O ataque contra Janine, ocorrido na noite de sábado na Rua Sergipe com Fernandes Tourinho, endereço nobre do bairro da Região Centro-Sul de Belo Horizonte, vai deixar outras marcas que não apenas a grande cicatriz na altura do ombro esquerdo. Além do trauma, a fisioterapeuta está revoltada. O agressor, João Vicente Ângelo Custódio, de 72, que usava colete e credencial da prefeitura, foi preso e autuado apenas por “extorsão”. Para a vítima, o crime praticado foi lesão corporal e poderia até mesmo ser enquadrado como tentativa de homicídio. Traumatizada, ela conta que não volta mais à Savassi, mesmo porque considera que o criminoso sairá impune e brevemente estará de volta às ruas “para cometer outras barbaridades”.
Janine conta que havia saído de uma confraternização e pretendia passar em um bar na Savassi apenas para abraçar uma amiga que comemorava o aniversário. Acompanhada da filha de 2 anos e da afilhada de 11, ela conta que, ao chegar, subiu com o carro em um ponto onde o passeio é recuado, com espaço para estacionamento. Nesse momento, foi abordada pelo flanelinha. “Ele disse que eu somente poderia parar ali se pagasse R$ 5 antecipadamente. Falei que não ia demorar, e que o pagaria na volta, como costumo fazer. Mas ele disse que, se eu não pagasse naquele momento, encontraria os quatro pneus furados”, relata a vítima.
Segundo ela, um motorista a serviço do aplicativo Uber presenciou a ameaça e se ofereceu para retirar o carro dele, que estava estacionado do outro lado da rua, e ceder a vaga. “Entrei no meu carro e, quando dei ré, o flanelinha começou a dar socos na parte traseira. Eu me assustei e desci. Disse que ele estava louco fazendo aquilo, que eu estava com duas crianças no carro. As meninas ficaram assustadas e a minha filha começou a chorar. Eu disse que o denunciaria à prefeitura”, conta a vítima.
Quando deu as costas para voltar ao carro, ela conta que sentiu o golpe, antes que o agressor fugisse. “Olhei e vi o sangue escorrendo.
MEDO Apesar de considerar extorsão a forma de abordagem dos guardadores de carro, a fisioterapeuta conta que nunca teve problemas com nenhum deles, e acrescenta que tem o costume de pagar ao voltar para o veículo. “Já cheguei a pagar até mais, por medo. Se você não paga, corre o risco de ter o carro depredado. A cidade faz campanhas para não pagar, há faixas no entorno do Mineirão para a gente dizer não à extorsão, mas não temos proteção”, disse.
O que mais a revolta, segundo Janine, é saber que não vai demorar para que o agressor volte às ruas. “A impunidade só aumenta.