Uma dezena de agências bancárias, farmácias, galerias de lojas, loteria, supermercado, bares, restaurantes e diversas outros pontos comerciais viraram atrativo a mais na Avenida Luiz Paulo Franco, no Bairro Belvedere, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Por causa da intensa movimentação de pessoas e, consequentemente, de dinheiro, a via tornou-se alvo de criminosos, que assustam a população com assaltos à mão armada na rua e em estabelecimentos, além de roubos e arrombamentos de veículos, saidinhas de banco e furtos de toda ordem. Os crimes ocorrem a qualquer hora do dia.
No lado oposto da cidade, no Bairro Céu Azul, em Venda Nova, a situação também assombra. Na Rua Antônio José dos Santos, um comerciante foi alvo de três assaltos em um período de apenas 20 dias. Ele teve suas duas farmácias invadidas por criminosos e também o carro roubado, em datas distintas. O problema é que essas ocorrências, embora possam se concentrar em alguns endereços, não são exclusividade de pontos específicos da capital. Crimes contra o patrimônio têm amedrontado vítimas em todas regiões, onde a sensação de insegurança cresceu e os gritos de “ladrão” e “socorro” aumentaram, segundo a própria população.
Assim como no Belvedere e no Céu Azul, ruas e avenidas mais perigosas segundo indicação de lojistas e da comunidade são, de modo geral, vias de grande concentração comercial, por onde o dinheiro circula para pagamento de compras, transações bancárias, despesas com estacionamento, refeições, entre outros gastos. No bairro nobre da Região Centro-Sul, o problema ocorre ainda na Rua Desembargador Jorge Fontana, via paralela ao endereço indicado como crítico pela Associação dos Amigos do Bairro Belvedere, a Avenida Luiz Paulo Franco.
Presidente da associação, Ubirajara Pires Glória afirma que o número de assaltos aumentou muito nos últimos anos, e acrescenta que os casos ocorrem diariamente. “Não tem mais hora. Os ladrões assaltam desde as 6h, quando as pessoas saem para caminhadas, até a madrugada. Assaltam adultos, idosos e até crianças”, conta o representante, citando que uma van de alunos entre 8 e 11 anos foi alvo de um arrastão e aqueles que tinham celulares foram roubados. A Praça Lagoa Seca, onde há prática de esportes, também tornou-se ponto crítico. “Bandidos passam de moto e levam de tudo: celulares, relógios, carteiras, tênis, alianças, anéis... O que a pessoa tiver na hora.” Segundo Ubirajara, na parte residencial, a frequência é entre seis e oito assaltos por mês.
Vizinha ao Belvedere, a Avenida Nossa Senhora do Carmo divide a criminalidade enfrentada pelos bairros Sion e São Pedro, também na região Centro-Sul. Na primeira comunidade, a Avenida Uruguai e a Rua Patagônia se destacam de forma negativa em ocorrências contra o patrimônio. Na madrugada do dia 8, dois homens, um deles um adolescente de 17 anos, renderam frequentadores de uma cervejaria e fizeram um arrastão, pegando pertences pessoais dos clientes. Um policial federal que estava no local reagiu e conseguiu deter o menor. O comparsa escapou, depois de trocar tiros com o agente. Na fuga, rendeu um motorista que foi obrigado a dirigir até a Avenida Raja Gabaglia, onde teve o veículo roubado.
No São Pedro, pedestres e pontos de comércio das ruas Major Lopes e Viçosa sofrem com a ação dos bandidos.
Perto dali, no Santa Lúcia, o medo não escolhe onde surgir. De acordo com a pedagoga Alessandra Leite, de 46 anos, ruas residenciais do bairro têm sido escolhidas por assaltantes armados, que levam carros, dinheiro, celulares e outros pertences. “Somente nos últimos dias, uma amiga teve seu veículo levado na porta da minha casa, uma residência foi assaltada na rua ao lado e uma pedestre teve a bolsa roubada pelo garupa de uma moto”, relata a moradora da Rua Sagitário. Ela ainda reclama: “O bairro é ermo e falta policiamento. Até quando tem uma ocorrência a polícia demora muito a chegar”. De acordo com um funcionário de um posto de gasolina na Rua Kepler, o estabelecimento foi assaltado duas vezes somente neste ano.
A Polícia Militar não divulga endereços com maior incidência de crimes por bairros, por questões estratégicas, segundo a corporação. Mas, de forma geral, moradores e comerciantes relatam aumento da criminalidade.
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