Na semana que vem, possivelmente quinta-feira, os conselheiros participarão de uma reunião extraordinária para dar início ao processo de tombamento dos subdistritos de Bento Rodrigues e Paracatu, cujos moradores foram transferidos para moradias alugadas pela mineradora. Ana Cristina adiantou que já estão em andamento os tombamentos isolados da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Mercês, do século 19, único monumento histórico que restou “no Bento”, como diz a população local, e da Matriz de Santo Antônio, em Paracatu. “Na prática, a partir do momento em que as comunidades forem tombadas, qualquer obra ou ação vai requerer expressa anuência do conselho de patrimônio”, explicou Ana Cristina de Souza Maia.
Outra proposta discutida na audiência pública, realizada na noite de terça-feira, é transformar as comunidades em Museu de Território ou na criação de um memorial. A preservação preocupa as autoridades, já que, em 9 de abril, houve a tentativa de arrombamento da Igreja de Nossa Senhora das Mercês, conforme foi constatado por uma equipe da Samarco.
Durante três horas, cerca de 300 pessoas, incluindo moradores das comunidades atingidas, lideranças de movimentos sociais, o prefeito Duarte Júnior e representantes do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), da Samarco e outras autoridades participaram da audiência. O coordenador da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Histórico, Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC), Marcos Paulo de Souza Miranda, gostou do resultado da reunião. “Ficamos satisfeitos e houve depoimentos muito emocionados dos antigos moradores. Muitas pessoas querem voltar a viver em Bento Rodrigues. Obviamente, quem tem que definir o destino a ser dado aos locais atingidos é o próprio cidadão que lá residia”, ressaltou o promotor de Justiça.
“Precisamos ter gestão dessa área. Infelizmente temos 1.070 hectares degradados apenas no município de Mariana e uma verdadeira terra de ninguém. Mais de cinco meses se passaram e isso é tempo suficiente para começar a colocar as coisas nos seus devidos lugares”, ressaltou Souza Miranda.
A restrição do acesso às localidades despertou debates acalorados. O prefeito de Mariana adiantou que vai se reunir com representantes do MPMG e a empresa Samarco, na próxima semana, e buscar uma solução. “O acesso estava sendo proibido, mas vamos tomar uma atitude em relação a isso”, disse Duarte Júnior..