Um terminal por onde circulam 30 mil pessoas, disponibiliza 2.560 vagas de estacionamento e movimenta milhões de reais diariamente dá sinais de fragilidade em sua segurança. No Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde mais um assalto voltou a assustar passageiros e funcionários na noite de anteontem, apenas quatro agentes fazem a vigilância: são dois policiais militares e dois empregados de empresa privada para cobrir os mais de 80 mil metros quadrados de área, que incluem três terminais. O baixo efetivo tem sido um sinal verde para os bandidos. Somente este ano, foram levados cerca de R$ 25 mil em três assaltos ao guichê de passagens do Conexão Aeroporto – ônibus executivo que liga o aeroporto às cidades de BH, Betim e Contagem. As outras ocorrências foram em janeiro e no mês passado.
A empresa Unir opera no local desde 1984 e tem a linha executiva Conexão Aeroporto desde 2005. Os guichês de atendimento funcionavam dentro do terminal, mas desde o início das obras para a construção o terminal 1, há três anos, foram transferidos para um espaço provisório, na área externa, entre o estacionamento e a área do embarque e desembarque. “O fato de estarmos do lado de fora aumenta a exposição direta dos caixas, onde as pessoas veem que há dinheiro circulando. Outro ponto é que a localização facilita a fuga de bandidos em situações como essa”, afirmou o gerente comercial do Conexão Aeroporto, Murilo Sérgio Soares. Na avaliação dele, a segurança precisa melhorar. “O policiamento na área externa é frágil. É preciso ampliar o efetivo”, cobra.
Adiada por duas vezes somente neste ano, a mudança para o local definitivo – em um espaço na área interna do terminal – está prometida para segunda-feira. E a expectativa do gerente é de que o problema seja sanado. A transferência também havia sido cobrada pelo comando do 5º Pelotão de Confins, da 181ª Cia, do 36º Batalhão de Polícia Militar (BPM). De acordo com o comandante da unidade, tenente Leandro Leal, a estrutura hoje em funcionamento é precária e dificulta o patrulhamento, por causa dos muitos tapumes ainda usados nas obras. “Isso já foi alvo de questionamento meu e o aeroporto prometeu que até o fim do mês essa mudança para um local mais seguro seria feita”, disse. Ontem, em uma reunião de emergência, a PM esteve com representantes da Polícia Civil e da BH Airport (concessionária do aeroporto) para discutir medidas para o terminal. Outro encontro está marcado para a sexta-feira. O comandante afirmou que a sequência de ocorrências expõe a necessidade de reforçar o policiamento. Segundo ele, a PM já tem informações sobre os bandidos. A Polícia Civil investiga o caso, mas até o fechamento desta edição ninguém havia sido preso.
Clima de medo Ontem, o clima era de incerteza no terminal. “Trabalhamos todas com medo. Não tem segurança ou policial e os bandidos já perceberam essa facilidade. Ninguém toma providência. Se quiserem voltar, está livre para eles”, disse uma funcionária que não quis ser identificada. A colega dela, que também pediu anonimato, ressalta: “O aeroporto precisa de nós, do nosso trabalho. A administração sabe o que acontece e faz nada. A segurança circula somente dentro do aeroporto, mas esse espaço também é parte das dependências. E, visivelmente, não somos prioridade”.
O aprendiz Mateus Guilherme de Freitas Pereira, de 18 anos, trabalha no aeroporto e pega o ônibus à tarde, todos os dias. “Tem polícia, mas é pouco. Queremos segurança no terminal”, afirmou. O casal de empresários Rilda Machado e Fábio Pionzoni, ambos de 49, moradores de Arraial D’Ajuda (BA), ficaram chocados com o assalto. Ela é de BH e ele, italiano. “Num aeroporto internacional chega gente do mundo todo. Deveria ter até mais vigilância que em outros lugares”, afirmou Pionzoni. Para Rilda, essa fragilidade é chamariz para assaltos: “Os bandidos fazem isso, porque sabem que o efetivo é pequeno”.
A universitária Brenda Castro, de 20, acredita que, diante de tantas ocorrências, deveria ser implantado um controle maior sobre a circulação em Confins, até mesmo com revista de pessoas na entrada do terminal. “O que está ocorrendo demonstra a falta não só de segurança, mas de cuidado com quem circula e trabalha aqui.”
Por meio da assessoria de imprensa, a BH Airport informou que a responsabilidade pela segurança nas áreas externas ao embarque e desembarque cabe ao estado. E que o aeroporto dispõe de um centro de monitoramento eletrônico de vigilância, onde as imagens são registradas e disponibilizadas às autoridades para investigação. Ainda segundo a empresa, não há qualquer ocorrência que tenha relação com as obras, motivo pelo qual o monitoramento foi reforçado, sendo feito horas. A BH Airport acrescenta que Confins teve, em março, nota 4,32 em uma escala de 1 a 5 no indicador “Sensação de segurança nas áreas públicas do aeroporto”.
