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Estado de Minas

Explosões de caixas eletrônicos voltam a subir depois de dois anos

Aumento de ataques a terminais bancários em Minas Gerais em 2016 liga o alerta para prática que disparou em 2013, mas que tinha diminuído em 2014 e 2015


postado em 19/04/2016 06:00 / atualizado em 19/04/2016 07:19

Caixa eletrônico foi danificado depois de explosão em condomínio da Grande BH(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Caixa eletrônico foi danificado depois de explosão em condomínio da Grande BH (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Depois de deixar 2013 marcado como o ano com maior número de explosão de caixas eletrônicos em Minas, a dinamite usada por quadrilhas para estourar terminais volta em 2016 a causar medo em Minas. Enquanto a média mensal de ocorrências há três anos foi de 31,6 casos, os anos de 2014 e 2015 tiveram queda – para 19,5 e 14,4 casos, respectivamente. Já no primeiro bimestre deste ano, o índice voltou a subir, para 15,5 casos/mês. Em janeiro e fevereiro, os ataques a terminais tiveram aumento de 10,7% em relação ao mesmo período de 2015. Levantamento do Estado de Minas mostra que pelo menos outras nove explosões foram registradas em março e abril. A última aconteceu na madrugada de ontem, no Condomínio Retiro das Pedras, em Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde oito homens armados renderam seguranças para estourar um equipamento na portaria do residencial. Eles fugiram levando o dinheiro e até o início da noite de ontem não haviam sido localizados.

Dados divulgados pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) mostram que nos primeiros 60 dias de 2016 foram registradas 31 ocorrências deste tipo em todo o estado, contra 28 do mesmo período de 2015. Somente em Belo Horizonte e região metropolitana os números dobraram neste ano. Foram quatro casos no primeiro bimestre, um na capital e três na Grande BH, contra dois do ano passado.

As ações mostram a ousadia e a organização das quadrilhas especializadas. No caso do Retiro das Pedras, por exemplo, na madrugada de ontem, os oito homens que renderam os vigilantes na guarita do residencial estavam encapuzados e portavam armas de fogo automáticas e de grosso calibre, segundo funcionários do condomínio. O crime ocorreu por volta das 4h. De acordo com a ocorrência policial, os bandidos chegaram em dois veículos. Quatro deles desceram primeiro, de um Kia Cerato prata, e renderam o primeiro funcionário. Os demais integrantes do bando estavam em um Gol preto e também participaram da explosão do caixa, localizado em um cômodo que fica no portal de entrada do condomínio, onde vivem cerca de 3.500 pessoas. Depois da forte explosão, eles retiraram as gavetas de dinheiro e, antes de ir embora, ainda abordaram um homem que chegava de caminhonete, que teve pertences pessoais roubados.

Segundo o chefe de segurança do Retiro das Pedras, Mauro Lúcio dos Reis, os funcionários que trabalhavam no momento da explosão disseram que os criminosos fugiram rumo à BR-040, mas não souberam informar se na direção do Rio de Janeiro ou de Belo Horizonte. Militares da 215ª Companhia do 48º Batalhão da Polícia Militar localizaram um Ford Eco Sport vermelho, clonado, na rodovia, a cerca de quatro quilômetros da portaria do residencial. O carro foi removido para um pátio em Brumadinho. Toda a ação foi registrada pelas câmeras de segurança e as imagens estão sendo analisadas pela polícia, que faz buscas na tentativa de localizar o grupo. Até a noite de ontem, ninguém havia sido preso e o valor do roubo também não foi divulgado.

Ainda de acordo com Mauro Lúcio, este foi o primeiro ataque ao caixa no local. Ele acredita que o terminal não deve ser reposto. “No passado, a possibilidade de retirá-lo já havia sido cogitada. Com esse fato, ele deve realmente sair”, disse o funcionário, lembrando que o clima ontem foi de insegurança no condomínio.

ANTECEDENTES Em 1º de março, um grupo armado rendeu o vigilante na portaria do Minas Tênis Country Clube, no Bairro Taquaril, Região Leste de Belo Horizonte. Lá dentro, explodiram um caixa eletrônico e fugiram levando dinheiro. A quantia não foi informada.

Poucos dias depois, em 18 de março, uma organização especializada neste tipo de crime trocou tiros com a PM. O grupo começou a ser monitorado pela equipe de inteligência da corporação depois da tentativa de arrombar terminais eletrônicos em uma agência no Bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, na Grande BH, dias antes. O banco tinha um dispositivo de segurança que expele fumaça quando detecta risco de ataques. Os criminosos fugiram do local em três carros, dois deles roubados.

A PM conseguiu cercar o bando na BR-262, onde dois homens foram presos. Outros criminosos que estavam em um Corolla tentaram fugir por um matagal. Durante as buscas, houve troca de tiros e dois acusados morreram. Segundo a PM, um dos homens tinha ligação com uma organização criminosa que atua em São Paulo.

Outro crime aconteceu no aeroporto de Uberaba, no Triângulo Mineiro, em 14 de abril, com participação de seis a oito pessoas. Os criminosos chegaram em uma moto, em um HB 20 branco e em um Palio Wekeend prata. Com armas longas, o grupo invadiu o local e instalou os explosivos. O impacto destruiu o teto do terminal, lojas e os estilhaços chegaram a atingir veículos estacionados no entorno. A quantia levada não foi informada.

Segundo a PM, o aumento dos ataques a caixas eletrônicos está ligado a roubos de explosivos em empresas exploradoras de minério na Região Metropolitana de Belo Horizonte há dois anos. “Quando houve uma onda de ataques a terminais, montamos uma força-tarefa para tentar evitar essas investidas. Mas houve um roubo de duas toneladas de explosivos em Contagem na época e esse material ainda não foi totalmente recuperado. Então, as quadrilhas estão voltando a atuar”, disse o tenente-coronel Gilmar Luciano, chefe do Centro de Jornalismo Policial. Para ele, ações da força-tarefa é que podem conter a atuação dessas organizações criminosas.




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