A drenagem insuficiente na Barragem do Fundão, em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, na Região Central do estado, foi a principal causa da tragédia que matou 19 pessoas e sufocou o Rio Doce com a lama do reservatório da Samarco.
O trabalho do MTE aponta uma série de erosões pontuais entre 2013 e 2015 que indicaram a sobrecarga da estrutura causada pela água acumulada, além da ausência de drenos nas ombreiras da barragem, trincas de até 200 metros em sua estrutura e um tamanho insuficiente do que é chamado de praia da barragem, estrutura composta apenas de rejeitos arenosos, pressionada por um grande volume de lama úmida. Segundo o MTE, a drenagem teve ainda mais problemas a partir de 2012, quando houve uma obra de desvio no desenho da barragem, sobrecarregando ainda mais a estrutura, conforme o auditor do Trabalho Mário Parreiras de Faria.
Segundo o funcionário do MTE, o desvio teve ligação direta com uma pilha vizinha de rejeitos estéreis da Vale, que, sem drenagem, jogava água da chuva para a base do reservatório do Fundão. O desvio acabou pressionando ainda mais a estrutura, já apertada pela quantidade de água que só aumentava sem uma destinação correta.
Além dos seis abalos no dia da tragédia, sendo o maior de 2,6 pontos na escala Richter, Mário Parreiras explica que as vibrações aparecem também com detonações na mina do Complexo Alegria, vizinho à Barragem do Fundão, e com obras de drenagem que estavam ocorrendo no ano passado e significaram o trânsito de veículos pesados em uma área já saturada. Para o auditor, as intervenções em curso pela Samarco para tentar resolver os problemas de drenagem já não eram capazes de resolver um problema considerado extremamente complexo. Essa drenagem insuficiente acabou culminando com um processo de liquefação. O relatório do MTE será encaminhado ao Ministério Público do Trabalho e também à Advocacia Geral da União (AGU) para que esses órgãos definam se vão tomar alguma medida judicial.
Samarco
Sobre as conclusões do Ministério do Trabalho e Emprego, a Samarco confirma, em nota, "que recebeu os autos de infração, analisa os documentos e responderá no prazo devido".