamos juntos. O sentimento é de tristeza e estamos aqui pra mostrar que esse não vai ser só mais um caso de homicídio no Brasil. O processo está caminhando bem e a PM está colaborando, mas vamos lutar até o fim", disse. Já Bruno Nunes, de 24, conta que cresceu frequentando a casa de Cristiano. Ainda muito emocionado, ele afirmou: "Vamos nos manifestar até que o julgamento seja feito e os policiais sejam expulsos. Se precisar, voltamos para a rua quantas vezes forem necessárias”.
O grupo confeccionou faixas para mostrar a indignação pela morte do estudante. Em uma delas estava escrito: “Acreditamos na Justiça.
O advogado da família, Walter Nery H. Cardoso, disse que o sentimento é uma mistura de revolta e de esperança. "A família está recebendo muito apoio e isso está sendo muito importante neste momento. Estamos impressionados com a repercussão nas redes sociais", afirmou. Ele frisa que esse tipo de evento é importante para que o julgamento ocorra rápido.
Os manifestantes deram as mãos e fizeram um grande círculo, que fechou por alguns minutos o cruzamento das avenidas Getúlio Vargas e Afonso Pena. Balões brancos foram soltos pelos participantes, enquanto gritavam repetidamente o nome do jovem. Os agentes da BHTrans e policiais militares acompanharam a caminhada para garantir a segurança dos manifestantes e a fluidez do trânsito.