“Para nós, negros, é só mais uma ofensa racial. Desde que entrei na escola, aos 5 anos, ouço esse tipo de coisa, que hoje conhecemos como bullying. Costumo dizer que a mente dessas pessoas nem se renova, pois ainda usam os mesmos termos pejorativos, como 'macaco' em seus ataques racistas”, disse Daniela.
Segundo ela, a pichação no muro da antiga sede, na Rua Afonso Arinos, no Centro de Alfenas, ocorreu cinco dias depois do lançamento de documentário sobre a atuação do NCNA, há 26 anos fundado por dona Maria Olímpia da Cruz Lázaro e seu marido Decão. O casal mora no endereço, onde funcionou a sede do núcleo por 23 anos num barracão aos fundos e que ainda é referência do movimento negro da região. A atual sede é no Bairro Jardim Tropical.
“Estou há três anos na cidade e faço parte do NCNA. Percebo que, no tocante à cultura negra, isso é muito palatável na sociedade.
A pichação foi denunciada em boletim de ocorrência da Polícia Militar, na noite do sábado. No mesmo dia integrantes dos NCNA se uniram no muro e fizeram ato em resposta à ofensa, batizado de "O muro que nos fortalece" e divulgado na página da entidade na internet. Imediatamente surgiram mensagens solidárias de pessoas e instituições. No domingo, um protesto em repúdio em frente ao muro reuniu dezenas de pessoas da cidade.
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