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Estado de Minas

Laboratório de reprodução humana do Hospital das Clínicas chega a 11 mil procedimentos gratuitos

São 200 inseminações artificiais e o mesmo número de fertilizações in vitro por ano


postado em 06/05/2016 06:00 / atualizado em 06/05/2016 07:54

Os pais Hissa e Aline com as gêmeas Júlia e Laura: sonho realizado (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )
Os pais Hissa e Aline com as gêmeas Júlia e Laura: sonho realizado (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )
Vinte mulheres que conquistaram o sonho de ser mães se reuniram com seus filhos na tarde de ontem para uma confraternização no único laboratório público de reprodução humana de Minas Gerais, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. Foi uma homenagem antecipada ao Dia das Mães e à marca expressiva atingida pela instituição: desde a criação do centro de tratamento, em 1988, já são 11 mil procedimentos gratuitos. Em média, são 200 inseminações artificiais e o mesmo número de fertilizações in vitro por ano. No ano passado, 48% dos procedimentos obtiveram sucesso.

Para alguns casais que sonharam durante anos com um filho, a felicidade chegou em dose dupla. É o caso da professora de geografia Aline Machado Maksud, de 33 anos, e do marido, o professor Hissa Maksud, de 42. Há seis meses, com ajuda do laboratório, eles ganharam as gêmeas Júlia e Laura. O casal descobriu em 2010 que teria dificuldade para engravidar e procurou ajuda no sistema público de saúde, entrando na fila de espera. Em janeiro de 2015, chegou a notícia da gravidez. “A espera na fila foi de dois anos e o meio para o tratamento. Na primeira tentativa vieram as gêmeas, nosso maior sonho. Fiquei duplamente feliz”, conta Aline.

Grávida de nove meses, a servidora pública Rebeca de Carvalho, de 35, conta os dias para o nascimento do filho Lucas. “É um processo tão longo que a gente passa até chegar aqui que, quando chega o momento, aquele resultado positivo, dá vontade de soltar foguete. Cada dia é uma alegria. Não dá para você explicar. Só entende quem passa pelo problema da gente”, disse ela, emocionada.

A servidora pública conta que a sua luta começou há quatro anos. “Fizemos algumas fertilizações in vitro particulares e não deram certo. Depois de três anos e meio na fila, fui chamada pelo Hospital das Clínicas. Os remédios, a tecnologia e a qualidade são os mesmos dos laboratórios particulares e deu certo. Nesse meio tempo, abrimos nosso coração e estamos na fila de adoção também. Mesmo com o Lucas, vamos adotar outra criança. Estamos aguardando o Rafael ou a Manuela chegar”, disse Rebeca.

A atendente de telemarketing Amanda Lúcia Bernardino de Souza, de 35, conta que esperou 12 anos por Gabrielle, de 1 ano e um mês, que chegou na terceira tentativa no HC. “Se não fosse no Hospital das Clínicas, eu não teria como fazer o tratamento em outro lugar. Ser mãe foi uma vitória na minha vida. Não tem preço”, disse Amanda. “Cheguei ao ponto de quase desistir, mas o meu marido não me deixou fraquejar. Minha filha é a prova viva da minha felicidade”, disse Amanda.

Os interessados no tratamento que realizou o sonho dessas mães devem procurar um Centro de Saúde da capital para avaliação e exames básicos. As pacientes com indicação são encaminhadas ao Posto de Atendimento Médico do Bairro Sagrada Família. Depois, vão para o Hospital das Clínicas. “O tratamento é gratuito. Infelizmente, o SUS não financia o hospital para esse tipo de intervenção, que é financiada com recursos próprios”, conta o subcoordenador do laboratório, o médico Francisco de Assis Nunes.

O casal paga apenas pelos medicamentos. “A gente emite a receita e eles vão a uma farmácia. A medicação custa entre R$ 3 mil e R$ 5 mil por tentativa, o que dificulta o acesso de muitos casais”, lamenta o médico. “Infelizmente, só conseguimos atender 20 candidatos por mês e a fila é de mais de 2 mil casais. O tempo de espera é de três a quatro anos”, completou o médico.

Nesses 28 anos de laboratório, Francisco disse ter perdido a conta de quantas crianças ajudou a colocar no mundo. “Se tivesse sido apenas um bebê, eu faria 11 mil vezes para conseguir. É muito bom o sorriso dessas crianças e a alegria das mães”, disse o médico. Pai de dois filhos, ele disse se sentir também pai de cada menino e menina que ajudou a nascer. “Deus está lá em cima. Ele é quem manda. Se Ele mandar, vai acontecer. A gente ajuda no que está ao nosso alcance”, disse Francisco, emocionado.


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