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Estado de Minas

Tremor de terra na Grande BH deixa moradores preocupados com o futuro

Possibilidade de eventos mais graves preocupa a população da Região Metropolitana de Belo Horizonte depois de sismo de 3,7 graus na Escala Richter. Epicentro foi em Esmeraldas, mas outras cidades próximas também foram afetadas


postado em 03/05/2016 06:00 / atualizado em 03/05/2016 07:19

Moradores de Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte acordaram ontem às 6h21 com janelas batendo, estrondos e uma movimentação diferente. O município foi o epicentro de um tremor de terra de magnitude 3,7 na Escala Richter, segundo medições do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (Obsis/UnB). Dos 34 abalos registrados em Minas desde janeiro, este foi o maior, e o quarto em todo o país. Apesar do susto tomado por quem o sentiu, o evento é considerado moderado por especialistas, que alertam ser impossível prever futuras ocorrências. O observatório da UnB propôs à Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) a instalação de uma rede de sismográficos na Grande BH. Mesmo não considerado grave, sem vítimas ou danos materiais significativos, o ocorrido deu o que falar e deixou moradores apreensivos, uma vez que pôde ser sentido a quilômetros de distância, nas cidades de Betim, Contagem e Ibirité, também na Grande BH.


A ocorrência dos sismos teria como causa uma falha geológica, de acordo com o professor Lucas Vieira Barros, do Obsis. Mas são necessários estudos para confirmar os motivos. Ele disse que ao longo dos anos já foram registrados diversos abalos em municípios do entorno da capital, como Pedro Leopoldo, Nova Lima e Betim. Na região, segundo o especialista, sempre ocorreram tremores de menor magnitude – normalmente 3 graus. “Mas abalos de 3,7, como o de hoje (ontem), também podem ocorrer com certa frequência”, diz. Ele afirmou que os tremores na região são resultantes de ações tectônicas provenientes do interior da Terra. “Isso indica a existência de uma zona de fraqueza ou de falha geológica na região, que precisa ser investigada”, alertou. Acrescentou não ser possível prever se outros tremores de maior intensidade ocorrerão ou não, mas garantiu que no Brasil não há terremotos acima de 5 graus.

O técnico do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) João Roberto Barbosa acredita que a falha geológica não esteja localizada em Esmeraldas ou Betim, especificamente, uma vez que os eventos são esporádicos. Ele se recorda que no início da década de 1990 houve pequenos tremores em Betim. “Seria necessário que as pessoas ouvissem mais barulho ou sentissem mais vibrações e, a partir daí, poderíamos fazer um trabalho com aparelhos na região. Isso possibilitaria fazer um estudo e saber se há uma pequena falha e se o tremor é produto dela, além do tamanho e de sua orientação.”

Barbosa reforça que a falha está no interior da Terra. “As placas tectônicas são formadas por diferentes camadas. E há lugares em que há trincas, afloradas em milhões de anos. Para nós, parece que nada está se mexendo, mas essas trincas, fissuras e contatos nesse atrito acumulam tensões”, relata. O técnico faz um paralelo: “De vez em quando, é como se um carro fosse deixado em um declive e, simplesmente, se puxasse o freio de mão. Em um declive forte, cria-se uma tensão forte, porque o veículo quer descer e o freio segura. A lona das rodas esquenta por causa do acúmulo de tensão, já que elas fazem cada vez mais força para segurar o objeto que tende a descer. Em algum momento, o carro começa a sair aos poucos, até que chega uma hora em que ele desce de vez, porque a lona não aguenta segurar o peso daquilo, por causa da tensão”.

HISTÓRICO Somente no mês passado, foram registrados 11 tremores em Minas Gerais. Em um único dia, em 6 de abril, foram cinco abalos que variaram de magnitude de 1,2 a 2,4 graus, nas cidades de Pedro Leopoldo (Grande BH), Cônego Marinho (Norte de Minas), Prudente de Morais e Sete Lagoas (Região Central do estado). Em Pedro Leopoldo, foram dois tremores, um de 1,2 grau e outro de 1,6 grau nessa mesma data. Em todo o país, foram registrados 117 abalos. Os mais fortes ocorreram São Sebastião do Uatumã (AM), Rodrigues Alves (AC) e São Caetano (PE), com magnitudes 4,1; 4,0; e 3,8, respectivamente.

 

Memória

Maior tremor em Minas causou morte

O maior tremor registrado em Minas Gerais ocorreu em Caraíbas, distrito de Itacarambi, no Norte de Minas, em 9 de dezembro de 2007. Na época, o abalo de 4,9 graus na Escala Richter foi responsável pela primeira morte por terremoto no Brasil. Uma menina de 5 anos dormia em casa com a família quando o imóvel desabou e a esmagou. Outras seis pessoas ficaram feridas. O tremor foi sentido também de forma mais leve na sede de Itacarambi e nas vizinhas Manga e Januária. Dezenas de casas ficaram danificadas.


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