Toda noite, por volta das 20h30, quando Eliane de Oliveira, de 30 anos, deixa o trabalho, em uma academia de ginástica no Bairro Floresta, Região Leste de Belo Horizonte, ela reza um pai-nosso e uma ave-maria antes de passar pelo Viaduto Santa Tereza, no Centro. É que há mais de um mês, segundo pedestres, a travessia está às escuras, com todas as suas luminárias apagadas. “Sempre passo a pé para pegar meu ônibus do outro lado, no Centro. Tenho muito medo de ser assaltada ou ser atacada por alguém. Tem cerca de um mês que todas as luzes estão apagadas”, reclama Eliane.
O medo dela é compartilhado por vários outros pedestres que têm que passar pelo viaduto à noite. É o caso do professor Eduardo Resende, de 29, que mora no Bairro Floresta e procura outros caminhos mais seguros para ir ao Centro, para fugir da escuridão e dos riscos de assaltos.
Funcionária do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Patrícia Melillo, de 48, conta que passou o maior aperto na noite de terça-feira, quando atravessou o viaduto no escuro para ir a um bar na Rua Sapucaí, no Bairro Floresta. “As pessoas passam apressadas pelo viaduto. Um rapaz passou pela gente correndo e comentou que já foi assaltado duas vezes no viaduto”, conta Patrícia, que estava acompanhada de uma amiga. “Não tinha uma lâmpada acesa, nem de um lado nem do outro. Uma pena, pois as luminárias antigas são lindas”, lamenta Patrícia. Ela conta que havia dois policiais militares no viaduto, mas que eles estavam registrando boletim de algum crime ocorrido no local.
Projetado pelo engenheiro Emílio Baumgart e construído em 1929, o Viaduto Santa Tereza liga o Bairro Santa Tereza ao Centro. Além de ser uma obra de arte da engenharia, seus arcos inspiraram poetas como Carlos Drummund de Andrade. Na década de 1990, a travessia foi tombada como patrimônio cultural do município.
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