A empresa Unir opera no local desde 1984 e tem a linha executiva Conexão Aeroporto desde 2005. Os guichês de atendimento funcionavam dentro do terminal, mas desde o início das obras para a construção o terminal 1, há três anos, foram transferidos para um espaço provisório, na área externa, entre o estacionamento e a área do embarque e desembarque. “O fato de estarmos do lado de fora aumenta a exposição direta dos caixas, onde as pessoas veem que há dinheiro circulando. Outro ponto é que a localização facilita a fuga de bandidos em situações como essa”, afirmou o gerente comercial do Conexão Aeroporto, Murilo Sérgio Soares. Na avaliação dele, a segurança precisa melhorar. “O policiamento na área externa é frágil. É preciso ampliar o efetivo”, cobra.
Adiada por duas vezes somente neste ano, a mudança para o local definitivo – em um espaço na área interna do terminal – está prometida para segunda-feira. E a expectativa do gerente é de que o problema seja sanado. A transferência também havia sido cobrada pelo comando do 5º Pelotão de Confins, da 181ª Cia, do 36º Batalhão de Polícia Militar (BPM). De acordo com o comandante da unidade, tenente Leandro Leal, a estrutura hoje em funcionamento é precária e dificulta o patrulhamento, por causa dos muitos tapumes ainda usados nas obras. “Isso já foi alvo de questionamento meu e o aeroporto prometeu que até o fim do mês essa mudança para um local mais seguro seria feita”, disse. Ontem, em uma reunião de emergência, a PM esteve com representantes da Polícia Civil e da BH Airport (concessionária do aeroporto) para discutir medidas para o terminal. Outro encontro está marcado para a sexta-feira. O comandante afirmou que a sequência de ocorrências expõe a necessidade de reforçar o policiamento. Segundo ele, a PM já tem informações sobre os bandidos. A Polícia Civil investiga o caso, mas até o fechamento desta edição ninguém havia sido preso.
Clima de medo Ontem, o clima era de incerteza no terminal. “Trabalhamos todas com medo. Não tem segurança ou policial e os bandidos já perceberam essa facilidade. Ninguém toma providência. Se quiserem voltar, está livre para eles”, disse uma funcionária que não quis ser identificada. A colega dela, que também pediu anonimato, ressalta: “O aeroporto precisa de nós, do nosso trabalho. A administração sabe o que acontece e faz nada. A segurança circula somente dentro do aeroporto, mas esse espaço também é parte das dependências. E, visivelmente, não somos prioridade”.
O aprendiz Mateus Guilherme de Freitas Pereira, de 18 anos, trabalha no aeroporto e pega o ônibus à tarde, todos os dias. “Tem polícia, mas é pouco. Queremos segurança no terminal”, afirmou. O casal de empresários Rilda Machado e Fábio Pionzoni, ambos de 49, moradores de Arraial D’Ajuda (BA), ficaram chocados com o assalto. Ela é de BH e ele, italiano. “Num aeroporto internacional chega gente do mundo todo. Deveria ter até mais vigilância que em outros lugares”, afirmou Pionzoni. Para Rilda, essa fragilidade é chamariz para assaltos: “Os bandidos fazem isso, porque sabem que o efetivo é pequeno”.
A universitária Brenda Castro, de 20, acredita que, diante de tantas ocorrências, deveria ser implantado um controle maior sobre a circulação em Confins, até mesmo com revista de pessoas na entrada do terminal. “O que está ocorrendo demonstra a falta não só de segurança, mas de cuidado com quem circula e trabalha aqui.”
Por meio da assessoria de imprensa, a BH Airport informou que a responsabilidade pela segurança nas áreas externas ao embarque e desembarque cabe ao estado. E que o aeroporto dispõe de um centro de monitoramento eletrônico de vigilância, onde as imagens são registradas e disponibilizadas às autoridades para investigação. Ainda segundo a empresa, não há qualquer ocorrência que tenha relação com as obras, motivo pelo qual o monitoramento foi reforçado, sendo feito horas. A BH Airport acrescenta que Confins teve, em março, nota 4,32 em uma escala de 1 a 5 no indicador “Sensação de segurança nas áreas públicas do aeroporto”.
Memória
Ônibus na
mira de ladrões
O aeroporto de Confins está localizado no município homônimo, a 38 quilômetros do Centro de BH. O tempo estimado de viagem é de 50 minutos e, neste percurso, os ônibus do Conexão Aeroporto também já foram alvo de assaltos. Em junho de 2014, a Polícia Civil prendeu o último dos três suspeitos de integrar a quadrilha especializada em roubos aos coletivos, durante a Operação Conexão II. Para chegar ao trio, a polícia usou as imagens das câmeras de segurança dos veículos, além de quebrar o sigilo telefônico de alguns dos suspeitos. Foram registrados pelo menos 11 assaltos entre 2013 e 2014.
Ônibus na
mira de ladrões
O aeroporto de Confins está localizado no município homônimo, a 38 quilômetros do Centro de BH. O tempo estimado de viagem é de 50 minutos e, neste percurso, os ônibus do Conexão Aeroporto também já foram alvo de assaltos. Em junho de 2014, a Polícia Civil prendeu o último dos três suspeitos de integrar a quadrilha especializada em roubos aos coletivos, durante a Operação Conexão II. Para chegar ao trio, a polícia usou as imagens das câmeras de segurança dos veículos, além de quebrar o sigilo telefônico de alguns dos suspeitos. Foram registrados pelo menos 11 assaltos entre 2013 e 2014.