Na tarde de ontem, muita gente se encantou ao olhar para o alto e notar também as palmeiras imperiais que emolduram a arquitetura, agora com os contrastes entre o passado de cor pálida, bege, e o presente em tons vibrantes. Segundo padre Nelson, as obras começaram em 2010 e já consumiram R$ 3 milhões oriundos da campanha comunitária, sem contribuição financeira de órgãos públicos municipal, estadual ou federal. “Podemos dizer que esta é a segunda fase da segunda etapa”, disse o religioso. A primeira se refere ao interior da igreja, entre 2010 e 2013, e a segunda, em 2014, com a recuperação da fachada. Naquele ano, foi também restaurada a capela interna, chamada de Oratório.
Depois de rezar na igreja, a artista plástica Carolina Fernandes, moradora do Bairro Coração Eucarístico, na Região Noroeste, se mostrou satisfeita ao admirar o novo visual e presenciar o recomeço desse projeto de beleza. “Gostei de ver o acabamento do serviço, vê-se que é feito por profissionais. A qualidade do trabalho é muito boa”, afirmou. A especialista Maria Regina Reis Ramos, do Grupo Oficina de Restauro, responsável pela obra desde o início, disse que o projeto contempla mais uma etapa, como previsto. Maria Regina, que considera a São José a igreja mais bonita de BH, contou uma curiosidade, segurando um postal de uma catedral da Basileia, na Suíça, de onde acaba de chegar: “Fiquei impressionada, pois os granitos da igreja são iguais aos da São José. Aliás, como outras igrejas da Europa”. Todas as intervenções foram aprovadas pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte.
CONTRASTE As paredes laterais vão seguir as linhas da fachada, com as cores originais vermelho, laranja e cinza, que seguem à risca o projeto feito por Edgard Nascentes Coelho, em maio de 1901, quando a capital ainda se chamava Cidade de Minas. A parte interna já concluída é um atrativo a mais para o patrimônio interior. Recebendo a visita diária de tanta gente – no domingo, passam pelo templo cerca de 5 mil –, a Igreja de São José resgatou a luminosidade interna com um trabalho artístico esmerado de restauro. As pinturas parietais – feitas diretamente nas paredes e teto, sobre o reboco, grande moda em BH no início do século 20 – consumiram dois anos de trabalho, entre 1911 e 1912, e encantam moradores e visitantes, independentemente da religião.
Considerado o maior conjunto desse tipo de ornamentos em igrejas da capital, o interior da matriz reúne uma variação de motivos religiosos e alguns pagãos: há figuras de 28 santos, de um lado os homens e do outro as mulheres; o patrono da matriz no alto do arco-cruzeiro, com a inscrição Rogai por nós; os evangelistas; painéis mostrando José do Egito, que não tem nada a ver com o pai adotivo de Jesus, sendo vendido pelos irmãos e depois em sua volta triunfal; Nossa Senhora ao lado dos apóstolos; e até os símbolos do zodíaco que, para os religiosos, representam constelações. A decoração pictórica de São José foi feita pelo alemão Guilherme Schumacher, entre 1911 e 1912.
TEMPLO DE HISTÓRIAS
1900
Em janeiro, é criada a Paróquia São José
1902
Em abril, ocorre o lançamento da pedra fundamental
1904
Templo é liberado para celebrações
1907
Término da obra interna da igreja
1910
Conclusão das torres e da pintura do batistério
1911
Instalação do relógio e sino
1911/1912
É feita a pintura interna da igreja
1928
Fachada e laterais perdem a cor original e ganham a cor bege
2010 a 2013
Restauração do interior do templo, com início no coro
2014
Projeto de recuperação da fachada entra em execução
2014
Em dezembro, é reinaugurado o Oratório, capela interna da igreja
2016
Começa o restauro da parede lateral direita, ao lado do Salão Paroquial