O pré-diagnóstico do paciente com H1N1 levou o Hospital Infantil João Paulo II a reforçar o alerta já emitido na semana passada, para que casos menos graves de doenças respiratórias sejam encaminhados aos postos de saúde. Isso porque a instituição já trabalha com um aumento de demanda de 70% de pacientes nos primeiros três meses de 2016, na comparação com o mesmo período dos últimos quatro anos, sendo que a temporada de maior demanda para a transmissão de doenças respiratórias, inciada em maio, ainda não chegou. O quadro do bebê em tratamento na unidade para o subtipo H1N1 da gripe teve agravamento para pneumonia, mas é considerado estável e evolui bem, conforme o médico Luís Fernando de Carvalho.
O diretor do Hospital Infantil João Paulo II diz que neste ano a média de atendimentos na unidade bateu em 300 por dia, enquanto nos anos anteriores o número girava na casa dos 200. O mês de março registrou acúmulo de casos de dengue com o início das doenças respiratórias, mas de agora para frente a previsão é de que os quadros respiratórios dominem os atendimentos. Mesmo com o alerta diante da superlotação, Luís Fernando de Carvalho garante que a equipe está preparada para acolher os casos mais sérios. “Estamos com uma equipe estruturada que dá conta, mesmo que aumente a demanda, de atender tudo o que for grave. Agora, em quadros menos sérios, em que a criança estiver bem, vai aumentar o tempo de espera. A preocupação nesses casos é mais com o conforto”, afirma o diretor.
DIFERENCIAÇÃO Ele lembra que os próprios pais podem ajudar na hora de diferenciar casos mais leves de situações mais complicadas, encaminhado o que for simples para postos de saúde. “O resfriado é um quadro mais leve: o estado geral da criança é bom, a febre é baixa, o nariz escorre um pouco e tem tosse. A gripe já é um quadro mais intenso e mais importante. Há febre alta, com prostração e diminuição do apetite. A mãe percebe que a criança não está bem. E nessas condições o quadro pode se agravar para uma pneumonia e aí vai aparecer o cansaço para respirar e a baixa oxigenação do sangue”, diz o especialista.
Para evitar a transmissão do vírus e tentar minimizar o período de incidência das doenças respiratórias, o diretor do João Paulo II aponta alguns cuidados importantes. “Evitar contato com pessoas doentes, evitar locais de grande aglomeração de pessoas e sem ventilação, fazer a higiene da tosse, preferencialmente tampando a boca com o braço ao tossir, lavar bastante as mãos e não mandar crianças doentes para a escola para evitar o contágio são ações que ajudam bastante”, completa o médico.
Mortes têm alta no país
No país, as mortes provocadas por H1N1 aumentaram 50% em uma semana. Boletim do Ministério da Saúde com dados reunidos até o dia 9 mostra que 153 pessoas morreram em virtude de complicações provocadas pelo vírus. Em Minas são quatro mortes confirmadas – duas em Frutal (Triângulo Mineiro), uma em Lavras e uma em Andradas, ambas no Sul de Minas. Outros seis óbitos por influenza de outros tipos ocorreram em Guaxupé (dois casos), também no Sul; Astolfo Dutra, na Zona da Mata; além de Ribeirão das Neves e Santa Luzia, ambas na Grande BH. O sexto caso, segundo a SES, é de um paciente que vive em São Paulo, mas foi atendido em Frutal.
Em Minas, de 423 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), 19 amostras foram positivas para o vírus H1N1, 10 para influenza A sem subtipo definido e cinco para influenza B. Foi a predominância do subtipo H1N1 nos casos mais graves de gripe que levou a SES a recomendar aos municípios a antecipação da vacina – além da preocupação de evitar a demanda concentrada em cidades que decidissem isoladamente iniciar a imunização antes da data prevista.
Dessa forma, a vacinação contra a gripe no estado – incluindo a proteção contra o subtipo H1N1 – está marcada para começar na segunda-feira, com 2,2 milhões de doses já encaminhadas aos municípios. A carga de imunizantes distribuída corresponde a 40% das 5,2 milhões de doses já enviadas pelo Ministério da Saúde. A meta é vacinar 4,9 milhões pessoas dentro do público-alvo: idosos a partir de 60 anos, crianças de 6 meses a 5 anos, trabalhadores de saúde, gestantes, mulheres até 45 dias após o parto, portadores de doenças crônicas, indígenas, população carcerária e servidores do setor.
A pediatra Gabriela Araújo Costa, da diretoria da Sociedade Mineira de Pediatria, lembra que, nos casos de pacientes infantis, quanto mais nova a criança, maior a chance de complicações, embora ela lembre que a situação em Minas ainda não caracteriza surto de H1N1.
Investimento em tecnologia
Um Centro de Tecnologia de Vacinas e Diagnóstico foi inaugurado ontem no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec). A unidade é resultado de uma iniciativa da Coordenação de Transferência de Inovação Tecnológica e Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, com apoio da Fundação Oswaldo Cruz em Minas e governo de Minas, entre outros. Trata-se de um laboratório com infraestrutura para a geração e transmissão de conhecimentos relativos ao desenvolvimento e inovação tecnológica em vacinas e kits-diagnóstico, realização de testes, validação de novos produtos e outras ações em parceria com a iniciativa privada.
- Foto: Arte EM
Um Centro de Tecnologia de Vacinas e Diagnóstico foi inaugurado ontem no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec). A unidade é resultado de uma iniciativa da Coordenação de Transferência de Inovação Tecnológica e Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, com apoio da Fundação Oswaldo Cruz em Minas e governo de Minas, entre outros. Trata-se de um laboratório com infraestrutura para a geração e transmissão de conhecimentos relativos ao desenvolvimento e inovação tecnológica em vacinas e kits-diagnóstico, realização de testes, validação de novos produtos e outras ações em parceria com a iniciativa privada.