A Polícia Civil indiciou sete pessoas pela tragédia, entre diretores da Samarco e responsáveis por laudos técnicos da mina, por 19 homicídios qualificados. Porém, o inquérito está suspenso, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), até que o Judiciário decida se a competência pelo julgamento é do âmbito estadual ou federal. Ontem, a réplica do som de uma sirene voltou a ecoar na Praça da Sé, no Centro da cidade histórica, em protesto contra a falta do equipamento na Mina do Germano. Especialistas avaliam que vidas poderiam ser salvas se a empresa tivesse instalado um aparelho para ser usado em caso de alerta. A comunicação, lamentam parentes e amigos das vítimas, foi falha.
As manifestações contra o maior desastre socioambiental do Brasil começaram cedo em Mariana. Numa delas, fotos de algumas das 19 vítimas da onda de lama foram fixadas na entrada do salão onde ocorreu o seminário “O desastre da Samarco: balanço de seis meses de impactos e ações”. Duas das imagens eram de Emanuely Vitória, que tinha 5 anos, e Thiago Damasceno, de 7.
“A lição desse desastre é: será que acontecerão outros? Há avaliações de que outras barragens têm situação igual ou pior que a de Fundão”, alertou Léo Heller, coordenador do grupo de pesquisa de Direitos Humanos e Políticas Públicas em Saúde e Saneamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Especialista no assunto, o professor Bruno Milanez, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), recordou que, em um estudo em 2014, 27 barragens no estado não tinham garantia de estabilidade. Em outras 12 os auditores não conseguiram concluir se havia estabilidade. “Isso totaliza 39 barragens em risco. Temos de levar em consideração que a Barragem do Fundão, em 2014, foi considerada estável. Portanto, existe um risco real de novos desastres”.
TURISMO A prefeitura local aposta no turismo para amenizar a perda dos royalties (R$ 4 milhões mensais) que deixaram de ser pagos pela empresa por meio da Compensação Financeira pela Exploração dos Recursos Minerais (CFEM). Ontem, a Associação do Circuito Turístico do Ouro (ACO) lançou novos roteiros para fomentar a economia na região..