Jornal Estado de Minas

População da região metropolitana relata como foi acordar com as vibrações do tremor

Quando os vidros das janelas da casa do aposentado Osvaldo Ribeiro, de 67 anos, e da dona de casa Marinalva Muniz dos Santos, de 64, no Bairro Jardim Petrópolis, em Betim, na Grande BH, começaram a bater, o casal ficou apavorado e preocupado com o que poderia acontecer. “Os vitrais sacudiram demais. Eu achei que era alguma máquina pesada, compactadora de asfalto, passando pela rua, porque quando tem esse serviço costuma dar o mesmo efeito”, afirma o aposentado, que correu para fechar as janelas que se abriram.



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“Eu saí correndo pela cozinha e falei com o Osvaldo para ir lá fora ver o que estava acontecendo. O toldo tremeu e eu achei que ia cair tudo pelo corredor; fiquei muito assustada”, conta Marinalva, que só descobriu que se tratava de um tremor de terra na manhã de ontem. “É verdade mesmo? Já tem tanto tempo que aconteceu isso aqui em Betim... Só que desta vez eu achei bem mais forte”, disse a dona de casa, enquanto brincava com a neta Yasmin, de 2 anos.

O aposentado Homero Rocha, de 65, passou boa parte da manhã sentado na varanda de casa, observando o movimento da Rua da Saudade, também no Bairro Jardim Petrópolis, e ouvindo de vizinhos as impressões que cada um teve sobre o tremor. “Eu estava meio sonolento na hora, mas pensei logo no pior. Há uns 15 anos houve outro aqui em Betim e a gente já ouviu falar que essas coisas são perigosas. Como não estamos acostumados, não sabemos o que pode acontecer”, afirmou. Na casa ao lado, o vigilante Sérgio José Araújo Teixeira, de 59, imaginou que ia cair uma tempestade. “Pensei que fosse um trovão. Que Deus ajude para que não aconteça de novo”, diz o morador de Betim.

A população do Bairro Jardim das Acácias também sentiu o tremor, que, segundo eles, durou de cinco a 10 segundos. O assunto no bairro foi o mesmo durante todo o dia. A fotógrafa Adriana Diogo, de 44, é dona de um estúdio e recebeu vários clientes comentando sobre o incidente. “Eu estava deitada na hora e ouvi o ruído de coisas tremendo. Acordei na hora e acabei dormindo de novo. Mas, como achei aquilo muito estranho e inusitado, fiquei pensando depois e com medo do que poderia ter acontecido se tivesse sido mais forte”, disse a fotógrafa. O vigilante Carlos Henrique Arruda, de 31, também estava dormindo na hora e sentiu as vibrações. “Fui ao sacolão de manhã e está todo mundo comentando. As sacudidas não chegaram a uma frequência muito grande, mas foi o suficiente para as pessoas só falarem disso”, contou Carlos.

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Betim foi a cidade de onde veio a maioria dos relatos registrados na internet sobre o tremor. Mas o sismo registrado pelos radares tanto da Universidade de São Paulo (USP) quanto da Universidade de Brasília (UnB) foi sentido também em Esmeraldas, epicentro do fenômeno, Juatuba e Contagem. O estudante Charleston Vinícius de Carvalho, de 18, estava em casa, no Bairro Petrolândia, em Contagem, quando ocorreu o evento. “A casa sacudiu e eu percebi mais pela cama e janelas, que bateram. Minha irmã de 11 anos ficou assustada. Minha mãe já tinha saído e me pediu para olhar se não tinha nenhuma rachadura na casa. Verifiquei, mas não achei nada”, conta ele.

Em Esmeraldas, o assunto foi o mesmo durante todo o dia, segundo o gerente administrativo de uma drogaria, Alessandro Sisani, de 34. Em sua casa, no Centro da cidade, ele diz que a vibração durou cerca de 10 segundos. “Estou com um bebê de 2 meses em casa e ele já tinha acordado. A gente imaginou que fosse um caminhão muito pesado ou um rolo compressor passando pela rua, mas o estranho foi que não tinha barulho de motor e depois parou”, conta. Ao descobrir que foi um tremor de terra, Alessandro refletiu sobre o fato. “Eu fiquei pensando se estaríamos preparados para dar conta caso fosse uma coisa muito mais forte, que causasse danos nas casas. Acho que não estaríamos.”