Primeiro dia de vacinação pública contra a gripe lota postos de saúde

Filas se espalharam por unidades dos bairros de BH na abertura da campanha de imunização. Foco é prevenir a transmissão dos vírus influenza A e B. Prefeitura espera que 669.260 pessoas recebam as doses na capital até 20 de maio

Valquiria Lopes
A profissional da área da saúde Karolayne Lacerda recebeu a dose da vacina no Centro de Saúde Palmeiras - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS
Foi dada a largada para a proteção contra a gripe. Ontem, a procura pela vacina que protege contra os vírus influenza A (H1N1 / H3N2) e B, começou cedo nos centros de saúde de Belo Horizonte, onde filas se formaram desde o início da manhã, antes mesmo da abertura dos portões das unidades. A movimentação durou todo o dia e já deu o tom de como será a campanha de 2016, na avaliação da Secretaria Municipal de Saúde: “Nossa expectativa é vacinar todo o público-alvo (veja quadro) neste ano, tendo em vista que a população está sensibilizada e preocupada por causa da atividade mais intensa do vírus em outros municípios e estados, a exemplo de São Paulo”, afirma gerente de Vigilância em Saúde, Maria Tereza da Costa Oliveira. Com a demanda alta, a expectativa da pasta é vacinar 100% do público-alvo, que soma 669.260 pessoas. No ano passado, a campanha atingiu 92% desse contingente e chegou a 615.479 vacinados. O serviço estará disponível até 20 de maio.

Para dar conta da demanda, a PBH contratou 200 enfermeiros, que já estão auxiliando os cerca de 1.300 funcionários envolvidos com a aplicação da vacina nos 148 centros de saúde da capital. E a partir de 2 de maio começam a ser vacinados em casa os idosos acamados que não tenham condição de ir à unidade de saúde. O cadastro desses pacientes pode ser feito por telefone (3277-7722), até o dia 13 do mês que vem.
No próximo sábado, 30, classificado como o Dia D, os centros de saúde vão funcionar, em caráter excepcional, exclusivamente para a vacinação. “Mais salas de vacina serão montadas e mais funcionários estarão envolvidos com o serviço. Serão cerca de 2.600, entre enfermeiros e técnicos de enfermagem e esperamos vacinar um número expressivo de pessoas”, explicou Maria Tereza. A abertura será apenas neste sábado, entre as 8h e as 17h. A gerente reforça a necessidade de derrubar alguns mitos que atrapalham a vacinação. Diferentemente do que muita gente diz, segundo ela, o vírus usado na produção da vacina é morto e não causa gripe. Outro ponto a ser destacado são as gripes anteriores: “Mesmo que a pessoa já tenha gripado, ela deve se vacinar, porque pode ter contraído outros vírus e não o da influenza, que são três vírus”, alertou Maria Tereza, lembrando que o imunizante é seguro e tem alta eficácia, em torno de 80%.

Preocupada em não ficar doente nas próximas estações, quando aumenta a incidência da gripe, a aposentada Maria Lélia Monteiro Fonseca, de 84 anos, enfrentou fila no Centro de Saúde Carlos Chagas, no Bairro Santa Efigênia (Centro-Sul) para se vacinar logo no primeiro dia. “Fico gripada com frequência, mas como tomo a vacina todos os anos, tenho apenas uma leve prostração e coriza. Gosto de prevenir”, disse a mulher. No local, mesmo com a alta procura, os pacientes disseram que o atendimento estava rápido. “Esperei cerca de 10 minutos. Apesar de cheio, o serviço está eficiente”, disse o aposentado José Agenor Cançado”, de 66. Vacinada pelo terceiro ano consecutivo, a contadora Jéssica Fontainha, de 26, tem um motivo especial para tomar o imunizante neste ano.
“Estou grávida de cinco meses. Nos anos anteriores, tomei por indicação médica por baixa imunidade”, disse.

No Centro de Saúde Palmeiras (Oeste), a procura também foi grande. “Antes de o posto abrir, já tinha uma fila de 10 pessoas na porta. A determinação do Ministério é que a vacinação comece às 9h, já que as doses precisam ser preparadas e chegar a uma temperatura ideal. Mas começamos um pouco antes hoje, tamanha foi a procura”, disse a gerente da unidade, Maria Cristina de Souza Coelho, lembrando que só por volta das 10h30 a fila, que estava chegando na calçada, diminuiu um pouco, apesar de durar todo o dia. Integrante do grupo dos profissionais da saúde, a estudante de enfermagem foi uma das que buscaram a proteção na unidade do Palmeiras logo no primeiro dia. “Faço estágio na clínica da faculdade e visitas técnicas a pacientes doentes. Melhor não arriscar”, disse. A pequena Júlia Barata, de 3, chorou no momento de receber a dose no centro de saúde, mas a mãe dela, Juliana Barata, sabe da importância da vacina para a menina que integra o grupo prioritário. “Ela é vacinada desde os 6 meses e nunca tem gripes fortes.
Não paguei na rede particular e por isso fiquei atenta ao calendário do sistema público”, afirmou a funcionária pública.

BALANÇO Até o momento, foram notificados em Belo Horizonte 315 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e destes, 15 foram causados pelo vírus influenza A (8 casos confirmados de H1N1 e mais 7 casos por influenza A não subtipado). No ano passado, foram três casos de H1N1; 39 de H3N2 e dois não subtipados. Em Minas, já foram notificados 781 casos de (SRAG), sendo que das 489 amostras coletadas e processadas, 86 foram apontaram resultado positivo para influenza e oito por outros vírus respiratórios. Entre os casos de influenza, 53 casos foram por influenza A (H1N1); 27 casos por influenza A não subtipado e 6 por influenza B. Dos 86 casos causados por influenza, 18 levaram à morte.

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